«O Papa chamou parte da hierarquia a Roma e, talvez devidamente esclarecido, o próprio cardeal-patriarca de Lisboa resolveu reconhecer uma certa "negatividade" na catolicismo indígena. Que espécie de negatividade? Inadaptação da Igreja ao tempo, deficiências na formação dos padres, má proclamação da "Palavra de Deus". Sem cânticos, nem homilias de "qualidade", por exemplo, a juventude acha a missa uma "seca" - como se o fim da missa consistisse em a divertir. De qualquer maneira, nada disto conta. Uma fracção importante dos fiéis pensa (e sempre pensou) que o problema é a natureza "retrógrada" da Igreja em matéria de género e de sexo. Por outras palavras, na doutrina sobre a homossexualidade e nos limites que o Papa põe e reitera ao papel institucional da mulher. Os "reformadores" exigem que a Igreja acompanhe o século (sem perder, evidentemente, o "núcleo da sua mensagem") e sonham com uma Igreja democrática e conciliar. Quem leu Ratzinger, como cardeal e como Papa, sabe que ele nunca aceitará essa aventura. Para ele, qualquer cedência diluirá a "mensagem" (e não só o seu "núcleo") e, tarde ou cedo, provocará um cisma.» Isto escreve Vasco Pulido Valente hoje e eu assino por baixo. Há mais de trinta anos que Ratzinger advertiu a Igreja para se preparar para viver em minoria, para maus tempos, para as "aflições" de que fala João (16:33). Por isso, valorizo mais o "pacto com Deus" (mencionado nas palavras seguintes de Alexandre O' Neill) do quaisquer manifestações de "vulgarização" da "mensagem " que a diluem, como espuma, na futilidade e na inutilidade do quotidiano da transigência videirinha. «O exílio interior pressupõe um corte total com os meandros por onde se movimentam os chamados carreiristas, sempre prontos à transigência. O exílio interior pede uma grande força de ânimo (e um nojo não menor), a alimentação constante de um ideal, um amor sem limites à verdade, o afrontar corajoso de uma envolvente solidão, um elevado espírito de sacrifício. O exílio interior tem algo parecido com a atitude mental dos místicos: o abandono dos pactos com este mundo mundanal para a preservação de um único: o pacto com Deus.»
16 comentários:
não sou crente. sou pedreiro-livre tolerante. o Cardeal Patriarca de Lisboa possibilitou a minha instalação em Roma e o meu acesso aos documentos do Vaticano.publiquei os estudos. tive oportunidade de ver a Igreja por dentro.
muito mais democrática e fraternal que a republiqueta laica e socialista de portugal.
tive oportunidade de refletir que qualquer abertura ao poder temporal é como abrir a caixa de pandora.
não se fazem concessões aos principios quaisquer que sejam.
os cães ladram ... a caravana passa
radical livre
Pois!
Bom Post,todos os Estados têm os seus problemas, e o Vaticano não é diferente dos outros!
Ou será?
Trata-se, caro, da forçosa radicalidade dos filhos de Deus. Procurai-o de todo o coração, advertia Paulo, orai sem cessar, o mesmo lembrava. Neste retorno da pos conciliar utopia da salvação do mundo e da assumpção da comum mundanide às catacumbas dos «foragidos» a Igreja tem pela frente árdua caminhada até à parusia... «galinha» chocando o
ovo do sonho a acalentar sob asas suas amigas «o resto» qual novo sol que tarda a esclarecer manhã. Quase eterna antemanhã da vida em que hoje nos achamos. E os débeis sinais de luminosidade são tão só esbatidos pelo fragor da babárie reinante e sen rei nem roque, difíceis tempos, mas esperançosos tempos, MAS «A Deus o que é de Deus» (o inteiro coração, direi por mi.)
Curioso. Inesperado aqui.
Indeed it is the only honorable pact, the one for life eternal.
Quanto à homossexualidade estou totalmente de acordo. Agora quanto ao casamento, e essa imposição que querem fazer na sua manutenção, a bem ou a mal, apenas pela aparência de uma família, falsa não raras vezes, tenham a capacidade de admitir que a felicidade não se prende com esses dogmas inadequados à realidade.
Mais vale a substância do que o cinismo da forma!
Para o Anónimo
Fico muito feliz por si!
Não conhecia essa faceta magnânima do Srº Embaixador do Estado do Vaticano(vulgo Cardeal Patriarca)
Nem sabia que era uma Democracia!
Falta de cultura minha,presumo!
É curioso,mas não consigo encontrar nos Evangelhos qualquer condenação da homossexualidade,nem referência à obrigatória secundarização da mulher na prática litúrgica.No Pentecostes,Maria não estava presente? Mas dado que os ilustres sábios V.P.Valente e J.Gonçalves conhecem certamente muito melhor os Evangelhos do que eu,agradecia que esclarecessem este simples curioso e maravilhado com tanta determinação dogmática.
Eu também nunca consegui!
Mas os Papas,conseguiram sempre.
