13.5.07

LER OS OUTROS

Sobre a ópera, escreveria mais ou menos o que o Eduardo escreve e não escreveria o que o "liberal"* João Miranda escreveu, com manifesta infelicidade, a lembrar quase a "teoria cultural dos coretos" do Rui Rio. Sobre o incidente "Livros em Lisboa", nem tanto. Não me parece que seja necessário ligar sempre o taxímetro quando se abre a boca, sobretudo quando se trata quase de afagar o ego.

*Por exemplo, isto já é matéria que deve preocupar um "liberal" como o nosso João Miranda. Acho que, por acaso, até se preocupou. Deixe lá a ópera sossegada.

3 comentários:

Anónimo disse...

O que eu sei é que um homem como ele com convites para ir falar em Washington, na Universidade de Telavive, no raio que o parta, que ganha o que quer a escrever, que se dá ao luxo de escrever (às vezes) sobre coisas que interessam a meia dúzia de mortos vivos, e que (segundo ele) recusa, por falta de tempo porque (segundo ele) não consegue viver sem tempo para ler e para escrever, 60% dos convites, faz inveja no nosso portugal dos pequeninos em que todos se poem em bicos de pés para escrevinhar meia dúzia de banalidades, e no país em que as Bombas e as Misses são as rainhas da blogosfera (são muito boas pessoas com certeza). E olhe que o JPP vai a liceus (borla, claro) falar e a associações de Bombeiros, e a palestras em pequenas livrarias do interior (isto não se comenta, não vem nos jornais) e a outras coisas afins. Não foi o dinheiro que o impediu de falar. Puxe lá pela sua cabeça e não se deixe levar pela propaganda, que o dinheiro que ele ganharia ali não lhe faz falta para as couves da sopa. Essa conversa do taxímetro nem parece sua. Tenha dó! Olhe que eu não sou nem parva, nem ignorante, nem inocente, desengane-se, se é que alguma vez esteve enganado, coisa que duvido.
Entretanto li o que escreveu o Eduardo Pitta e acho que se as condições do acordo mudam, ele deixa de ser válido, não é assim, senhor jurista? Problema da Câmara, do País, do pântano! O trabalho intelectual é trabalho. E quem trabalha merece ser pago, e neste assunto sou mais João Miranda do que o João Miranda. Borlas é coisa de gente pobre e subdesenvolvida, e raramente há garantia de qualidade, e qualidade é o pecado imperdoável de JPP.Mas eu é que não sou paga para o defender que ele já é crescidinho. Adorei o artigo dele no Público e adoro também a Turquia e quero-a mais cá que lá.

Anónimo disse...

Sabe qual é o problema dos Joões Mirandas deste país? è só um e muito simples! São novos, não sabem. Eu adoro lê-los, (às vezes, claro) mas a falta de maturidade de sabedoria de vida vivida e ópera vista e disco ouvido, salta à vista. Eles ainda têm o zelo dos convertidos, ( e alguma inocência), mas são inegavelmente refrescantes.O Eduardo Pitta tem toda a razão, of course!

Anónimo disse...

A Senhora do Porto, tem toda a razão (embora a paixão lhe turve ligeiramente a escrita).

É do conhecimento generalizado que JPP corre o país - e não só - de lés a lés, pago e sem ser pago, a fazer verdadeiro serviço público com uma qualidade e dedicação absolutamente invulgares.

É também óbvio que houve trapalhada na Casa Pessoa e que JPP nada tem a ver com ela.

É não menos óbvio que quem faz palestras deve ser pago, mesmo que tenha gosto em fazê-las. E principalmente se as palestras e conferências tiverem a qualidade que têm habitualmente as de JPP.

É também óbvio que, sendo Portugal muito pequenino, e sendo a concorrência muita, se aproveite o mais pequeno pretexto para apontar o dedo aos outros. Principalmente quando os outros valem por si, sem precisarem de panelinhas, conseguindo viver com independência e seriedade, à custa do seu (muito)trabalho como é o caso de JPP.

O que já não é tão óbvio é a prática blogosférica da qual João Gonçalves também participa de promoverem todos os livros uns dos outros (inclusivamente sem os lerem) quando na verdade a maior parte dos livros, os do Pitta incluídos, são uma boa merda.

"Faz lá aí uma pré-publicaçãozinha (prática por sinal introduzida por JPP na blogosfera, com Agustina, note-se, não com Caramelo, isso é que "mói" bastante)do meu livro que eu digo bem de ti e do teu blogue e linco-te todos os dias durante duas semanas."

Nesses casos, não ocorre a João Gonçalves criticar os que escrevem e recorrem a publicidade encapotada de amizade, para ganharem umas coroas ... Muito pelo contrário.

Haja paciência ...