"Era essa possivelmente a grande virtude e o grande defeito de Salazar: o rigor talvez excessivo consigo mesmo e com os outros. Quem lê os seus "Discursos e Notas" fica subjugado pela limpidez e concisão do estilo, a mais perfeita e cativante prosa doutrinária que existe em língua portuguesa, atravessada por um ritmo afectivo poderoso. Por esse lado, a prosa de Salazar merece um lugar de relevo na História da Literatura Portuguesa (e só considerações políticas até agora a têm arredado do lugar que lhe compete). É uma prosa que guarda a lucidez da grande prosa do século XVII, e de onde é banida toda a nebulosidade, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo o que frequentemente torna obscura ou despropositadamente ofuscante a prosa dos nossos doutrinadores."
António José Saraiva, "O Salazarismo", in Expresso de 22 de Abril de 1989
3 comentários:
Do que me foi dado ver em Santa Comba Dão a "extrema-direita" foi bem recebida e vi muito povinho que até apludia aqui e ali...
Será que afinal são os nossos dirigentes que estão desfazados da realidade?
Será que se alguém viesse com um discurso muito mais realista do ponto de vista da defesa dos interesses dos portugueses não teria muitas adesões?
O pessoal está com indegestão das rápidas mudanças , sempre para pior, mesmo que lhas apresentem como as 7 maravilhas...
Subscrevo ipsis verbis o comentário acima e as suas interrogações. E, é verdade, estamos realmente fartos desta gente sem pinga de honra e de vergonha.
Também me ocorreu transcrever partes desse célebre artigo do velho rebelde António José Saraiva, verdadeiro gigante entre pigmeus do nosso acomodado meio intelectual.
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