Pessoas iluminadas,só pode ser não acha anónimo?
Caro Anónimo
Vamos ficar por aqui?
Claro que sei que foi ao meu perfil, e não só!
Só lhe peço que não me subestime,nem a mim , nem a outras como eu , que vão à Cimeira de Davos e são ouvidas respeitosamente!
Sharon Stone?
E é claro que você é crente , meu caro Anónimo Maçon,não me diga que despediu o Grande Arquitecto do Universo!
Como anónimos há muitos,esclareço que sou o das 2:33 a.m.,e que não fui visitar nem manipular qualquer perfil. Continuo é à espera das bases evangélicas das condenações e dos dogmatismos dos Valentes-Gonçalves. Cristo no seu tempo não era conservador nem dogmático, e bem atacou os Fariseus,os "bem pensantes" tradicionalistas da época.A Sua mensagem era outra coisa que não o estéril respeito pelas convenções anquilosadas.Até,para escândalo dos dicípulos conservadores,conversava com prostitutas,samaritanos,e tutti quanti,contra o que os drs. Valentes e Gonçalves da época certamente se insurgiriam em nome dos antigos pricipios. Esperemos que hoje venha a triunfar o espirito da missão de Cristo,e não o dos Sumos-Sacerdotes que O mandaram matar em nome da Tradição.
Pois é esse mesmo o problema!
Eu não sou Anónima,e não entendo qual o problema das opiniões de homens lúcidos,como os Drºs Valentes e Gonçalves,ou pensa caro anónimo que tais pessoas não existiam na época?
Quem pensa você que era Cristo!
Caso o severo Dr.Gonçalves permita a continuação do diálogo,cara Karocha,deixe-me só dizer-lhe: pelos vistos não me fiz compreender,pelo menos por si,e a culpa é certamente minha. Assim recomendo-lhe vivamente que leia ou releia o capitulo dos "Irmãos Karamazov" intitulado "O Grande Inquisidor". Trata-se das mais notáveis páginas da Literatura,e coloca das mais inquietantes interrogações. Talvez então veja de que lado estão,mesmo sem se aperceberem totalmente,os lúcidos drs. Valentes,Gonçalves(e aliás muitos outros).Obviamente do lado do Grande Inquisidor,para quem a aparição de Cristo em Sevilha não podia ser mais incómoda e indesejável. O Ivan Karamazov explica tudo claramente ao Aliocha,e tambem lhe explicará a si,e então verá que a linha que vai dos fariseus e Sumos-Sacerdotes aos Grandes Inquisidores e depois aos Valentes-Gonçalves é contínua e adversa ao que penso ser a mensagem e a atitude de Cristo tal como narradas nos Evangelhos,mais inclinados para a absolvição do que para a condenação,e para o amor do que para o ódio.
Caro anónimo
Não me estou a furtar a este debate,estou em plena mudança de casa e como leitora compulsiva,que sou e sempre fui,tenho as pilhas de livros todos encaixotados!
Avive-me a memória, para continuarmos este excelente debate, se não for muito incómodo claro!
PS.A censura já acabou há muito.
Cara Karocha
Em primeiro lugar,a censura não acabou,pelo menos nas caixas de comentários dos blogs,o que até é relativamente compreensivel a fim de evitar insultos,delírios,etc. Mas com o Dr. Gonçalves,mesmo sem insultos nem delírios(suponho) já tive alguns comentários censurados,nomeadamente quando saí em defesa de pessoas que respeito pessoal e culturalmente,como o João Bénard da Costa e o L.Miguel Cintra. Mas passemos os azedumes do Dr.Gonçalves,que por enquanto nos alberga,pensando provavelmente "Quousque tandem"... Como o espaço disponivel não é infinito,e gostava de não me substituir ao pobre Dostoiewski,que tão genialmente condensou a problemática da tensão entre a mensagem dos Evangelhos e a dogmatização e "mundanização" da Igreja,e enquanto não volta ao convívio dos seus livros para ler o texto integral,vá à Net e procure em " Grande Inquisidor". Alem do Schiller(cujo D.Carlos inspirou o Verdi e o próprio Dostoiewski)encontrará muitas referências e alguns estudos de qualidade.Depois de "desembalar a sua biblioteca",para o que espero se sirva do textozinho delicioso do W.Benjamin sobre o assunto,voltaríamos a falar eventualmente sob a tutela do Grande Inquisitore dr.J.Gonçalves.
Caro Anónimo
O J. Gonçalves não é o torquemada, nem inquisidor.
Tem um blog e corta o que não gosta,pode ser complicado mas como dizia o Churchill é o que temos!
Quanto a inquisidores,se você soubesse a História da minha vida, diria logo "O J. Gonçalves e o Valente são o óptimos"
Torquemadas tenho eu tido toda a minha vida e não se chamam João Gonçalves!
Vou pesquisar!
Obrigada João Gonçalves por me deixar falar e opinar, pois em muitos Blogs nem põem os meus comentários, sou Persona Nom Grata!
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