21.5.07

INCOMODAR A ESTUPIDEZ


De vez em quando está na "moda" falar-se dos "livros da minha vida". Quando escrevi para o Semanário de Vitor Cunha Rego, em 1985, também produzi uma coisa semelhante, "consultando" não sei quantos escritores para indicarem 10 livros. Joaquim Manuel Magalhães, pelo meio, escolheu Amores no Campo, de Sara Beirão, e depois mandou-me um postal para o retirar. Estava, dizia ele, "a gozar". Ontem, um acaso cinematográfico, levou-me a um dos livros "da minha vida" que perdera na voragem dos empréstimos. Trata-se de "Iniciação Filosófica", de Karl Jaspers, da Guimarães. Li-o no verão de 1977, com dezasseis anos, para "entrar" no curso de direito da Católica, isto no tempo em que era preciso saber ler, escrever e pensar para aceder a um curso universitário. Já anteriormente os dois tomos antológicos da Sá da Costa sobre filosofia - de Jorge Borges de Macedo e Joel Serrão - me tinham, por assim dizer, "iniciado" na filosofia que, de acordo com Nietzsche, tem a nobre função de "incomodar a estupidez". Hoje, às e aos jovens universitários basta-lhes saber usar o preservativo - quando usam, quando sabem - e as diversas bocas, as de trás e as da frente, mesmo que nenhuma delas saiba falar ("cu que não fala é cu sem opinião", já escrevia o pueril Augusto Gil, o da "balada"). Só são virgens - e assim permanecem uma vida inteira - da cabeça de cima. Não vale a pena.

2 comentários:

Anónimo disse...

...até tem razão!! Nunca vi TANTA CABEÇA VIRGEM !!!!

Anónimo disse...

Agora, para aceder a um curso universitário, já só é necessário saber mentir;
Não é preciso fazer prova com certidão das habilitações, basta escrever num papel e dar ao Reitor amigo;
As "cadeiras" podem ser todas feitas com o mesmo Prof. (que na volta não passa dum Lic.);
Os exames combina-se com o Reitor e faz-se quando dá jeito;
O Reitor tira um bocado entre o almoço e o café de domingo e, em família passa o certificado de habilitações da almejada licenciatura.
O novo Lic. , no "emprego" passa a auto designar-se pela designação profissional, sem sequer se inscrever na ordem respectiva e passar nos respectivos exames e estágio.
O tipo nem leu filosofia, dela apenas aproveitou, por megalomania paterna, o nome de um dos seus primeiros.
Pelo que se vê, pensar, também não é com ele, aliás nem tem tempo.
Se sabe usar preservativo ou não? Não sei! Mas o problema também só é dele!
Agora usar a boca, usa e abusa, pois fala, fala, fala sem parar e mente, mente, sem pensar, que até às vezes a verdade lhe salta para o ar.
Agora, João, chama-o de Virgem?
João, este mundo não é dos que pensam, mas tão só dos espertos!