"O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo. Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação. O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado. O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações. Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade."
António Barreto, in Público
António Barreto, in Público
15 comentários:
O Eng. António Barreto nem se referiu o Prof. Cavaco. Esquecimento não foi concerteza!
É que o Prof. Cavaco de tanto usar a "cooperação estratégica" que é um "potente tira nódoas" em spray inventado em Yale, cansado de tanto imobilismo, virou a lata para ele próprio e apagou-se.
R.A.I.
Ainda:
No post anterior onde se lê “concerteza” deve ler-se “com certeza”. As minhas desculpas!
Os portugueses não deixaram de ter carinho pela liberdade, o mal é que os politiqueiros andam de “carrinho” com a nossa liberdade!
R.A.I.
Este é um outro «sinal dos tempos» ; António Barreto, escrevendo o que escreveu neste texto a propósito de um Governo do partido socialista.
Dir-se-ia um partido e um governo ilustrando claramente pela sua "praxis" o triunfo dos porcos. É obra.
Barreto é um espírito livre. O que falta em Portugal são espíritos livres. O clima é de guerra-civil, pois enquanto muitos dão conta do estado de espírito da sociedade, a sua putrefacção imobilista sob o nacional-socratismo, outros dedicam-se a guardar servilmente esse Poder, perseguindo, através de anonimatos torpes, todas as vozes individuais livres que ainda resistam.
João, ando há um ano a ler todos os dias, na caixa de moderação dos comentários aos meus posts: Mata-te! Já me escreveram «Mata-te» e outras coisas horrorosas, um sem-número de vezes. Galfarros do Diabo e escassamente portugueses!!!!
Joshua, mande-os foder.
Barreto é um espírito livre. Mas como podem estes homens estar na politica e fazer a diferença?
Pacheco Pereira, mantém-se na política, afastado do poder e das suas lutas...
Parece que só a mediocridade vai para o poder e Sócrates tem o mérito de saber tirar partido dessa mediocridade: que outro primeiro-ministro conseguiria manter no poder Mário Lino, Manuel Pinho e a ministra da educação (que de tão calada até me esqueci do nome)!
Veja-se o que aconteceu aos grandes políticos como Armando Vara e Fernando Gomes: fazem sucesso no mundo dos negócios e da alta finança, quem os convence a regressar?
Quem pode salvar Portugal?
José Sócrates, não é melhor ou pior que os outros portugueses. Apenas percebeu que a expressão consistência, funciona se se souber de antemão aquilo que são os apetites de uma população. JS foi aos centros comerciais, ao Algarve e aos outros sítios e limita-se a governar em conformidade. Não existe esquerda ou direita, nunca houve no antigo regime, havia ricos e pobres e uma classe média que chegava ao Opel Olympia, e continua a não existir. Existem interesses, prazeres e pequenas satisfações. Ir à Gulbenkian ouvir acerca do estado do mundo é mais um prazer, educado e reconfortante. A população que trabalha nos centros comerciais e nas fábricas, mais ou menos modernas não se identifica com o que diz António Barreto, ele próprio mais um que nos faz imaginar que alguém está atento. Barretos e outros elementos da nossa classe esclarecida, permitem ao revelar sem consequências o comportamento dos nossos políticos dar-nos a ilusão de que não estamos num estado policial africano levemente abonecado, para não se prestar ao riso dos estrangeiros que nos visitam. Os portugueses gostam de ter alguém que lhes dê sossego e bom dormir, pagam aliás para isso e muito mais do que imaginam, mais ou menos 45% daquilo que ganham.
fernandoac
Ainda há alguns portugueses que não perderam a lucidez. Esperemos que cheguem para não deixarem que este país se transforme numa Venezuela de Chavez.
Obrigado António Barreto.
António Barreto só não conseguiu livrar-se de si mesmo - o que me parece grave.Começam á esquerda - mamam à direita - e depois com a idade com remorços não sei de quê aparecem de novo virgens e livres -
exemplos acima da média baixa com bons contratos - e pensadores universais.Independentes.
Sr, autarca do deserto do sr. Lino: são remorsos ou tremoços?
Tinha que ser BRILHANTE:tudo o que António Barreto faz/escreve tem uma singularidade intelectual,que deve fazer raiva a alguns(q pareciam ter a mesma categoria q ele) e estão-AGORA-calados!Porque será?
1)COMO É POSSÍVEL NÃO OUVIRMOS O MÁRIO SOARES A CRITICAR ESTA PALHAÇADA TODA DE 2ANOS SOCRÁTICOS?
2)COMO É POSSÍVEL NÃO SE OUVIR A VOZ DO M.ALEGRE A PÔR ESSE 1ºMIN, decorativo e papagaio(só abre a boca qdo tem frases decoradas c/3dias de ensaios ao espelho,c/a devida coordenação d batuta d 1pedrinho Silva Pereira)NA ORDEM COM 1S QTOS SERMÕES:EM VOZ ALTA,NA A.R.,na TV e EM TODA A COMUNICAÇÃO SOCIAL???
Não sei porquê,ms diz-me o m/6ºsentido que,quer o Marocas quer o Poeta,devem ser Maçons ou «GAMA»(Grupo ds Amigos de MAcau)com interesses na OTA e...SÓ POR ISSO É Q CALAM !!! NÃO DÃO UMAS XICOTADAS VALENTES À GOVERNAÇÃO DO ZÉ PORQUÊ?
Na verdade só quem não tem nada a perder é q vai p/as ruas contestar;pto quem agora anda caladinho é pq alguma coisa tem para segurar ou não querer deixar-lhe escapar das mãos:e parece claro,são milhões q rendem os terrenos da OTA,não é?
Pois é, é disso de q o engºZÉ se ri:"vá lá,TIOS/VELHOS,calem-se todos bem caladinhos,pq se eu abro os cordões à BoCa,ainda vos construo o AEROPORTO NOVO NO DESERTO AO SUL DO TEJO...
Midarte.
Um post a ler
http://povileu.blogspot.com/2007/05/ele-existe-joo-silva.html
Assim é meu amigo. Não sei se será "falta de carinho" mas é uma irresponsabilidade cívica que se nos cola à pele como gabardina em dia de chuva. Mas já viu os indices de aplauso da opinião pública nas sondagens? AB, Pacheco Pereira, M. S. Tavares e outros estão condenados a falar para o deserto. Triste condição a de portugueses.
Não vos parece que o "eng" Sócrates esteve murcho no debate sobre a Ota (no Parlamento, que agora se parece mais com a Assembleia Nacional)? Parece refém de Mário Lino. A piada de Mário Lino sobre a inscrição na Ordem se calhar não foi piada: FOI AVISO (ou mesmo ameaça) a Sócrates.
Se for para a frente - a Ota - é a maior operação subreptícia de escolha de um local sem as devidas alternativas serem também convenientemente estudadas. Os Engenheiros-Capangas "cinzentões" colocados nas NAER, NAVE, LNE e outros organismos manobraram as coisas ao longo dos anos fazendo passar a ideia de que a Ota já estava escolhida - o que não era, e ainda não é, verdade.
E 33% de excesso de custos (diferença entre o aeroporto na Ota e na margem Sul, sendo que aqui poderá ser ampliado e na Ota não!) não é demais, excessivamente demais, corruptamente demais – seja a que título for (mesmo que com papão ambientalista a troar)?
São palavras sábias, as de António Barreto na caracterização do estilo do Sócrates que, como Primeiro Ministro, preside ao Conselho de Ministros deste governo socialista e nacional.
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