6.7.08

O JURAMENTO



Mário Soares, o presidente-rei, nunca gostou do plebeu Cavaco Silva, primeiro-ministro. Não descansou enquanto, antes de terminar o seu solar mandato, não deu posse a um governo socialista. Para o fim, realizou uma "presidência aberta" em Lisboa e arredores para a qual arrastou a imprensa e as televisões e onde "revelou" ao país e ao mundo que, afinal, o "desenvolvimento" ainda estava cheio de excremento na sola dos sapatos, exactamente, aliás, como está hoje. Depois retirou-se, grave, para Belém onde, com mais dois ou três cortesãos, prosseguiu a "conspiração" para "tramar o gajo". Ao contrário de Soares, Cavaco tem a vantagem de fazer contas, algo que sempre incomodou o amigo de Chávez que, erradamente, trata o actual PR como um vulgar contabilista e nunca como um político. Cavaco, todavia, é mais de "boas contas" do que de intrigas acharutadas até às quatro da tarde entre bajuladores. O que não significa que seja menos "político" do que outro qualquer. Por isso, não me admiro que esteja preocupado com os intentos faraónicos do governo e que, muito justamente, pretenda saber o que é que se passa por detrás do powerpoint e dos sorrisos maliciosos do eng.º Lino. Para além de jurar a Constituição, Cavaco jurou não se resignar. Espero que cumpra o juramento.

13 comentários:

Anónimo disse...

soares é um citadino de 2º geração,filho do ex-padre soares. teve mesa farta, boa fatiota, passava férias regaladas. teve exílios dourados.
cavaco passou uma juventude com as dificuldades próprias dum ambiente de classe média baixa próximo da zona rural. sabe o que lhe custou subir.
são duas mentalidades muito diferentes. soares, menino família malcriado, gordalhuço, actor de teatro; cavaco,com sentido cívico do dever, esquelético.dá valor ao rigor e ao trabalho dos outros. não vai ser fácilmente engolido. tem osso a mais e carniça a menos.
um fala francês, o outro inglês.o que é mentalmente importante.

radical livre

Carlos Sério disse...

Cavaco tem estado alheio ao agravamento da situação económica e social do País provocada pelo governo de Sócrates.
Cavaco não pode deixar de ser responsabilizado por isso. E não é agora, lá porque Ferreira Leite se encontra líder do PSD, que resolvendo questionar o governo, o seu comportamento mudará. Mas assim parece, o que é mau, dado com tal atitude poderá entender-se que tambem Cavaco só age em função de questões partidárias.
Mas não, Cavaco continuará como até aqui, a fazer simplesmente turismo na presidência da Republica.

FG disse...

