Vladimir Putin, que daqui a umas horas aterra em Lisboa, é um caso político do maior interesse. Sócrates certamente que não deve deixar de sentir algum fascínio pelo sucesso deste antigo agente secreto que governa a Rússia no limiar da não democracia. Acontece que entre o cochicho português e a vasta pátria de Catarina não há praticamente nada em comum. A Rússia mantém e desenvolve uma ambição "reconstitutiva" autorizada pela história recente e pela grandeza remota que nos escapa inteiramente. Putin não faz a mínima intenção de largar tão cedo o poder. Percebeu - como me dizia um amigo outro dia - que a "referência" policial substitui com eficácia o partido, na presidência ou no governo. E que não perde nada em maçar os seus homólogos ocidentais, em especial Bush, com os seus "jogos de guerra", independentemente da segunda ou terceira "dimensão" desses jogos. Putin vem, primeiro, falar com anões e, depois, segue-se o desenvolvimento da fábula do Fontaine, em Mafra. Vai ser mais um momento para Sócrates vomitar umas banalidades e para Putin nem sequer o ouvir. Há homens que não perdem tempo com insignificâncias. Putin pode ter todos os defeitos do mundo mas sabe muito bem qual é o lugar da Rússia no mundo, pelo menos o que ele quer recuperar.
13 comentários:
http://www.elpais.com/articulo/cultura/Justicia/Templarios/700/anos/despues/elpepucul/20071025elpepucul_2/Tes
artigo interessante, peco desculpa entrar assim de rompante
"....os cavalos também se abatem!"
Caro JG, essa sua cultura de auto-humilhação e rebaixamento permanente da nossa terra é muito desagradável. Fique a saber que na grande Rússia, provavelmente, vc já estaria morto há muito tempo. Mas não, como somos bonzinhos, continuamos a aturá-lo.
Há cada anónimo mais cabrão! Esse das 2:17 PM devia ter vergonha de existir.
«Cultura de auto-humilhação» pelo cu dele acima! Pensará decerto que o Patriotismo verdadeiro é um de loas e sorrisinhos silenciosos ao vácuo... Quem com repressão e silenciosinho mata do mesmo veneno morre.
Quando não há argumentos, 210-polónio-litvinenkiza-se o adversário e isso é muito lindo.
Quem alguma vez teve a oportunidade de conhecer a Rússia ou de privar com Russos,percebe o que,á distância, é muito difícil de perceber.Aquele país tem história,sempre foi um império.Vê-se na sumptuosidade dos seus monumentos, museus, na imensidão do seu território, na sua riqueza cultural.As pessoas andam na rua como se fossem para a Ópera.Bem vestidas,com o melhor fato,são orgulhosas no trato.
As mulheres são fabulosamente lindas e os homens evidentemente perigosos!
Tudo é em grande, incluindo as misérias, que se adivinham fora das grandes cidades!
Nos vários contactos que tive a nível profissional e nas três visitas que fiz,veio-me sempre á ideia,uma frase:
Isto (a posição em que está a Rússia no concerto das nações)não fica assim!
E não gostam dos Ocidentais!
Já visitei a Rússia algumas vezes e tive contactos profissionais com Russos.Estamos perante um mundo completamente diferente do nosso.Desde a sumptuosidade das avenidas, dos monumentos, museus,até ao orgulho descaradamente exibido na primeira oportunidade!
Mulheres delicadamente bonitas e homens evidentemente perigosos! Com uma dureza que lhes reveste a pele branca e que engana o desprevenido.
Nunca me abandonou um pensamento, a partir da hecatombe: Isto não fica assim!
E não gostam do Ocidente!
PS: antecipando as habituais apressadas conclusões, devo dizer que nada tenho a ver com os sistemas políticos reinantes.Nem agora,nem antes!
Caro João Gonçalves, deixe-me fazer um comentário mesquinho: moro ao lado do hotel D. Pedro e tem sido uma complicação danada desde meados da tarde por causa da segurança à volta do sr. Putin. O trânsito engarra que é um Calvário, depois aquela fila de polícias fardados e à paisana em frente do edifício é um enfado medonho e não percebo porque carga de água chamam tanto a atenção. Ainda vem um comando terrorista e faz estragos que atingem tudo o que mexe incluindo o meu pobre cão que gosta de ir passear para aquele lado da rua. Que seca!
Lenine e Estaline também não perdiam tempo com "insignificâncias", como aliás a maioria dos czares: deportar milhões de pessoas, matar outros tantos é uma tarefa que o Sr. Putin se calhar não desdenharia em executar se houvesse razões para tal. O ex-KGB, actual FSB tem outras tarefas não menos importantes, algumas das quais realizadas com sucesso, como o assassínio de dissidentes e a realização de atentados com vítimas reais para colocar a opinião russa contra os tchetchenos. Estes e outros factos reais fazem do actual ditador russo um novo czar. Meu caro João: não morra de amores por este taxi-driver russo. Entre este novo czar e aqueles que foram assassinados, preferia, sem dúvida, os originais até porque já tinham alguma pátine e admiravam muito aquilo que se fazia no Ocidente. Eram, de facto civilizados.
Às vezes ser pequeno não é desvantagem. Não o foi no século XV. Era-se pequeno, trataram de se engrandecer.
Agora quem é grande, corre sempre o perigo de diminuir.
Mas Putin não deixa de ter a fibra de Pedro e Catarina!
Em relação ao texto do João Gonçalves subscrevo inteiramente a frse:
Putin pode ter todos os defeitos do mundo mas sabe muito bem qual é o lugar da Rússia no mundo, pelo menos o que ele quer recuperar.
Nesta matéria, o que Putin conseguiu após o deboche de Ieltsin, foi uma tarefe notável. Para os russos, evidentemente.
João:
Excelente ângulo. Bem visto e melhor resumido. Existem naturalmente incontáveis outros ângulos a merecerem abordagens de igual calibre. Mas isso em nada tira o mérito da prosa.
rvn
rvn: importa-se de repetir, conseguiu escrever muito e não dizer absolutamente...nada!!
bem haja
tjcata:
Não me importo nada, por quem sois!
Não sendo um prazer, é o que tem de ser e isso chega-me. Ora sente-se e ouça.
Qualquer análise feita em escassas centenas de caracteres corre riscos de parcialidade. Um facto é um facto sempre, mas tem importância e relevo flutuantes, de acordo com o enquadramento num contexto superior.
O caso de Putin na análise do João G. é esse, nem mais. Sendo absolutamente verdade que os papéis estavam escolhidos antes da peça e todos sabiam as partes de todos (mesmo com o folclore da comissão dos direitos humanos), não é menos verdade que pouco mais havia a fazer e dizer por parte de Sócrates e Barroso. Dois reconhecidos comediantes de mérito, mas aqui absolutamente certos na dose de piadas escolhida
Vê o meu caro? Tanta palavra, boa ou má, multiplicada por 20 comentadores, corre riscos de se tornar num lençol irritante à pele dos outros. Corre riscos de parecer arrogante, quando é apenas uma opinião, tão discreta quanto possível. Por isso são de evitar, estes 'importa-se de repetir'. É que se calhar eu até já tinha dito tudo. O meu caro tjcata é que não tinha ouvido nada.
Mas mande sempre.
rvn
Enviar um comentário