Sob o manto branco daquilo a que os antigos chamavam Inverno, terminou a Cimeira de Copenhaga. Claro que estas semanas foram especialmente profícuas na criação de muito cientista eventual. Eram muito giros com as suas apresentações pomposas. «Eu sou um céptico em relação às alterações climáticas», disse ontem João Pereira Coutinho no A Torto e a Direito. Obviamente, João Pereira Coutinho, bem como muitos outros – apenas lhe peguei, coitado, por causa daquele poderoso statement – fartaram-se de queimar as pestaninhas nas bibliotecas americanas, estudando registos e teorias. Suponho até que um ou outro tenha ido ao Antárctico ver os cilindros de gelo. Mas não são só os autoproclamados «cépticos» a divertir-me. São também os outros. Aqueles que dizem que, realmente, isto antigamente não era assim. Que só não vê quem não quer. E, e esta é a maior pérola no meio da discussão, mesmo que não haja alterações climáticas, é bom, muito bom, avançar com as reduções disto e daquilo porque «mal não faz». Como se o dinheiro nascesse das árvores ou se fizesse com um divino mandamento.
Pode ser que com o fim da cimeira, com as risadas à conta da neve, e sem grandes acordos feitos, os nossos cientistas eventuais fiquem caladinhos, sem se intrometer em campos que não são os seus. É que a ciência, aquela que não leva aspas, ainda não é feita nos gabinetes de estudos dos partidos nem decidida por sufrágio. Uma pena, eu sei, mas é mesmo assim.
16 comentários:
Com aquele inglês que já teve oportunidade de mostrar e que ainda é pior que o espanholês ou o francês de Lisboa de Mário Soares, um farsante qualquer não lê nem uma página das aventuras do Tom Sawyer, quanto mais um coisa destas.
Longe de mim esse tipo de pretensiosismo, Tiago. No entanto, o que todos podemos observar, é o que pelo mundo vai de sujidade nos rios, destruição dos centros urbanos, degradação e abandono do mundo rural, destruição da floresta e da vida animal. Tudo isto não são suposições. É a realidade a que temos de dar remédio.
estudei alguma coisa sobre o assunto durante o liceu e fac.
fico estarrecido do que ouço.
da glaciação de há 30 mil anos encontraram dente de mamute nas fundações do liceu Camões.
o universo é dinâmico
o socialismo é estático
se pudessem alteravam as estações
ou plebiscitavam o local dos trópicos
destas vozes diria
flatus vocis ou som do peido
O autor do livro cuja capa encima a coluna à direita neste blog sustentou na sua epistomologia que uma teoria está permanentemente a ser testada não podendo nunca almejar a fornecer "certezas". Apenas pode ser, em definitivo, refutada quando perder a sua capacidade explicativa não resistindo à prova dos factos.
Portanto, sempre que ouço ou leio, algo como "science is settled" a desconfiança é imediata e não é de ciência que quem sustenta tais afirmações está a tratar.
Deste modo, num assunto que nos afecta a todos, que tem a ver com a eventual reafectação de recursos, em grande escala, com os níveis de qualidade de vida, não nos podemos dar ao luxo de deixar este assunto para os cientistas.
Quremos ouvir o que os também cientistas discordantes do suposto mas falso "consenso" têm para dizer e indignamo-nos quando os mesmos são alvo de um silenciamento sepulcral nas imprensas e televisões. Por exemplo, ouvimos e lemos, abundantemente, Viriato Soromenho Marques. Mas uma voz discordante, da estatura de um Delgado Domingos, é silenciada para os confins de um artigo na edição online do Expresso e vilipendiada na blogoesfera.
Não é preciso ser-se especialista para ouvir as partes e cada um de nós decidir qual a tese que não lhe parece errada.
Ou estará a defender que, por exemplo, devemos deixar a política económica para os economistas?
"Há dois anos que não uso o sobretudo. Só pode ser o aquecimento global!" dizia há dias o cientista Miguel Sousa Tavares na TVI.
Eduardo F.,
A epistemologia de Popper não é tão simples como diz, mas não vamos discuti-la numa caixa de comentários.
Quanto ao assunto do post. O Eduardo F. pode investigar à vontade, pode acreditar no que quiser. Aliás, até pode criar um blogue com os seus pensamentos. O que não evita é o ridículo, caso não entenda o assunto sobre o qual tece considerações. A ciência é deixada aos cientistas e a política aos povos. Se a política quer fazer bom uso da ciência ou, simplesmente, manipulá-la, a culpa é do povo. Agora, independentemente de tudo isso, não há democracia na ciência.
E não, não há democracia na Economia. Quanto à política económica, essa, é deixada ao povo que, amiúde, se engana.
A mim este frio só me lembra o aquecimento global.
Tiago Moreira Ramalho,
Grato pela insuficiência que me apontou na linha e meia que dediquei à epistemologia de Popper que, naturalmente, não é tão simples (tão vulgarmente simples...) como apontei. Teria sido uma boa oportunidade para contribuir um pouquinho para o seu conhecimento. Ou será que também acha que Popper é demasiado complexo para o o homem comum entender?
E desde quando é que eu afirmei que a ciência é democrática? Seja ela a climática seja, por exemplo, a económica. Ou a política? O que é que a democracia tem a ver com o que se discute aqui?
O ridículo que me aponta devolvo-o à procedência que é o "ridículo dos cientistas", que são esmagadoramente honestos como em qualquer profissão mas que também os há vigaristas e aqueles que, à boa maneira totalitarista, tentam silenciar toda a opinião divergente.