É a primeira vez que opino neste fabuloso blog. Quero endereçar os meus parabens por o trabalho fantastico que o autor do blog tem desenvolvido.
Os blog´s têm cada vez mais um papel fulcral na nossa sociedade, onde cada dia que passa o exercicio democratico encontra-se mais limitado e ate mesmo degradado. Resolvi aqui escrever, porque é notorio a educação dos seus participantes. Espero que assim contínue.
Não defendo as cores do autor do blog e não concordo como é evidente com este post.
Diz o autor que Cavaco Silva não é um profissional politico, discordo, Cavaco Silva esta a mostrar o oposto, esta a mostrar que é um grande profissional politico. Resguardou-se durante 3 anos, de ataques politicos à governação do Engº Jose Socrates, e lembrou-se a um ano das eleições "atacar" o investimento em obras publicas. Critica obras que foram assinadas pelo governo de Durão Barroso, onde o defice nessa altura andava na casa dos 6%.Imagino Portugal a passar por esta crise (internacional) com a Drª Ferreira Leite ainda a Ministra do Dinheiro, com 7% de defice... Obrigado Jose Socrates. Queria o Drº Durão, fazer não duas linhas de ligação de alta velocidade a Espanha, mas sim, quatro linhas de ligação a Espanha. Viva o luxo.
É inequivoco que o país precisa de um novo aeroporto, ate porque a oposição nunca colocou isso em causa, mas somente a sua localização. Nem mesmo o Srº tabu colocou em causa, alias nem me lembro de ele pronunciar-se em relação a qualquer assunto. Nunca é o momento do Presidente da Republica falar.
O Drº Aníbal, resguardou-se durante anos a fio, para se tornar Presidente da Republica, quando deveria aplicar todas as suas capacidades (como Economista) em resolver os problemas do país, os defices constantes, em vez de ser um "corta fitas". Aí dava grande merito a Cavaco.
O Drº Cavaco Silva que governou Portugal no tempo das vacas gordas, onde a abertura de um Continente era motivo de espectaculo, porque Portugal não tinha nada,ficou endeusado e ainda hoje vive disso, vive do tempo em que Portugal entrou na Comunidade Europeia atraves dos conhecimentos e reconhecimento que o Drº Soares tinha nessa Europa fora.
Cirtica o autor do post, a ída de Soares à Venezuela, o Drº Soares assim como o governo português, sabe que Portugal ao aliar-se à venezuela pode beneficiar muito o nosso país nos negocios envolvendo petroleo, ainda por cima, sabendo que Chavez tem neste momento uma ligação com Espanha muito má.
Para acabar gostaria de deixar esta nota, tenho pena que a oposição a Jose Socrates seja mediocre, porque em nada melhora a nossa situação.Não consegue ser construtiva e utiliza a politiquice facil do bota abaixo.

Ferreira Leite, não obrigado.

PS: Um colega disse aqui que o Drº Soares sempre teve uma boa vida. Melhor para ele, para mim isso não motivo de inveja.
Mas no meu humilde ponto de vista, e da maneira que vejo as coisas, dou mais merito a um rico que lute pela liberdade, mesmo colocando o seu bem estar em causa, do que aliar-se facilmente ao sistema ditaturial.
Secalhar por o Drº Soares ter tido essa boa vida ja nos anos da ditadura, e de ter dinheiro para viajar e conhecer países onde as pessoas eram felizes e livres como a França, sonhou um dia ver o povo português tambem livres e felizes. Livres ja somos...espero que um dia sejamos felizes.

Acredito que estamos mais perto da felicidade, porque sinto que o governo tem uma linha, melhorar a situação do país para poder futuramente colocar o povo português mais perto do nível europeu. Sinto que não cede a pressoes, porque acridita no que faz. Prefere perder as eleições que ter uma mentalidade eleitoralista, isso para mim é sinal que esta a fazer uma coisa que ate hoje ninguem fez em Portugal:

GOVERNAR!

Boa Tarde

António Viriato disse...

Bem dito e oportunamente dito. Ante a corte socrática de aduladores, resta-nos o bom senso de Cavaco, que sabe fazer cálculos e não estudou em «Universidades Independentes», independentes do saber, por certo, da competência e da probidade, tudo coisas que faltam a este Mestre de Cerimónias que passa por «socialista» à frente de um Governo patusco, especialista em resultados estatísticos e êxitos administrativos, no Ensino, como no resto.

Confiemos, pois, na «mediania política» de Cavaco, versus «a mundanidade soarista» e seus pares, sempre triunfantes ante uma Comunicação Social entontecida e bajuladora, sob o peso das mordomias concedidas por Padrinhos notórios e conhecidos.

Anónimo disse...

Eu tenho lido muitos blogues, muita opinião, muita coisa...

Eu sei o meu caminho, mas não se encaixa em nada do que vejo, e estou à beira de emigrar porque não vejo senão patifaria em todo o lado.

Eu não acredito que todo este seu afã - que admiro às vezes - , seja verdadeiro.

Se você, JG, estivesse no poder, ia deixar de ceder aos seus amigos, às simpatias, às coisas do costume?

Era isso que vc devia responder francamente em vez de aspergir o seu fel por todo o lado.

Você seria diferente?

Responda pf.

Tenha a coragem de responder: seria diferente?

João Gonçalves disse...

