17.12.09

AUMENTEMOS A PARADA

Está decidido que o Salário Mínimo Nacional vai aumentar. O aumento não é francamente significativo. No entanto, numa norma que nem devia existir, o aumento é absurdo.
Em primeiro lugar, a própria existência de um salário mínimo é destituída de sentido. O Estado impõe que determinadas actividades têm de valer mais que aquilo que efectivamente valem, numa suposta medida de apoio social em que a caridade é empurrada para o patronato. Facto que interessa pouco, porque os empresários são, na mente bolchevique de alguns senhores, todos uns ladrões, pelo qualquer ataque que lhes seja feito é bem-vindo.
Além disso, um aumento do Salário Mínimo cria mais desemprego. Felizmente a fase negacionista já passou e até João Proença admite que o desemprego pode subir. Mas isso também interessa muito pouco, que o desemprego nem está a atingir níveis históricos nem nada que se pareça.
Com tudo isto, alguns senhores exigem que o Salário Mínimo Nacional suba para os seiscentos euros. Confesso que me daria uma alegria imensa viver num país em que ninguém vivesse com menos do que aquilo que se pode comprar com esse valor. Teríamos uma sociedade, ouso dizê-lo, próspera. No entanto, a riqueza não se cria por decreto, como alguns senhores pensam. Aquilo que não me cabe na cabeça é como é que tais senhores, que vêem o mundo pelo seu prisma revolucionário e inconsequente, não pedem um Salário Mínimo superior. Pedir por pedir, impor por impor, que se imponha coisa melhor. Comecemos nos dois mil?

16 comentários:

Anónimo disse...

Quem escerve sem se rir que a existência de um salário mínimo é uma coisa em que a caridade é empurrada para o patronato não obedece aos mínimos.

Na realidade, é justamente ao contrário. A não existência de um salário mínimo e o valor que ele tem actualmente torna é os trabalhadores verdadeiros filantropos dos patrões

São os trabalhadores que sustentam à sua custa (com um rendimento que apenas lhes assegura a sobrevivência mais vegetal e a inamobilidade na pobreza eterna e inamovível) as empresas de baixa-valia dos patrões.

O resto é conversa.

Tiago Moreira Ramalho disse...

Mas quem é que lhe disse que eu não me estava a rir?

Esta malta tira umas conclusões que não lembram ao diabo...

Anónimo disse...

Acha que tira? Eu tenho a certeza que quem diz aquilo só pode mesmo estar a rir-se. Eu é que não lhes acho piada nenhuma.

radical livre disse...

«parada da paródia»

sts disse...

Estou disposto a trabalhar por um soldo de 125 euros.

Anónimo disse...

Perfeito, e como se não bastasse as empresas serem de baixo valor-acrescentado, ainda tem ser o estado a subsidiar-lhes o aumento mais uma vez recorrendo aos depauperadíssimos fundos da segurança social.

No fundo, filantropos são os trabalhadores com salário mínimo e os reformados (os de agora e os vindouros) que lhes vão subsidiando a mama.

Anónimo disse...

Eu também acho que viver hoje em dia, com menos de 2.000, para uma família de 4 é um verdadeiro mistério... Portanto, carrega palhaço sokas: 2.000 de salário mínimo. E 1.000 de pensão mínima, claro! Que os velhotes também têmn direito a uma vida digna!

Se os empregos desaparecerem ainda mais rapidamente e o estado ficar sem $$$ para as pensões, logo se vê...

PC

Daniel Santos disse...

"O Estado impõe que determinadas actividades têm de valer mais que aquilo que efectivamente valem, numa suposta medida de apoio social em que a caridade é empurrada para o patronato."

Deves estar a brincar, não deves?

Actividades têm mais valor do que aquilo que valem?

Deves estar a brincar, não deves?

mfranco disse...

realmente se todos os desempregados tivessem q aceitar trabalhar por 50euros por mes, certamente a sonae e a pt absorveriam todos os desempregados sem problemas

Unknown disse...

Já tinhamos percebido que o desemprego não o preocupa. Ainda bem que o assume. Fica tudo mais claro.

Miguel Marujo disse...

Tiago, o aumento decidido já estava decidido há dois ou três anos. O patronato é que tentou agora acabar com essa caridade. Mas de futuro, tente viver com 450 euros. Não dói e dá para rir.

Manolo Heredia disse...

As micro-empresas empregam uma brasileira por 300 euros a qual não desconta para nada. O patrão está-se nas tintas para o salário mínimo.
As mini-empresas empregam 5 moldávos, que não descontam para nada, e 1 português que ganha o salário mínimo e faz descontos, e por isso substitui o patrão quando ele vai às compras. O patrão, por ser patrão, tem um BMW série 3, no nome da empresa, que custa 500 euros por mês. Diz ele que não troca por um Renault Megane (que custa a terça parte), porque é patrão, por questão de prestígio.
As médias-empresas têm 30 trabalhadores a ganhar o salário mínimo e a descontar. O patrão, a mulher e os dois filhos têm cada um o seu carro, Mercedes série S, Passat, e 2 Golf, todos no nome da empresa, em leasing, como se fossem equipamentos produtivos. Mais viagens, jantaradas etc.
Como pode esta gente aceitar um aumento de 25 euros no salário mínimo?

Anónimo disse...

Francamente mau.

Unknown disse...

Andar de madrugada a apanhar o seu lixe não merece mais que 475€? é por estas opiniões de 5 categoria que a direita perde sempre em Portugal. Não sejas parvo e não te armas aos cagados...

samuel disse...

"a própria existência de um salário mínimo é destituída de sentido"

Que triste! Realmente... como é que alguns poderão dar valor a uma quantia que podem estoirar numa almoçarada ou numa noitada?

Anónimo disse...

Aplaudo escritas como estas porque sei que um dia destes um parolo como você estará num governo juntamente com mais 5 ou 6 da sua laia e então talvez, talvez haja a oportunidade de se fazer alguma coisa! Que como deve imaginar é ver os seus miolos numa parede. :)