O que no seu post afirma e na resposta ao meu comentário repete, é que o cidadão que se quer informado (amalgamado por si no "povo") nada tem a dizer, nem sequer o direito à opinião quando pretende interferir quanto às escolhas básicas, naturalmente políticas, que decorrem da actividade científica.
Ou será o TMR excessivamente novo para não saber que Nixon, em 1972, recebeu uns relatórios de alguns renomados cientistas prevenindo-o para o eminente perigo que anteviam quanto à nova idade do gelo que aí vinha?
O sr. Tiago Ramalho perdeu uma boa oportunidade para não "postar" e também para não ripostar. Sobre Climatologia e fraudes no embuste do Aquecimento Global o Engº Rui Moura vem pacientemente esclarecendo para leigos e não leigos as principais questões sobre a temática.
Caso esteja interessado aqui fica o endereço do seu blog; http://mitos-climaticos.blogspot.com
Eduardo F.,
Popper não nega a possibilidade de «certezas». Ele apenas apresenta um outro critério para a definição de teorias científicas (sim, o da falsificabilidade, por oposição ao da verificabilidade).
Quanto ao resto, o Eduardo deixa a entender com «Ou estará a defender que, por exemplo, devemos deixar a política económica para os economistas?» que a ciência, tal como a política económica, deve ser deixada aos decisores políticos. Não pode. Lá está, se os decisores políticos quiserem decidir independentemente da ciência, é com eles. O povo é quem mais ordena e tal. Agora, não convém que se democratize a ciência desta forma. Hoje em dia há milhares de pessoas que nunca estudaram climatologia e que têm certezas inabaláveis sobre toda esta questão.
Nuno C.,
O senhor também perdeu uma bela oportunidade para não «comentar». Eu conheço o blogue de Rui Moura. Não o frequento do mesmo modo que não frequento lugares de divulgação da tese oposta. O motivo é simples: não sou capaz de ajuizar sobre quem tem razão. Há uns dias, Rui Moura disse na televisão que o Clima é independente das emissões. Bom, outros dizem que não. Acreditar na palavra de Rui Moura tem tanto de sensato como não acreditar (isto para um leigo, como eu, claro).
Cumprimentos aos dois.
Com tanta presunção, o TMR ainda rebenta.
Olhe, não conte comigo, tenho mais que fazer.
Ficámos esclarecidos. Eu, o Tiago Moreira Ramalho e os demais leitores destes comentários.
Cumprimentos.
Sr.Tiago Ramalho
A sensatez de que fala pode ser aferida quando se compara os factos que Rui Moura divulga, comenta e sobre os quais faz opinião e o eticamente suicidário comportamento, que muitos miseravelmente desvalorizam ou mitigam, subjacente ao Climategate!
Se quiser formar opinião, apesar de parecer pouco interessado, sugiro-lhe que veja o “Sociedade Civil” de 22-9-2009 em que Francisco Ferreira da Quercus, Filipe Duarte Santos, professor da Faculdade de Ciências, Delgado Domingos, professor da IST e Rui Moura debatem o “Aquecimento Global”. O debate propriamente dito, começa aproximadamente a partir do décimo sétimo minuto e o endereço é; «http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?pagURL=arquivo&tvprog=23283&idpod=29884&formato=flv&pag=arquivo&pagina=0&data_inicio=2009-09-21&data_fim=2009-09-25&prog=23283&quantos=10&escolha=»-
Cumprimentos.
Tiago, a leitura do Oakeshott tem-te tirado tempo para ler outras coisas, com certeza. Diversifica a leitura ou, em alternativa, consulta os termómetros ou persegue uns rabos de sai. Faz falta também.
Um abraço
P.S Podia argumentar mas dado o tom do post não acho que te convencesse.
Por azar vim encontrar aqui o senhor Nuno C. com o mesmo discurso que deixou no meu blogue. E tal como antes, começa logo por falar na oportunidade de postar e tal... Nota-se que continua a discutir ideias, como quando se despediu deixando-me com a minha "religião". Mas vamos às ideias. Do Eng. Rui G. Moura, o tal que não admite contraditório no seu blogue.
No debate que indica, o mencionado engenheiro chama mentiroso com todas as letras ao Francisco Ferreira; admoestado, ainda tem o desplante de dizer que não é ataque pessoal, é a verdade.
Sobre Filipe Duarte Santos (um cientista com obra publicada e sujeita a arbitragem), no blogue Mitos Climáticos, as ideias que discute: "profeta", "alarmista", "foro da astrologia" (astrólogo?), "aquecimentista", "mentiroso", "warmer", "futurólogo", "fantasista", "falta de conhecimentos" (ignorante?), "comediante "científico"", "intrujão", "sessão de magia" (mágico?), "terrorismo climático" (terrorista?), "charlatão" (nacional em oposição a Al Gore, internacional e não cientista), "inenarrável", "sr." (é professor catedrático, é o mesmo que chamar o Sr. Silva na Madeira), "lamentável representante de Portugal no IPCC". Isto ainda deu trabalho, não esperava tantas ideias. Trata assim as pessoas e ainda se queixa que não participem nos debates com ele.
O Tiago Moreira Ramalho interessado minimamente por este assunto, julgo que lucraria mais em ler revistas científicas prestigiadas. Senão, não se preocupe. Do protocolo de Quioto, resultou um aumento de emissões global de 29%. É escusado tanto barulho, tanta atoarda. Está tudo bem. -- JRF
Nuno C.,
Obrigado. Vou ver o programa.
Helder,
És, acaso, climatologista?
Cumprimentos aos dois
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