Tenho perdido mais "amigos" por não os seguir, não em questões pessoais, mas em questões "nacionais" do que V.imagina. Não transijo nem espero que eles transijam. Tenho é pena que eles não distingam.É a vida.

Anónimo disse...

Compreendo. Também eu vivo numas montanhas de mim próprio - mas isso não resolve nada.

Anónimo disse...

O que nos leva a pressupor que um homem correcto é sempre um homem isolado.

Nuno Castelo-Branco disse...

Também eu, embora duvide, dada a natureza do cargo que ocupa. Precisávamos era do senhor que aparece no quadro em segundo plano. Precisávamos há 100 anos. Agora, é tarde demais.

Anónimo disse...

Quer queira quer não, não é ao Prof. Cavaco a quem se deve a consolidação do regime democrático, mas sim ao Dr. Soares. Ou já não se lembra das lutas em 1975, contra os comunistas que queriam instaurar o socialismo reinante na europa da leste em Portugal? Não foi o Dr. Cunhal que garantiu a uma jornalista italiana, Oriana Falaci, que nunca existiria, no nosso País, uma democracia parlamentar e burguesa? Não foi o Dr. Soares que inverteu a marcha desses acontecimentos? Seu a seu dono. Acho que Soares cometeu erros mas graças a ele que devemos a democracia. Como tal, não seja demasiado crítico em relação ao Dr. Soares a principal referência na luta pela liberdade e pela democracia em Portugal.

josé ricardo disse...

olhe, joão gonçalves, fico admiradíssimo por encontrar um home lúcido que escreva dessa maneira de um político que está há não sei quantos anos (décadas) na política e que tem uma grande quota parte naquilo em que o país se tornou. espera realmente esses assomos paradigmáticos de cavaco silva? eu sei que o homem é genericamete olhado através de um manto irrepreensível de seriedade, de quem conhece profundissimamente os dossiês, e outras coisas do género. e então o joão gonçalves acha que o mário soares não sabia fazer contas? essa é boa. sabe tanto de contas como o cavaco. acredite. ah!... perdão, o nosso presidente é economista. e doutor!...

Anónimo disse...

Não creio que o PR tenha funções executivas, nem tão pouco de controle das politicas do governo, para além dos aspectos constitucionais...

Até porque, quem se sujeita a escrutinio quanto a governação, e é por ela responsabilizado em democracia, é o partido do Governo

e não creio que haja vantagens em a ela - governação, e, também por contraste à oposição PSD - se vir a associar o dito PR.

Mas seria ainda, suponho, o completo descrédito do Prof. Cavaco,

vir, também ele, em sintonia, de substância e tempo, com Dra Ferreira Leite, questionar a filosofia das politicas que Eles mesmos adoptaram, quando Primeiro Ministro, Ele, Ministra das Finanças, creio Ela.

Aproveito para felicitar post de FG, sóbrio na sua ironia e eficaz na sua substância e argumentação.

Abraço FG

Anónimo disse...

