31.12.09

INÚTEIS, EM SUMA


No Expresso, Miguel Sousa Tavares - que recuperou alguma tramontana depois do forte ataque de "socretinice" de que padeceu até às eleições legislativas de Setembro - fala em década inútil. Não necessariamente aqui onde a inutilidade, salvo escassas intermitências históricas conhecidas, faz lastro desde praticamente o "nascimento da nação". O século XIX terminou no fim da primeira década do século XX com a 1ª guerra mundial. O século XX terminou mais cedo, no mês de Setembro de 2001 sem que, no entanto, o "novo" tivesse começado. As guerras do século XX tinham nomes, lugares e lideranças conhecidos, para o melhor e para o pior. O terrorismo do século XXI e os poderes "democráticos" tipicamente não têm nada disto. Entrámos numa era sem nomes, sem lugares e sem lideranças. Nem amigos nem inimigos têm propriamente rosto. O ser humano comportou-se ao longo destes dez anos como uma anémona. Até nas guerras anteriores havia uma certa ideia de honra, de nobreza e de lealdade. Nada disso existe mais, privadamente ou em público. Tudo é igual e tudo e todos aspiram a ser iguais a todos. Inúteis, em suma.

5 comentários:

radical livre disse...

escolheu bem anémona por ser tóxica por contacto.

esqueceu o "polvo" com milhões de braços e tentáculos vorazes.

alguém dizia há anos sobre a globalização:
«todos a comer o mesmo
tudo a saber ao mesmo»

um poeta dizia:
«este país, enquanto se alivia,
manda-nos à mãe, à irmã e à tia»

vamos ter um ano "fudido"

Unknown disse...

O seu comentário é certeiro - mas só se aplicado ao chamado "Ocidente", creio.
Ora o Mundo é mais vasto - e existem nomes , se bem que alguns (quase)impronunciáveis.

joshua disse...

Sem ofensa para a anémona!

Nuno Castelo-Branco disse...

Depende do ponto de vista. Em 1916, lamentava-se a "honra perdida" nos campos de batalha, agora súbditos da industrialização que não via corpos nem caras. Em 1943, diziam exactamente o mesmo o bando do Eixo e o bando dos Aliados, lamentando os grandes heróis da I Guerra Mundial, "gente de honra e com um sentido dos tempos da cavalaria". Enfim, vamos recuando à Guerra Germano-Francesa de 1870-71 e por aí fora, até ao Bonaparte, quando a massificação imposta pelo exército que passa a ser nacional, leva à perda da etiqueta até então observada nos campos de batalha.
É sempre assim, falamos sempre nos áureos tempos perdidos, esquecendo muitas outras coisas.

Nuno Oliveira disse...

Eles comem tudo e não deixam nada...