Tenho ainda bem presente na minha memória a resposta dada a Spínola por Soares, quando aquele defendeu a exclusão da merda do socialismo (comunismo) do primeiro governo provisório: se os comunistas não entrarem, os socialistas (na altura ainda se desconhecia que os socialistas eram simplesmente uns socialistas de merda) também não entrarão.
Advinha-se que a atitude de Mário Soares era filha do desconhecimento da força que a chamada direita ainda tinha na altura e do receio que esta vencesse eleições livres. Era bom ter parceiros que o ajudassem, pelo menos na berraria.
Mário Soares nunca foi reconhecido na Europa pelos seus actos, apenas pelo seu palavreado.
Portugal era um pequeno país europeu, pobre de recursos minerais, sem petróleo, com uma agricultura incipiente que produzia o que não dava para sustentar toda a população.
Possuía territórios em África, alguns com riquezas incalculáveis, que constituíam a cobiça de países europeus. Esteve durante quarenta e oito sob regime de ditadura e com um chefe que não permitia devaneios aos cobiçosos.
Não apenas pelo regime de ditadura (não esqueçamos que outras ditaduras houve e outras que ainda hoje existem, mais ríspidas e severas, que não foram tão atacadas como Portugal pelos europeus e americanos) mas sobretudo por causa das riquezas das províncias ultramarinas, muitas nações ajudariam qualquer gato-pingado a derrubá-lo.
Daí que Mário Soares tenha chegado ao conhecimento de muitos que detestavam Portugal, quando deixou as férias em S. Tomé e Principe.
Mas falar de reconhecimento da Europa a Mário Soares é um refinado abuso de linguagem. Quem tiver dúvidas leia o livro de Rui Mateus: Contos Proibidos - Memórias de um PS Desconhecido e ficará a saber o valor que Mário Soares tinha.
Outro abuso, a meu ver, é a afirmação que se faz que Portugal entrou na comunidade europeia pela mão de Mário Soares. E os outros países que a ela pertencem também entraram pela mão dele? A nossa entrada foi uma necessidade, boa ou má. Ainda havemos de ver.
Afirma-se também por aí que a consolidação do regime democrático em Portugal se deve inteiramente a Mário Soares, que lutou em 1975 contra os comunistas que queriam instalar no país a merda do socialismo que reinava na Europa de leste.
Não esqueço o berreiro que fez na Alameda. Mas não estava só. Outras forças políticas o acompanhavam com iguais ou melhores ideais democráticos.
Mas não foi pelo berreiro que Mário Soares fez que se consolidou o regime democrático. Foi pela luta das gentes do Norte, apoiadas pelo clero católico, que invadiram instalações comunistas e espalharam pelas ruas tudo o que nelas encontraram: papeis e móveis. Lembrem-se que estivemos às portas de uma guerra civil que, a concretizar-se, viria do Norte para o Sul.
Cantam-se loas ao acordo da Galp com a Venezuela através das boas relações de Mário Soares com o ditador ou potencial ditador Chavez. Quem o faz preocupa-se apenas com o interesse e atira às malvas os princípios.
E sempre que convém a Mário Soares ele calca os princípios. Indecentemente recebeu numa embaixada portuguesa, num pais africano, um italiano fugido à justiça, só porque era seu amigo. É prática corrente e aceitável que cada um receba os seus amigos em sua casa e não nas casas dos outros.
O país esteve perto da bancarrota após a abrilada. Impunha-se o respeito pelos princípios de uma economia severa. Apanhou-se no poder, leva uma “embaixada” ao Brasil e dá um grande banquete para alimentar a sua caca. A justificação que deu, a necessidade de manter a dignidade da Pátria, só convenceu papalvos. Também aqui não foram respeitados os princípios de economia que se impujnham, como também quando andou a cavalgar tartarugas à nossa custa, quando decidiu andar pelo país a comer e a beber, com o povo a pagar, em deslocações a que deu a designação de presidências abertas para esconder o seu verdadeiro interesse, sempre acompanhado de uma chusma de comedores da imprensa e televisão e de amigos do peito.
Quando frequentou a primária deve ter aprendido a tabuada e a fazer contas: de somar, de subtrair, de multiplicar e dividir. Se fosse hoje garanto que nem a tabuada sabia.
Mas as contas da governação são muito mais complexas e nestas mostrou a sua incompetência. Recordo, a propósito, uma cena que vi na televisão, aquando de uma reunião em que estavam presentes Sá Carneiro e Mário Soares. Em dado momento, Sá Carneiro faz uma afirmação que contrariava o que Mário Soares tinha dito antes. Este faz menção de apanhar a pasta que tinha a seus pés e Sá Carneiro diz: escusa de procurar que é como eu disse.
Há afirmações que se fazem que me põem perplexo: então quem está no poder tem de ceder aos seus amigos, às simpatias, às coisas do costume? Valha-nos Deus!
É por estas e outras enormidades de idêntico calibre que sinto cada vez mais aversão pela democracia representativa. Com ela para o lixo. Já!