Por umas horas, a RTP prestou serviço público. Emitiu o filme de Mel Gibson, The Passion of the Christ. As personagens falam aramaico e latim, as línguas em que se expressavam o Filho do Homem, os seus seguidores e os seus algozes. Não somos poupados a nada da mesma forma que Jesus não foi poupado. A interminável cena da flagelação permite, a quem pode, reflectir sobre o seu tremendo significado. O Senhor foi crucificado. Foi crucificado por nós a partir do momento em que abandonou a ceia e se entregou nas mãos do Pai, a vida verdadeira. Todo o mistério da resposta a este dia de trevas que antecede a Ressurreição está encerrado no "grito de agonia do Salmo 22 (21)", pergunta nossa de cada dia: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?". Como ensina o Santo Padre, "neste diálogo já está presente a Ressureição na sombra da morte". "Acreditar significa sair das muralhas para, com a força de Cristo, criar espaços de fé e de amor no mundo caótico. O Senhor saiu: é este o sinal da sua força. Ele desceu para a noite de Getsémani, para a noite da Cruz, para a noite do túmulo. Ele desceu porque, no confronto com a morte, é mais forte; porque o seu amor leva o selo do amor de Deus que tem mais poder que as forças da destruição. É precisamente nessa saída, no caminho da Paixão, que está o acto da sua vitória; no mistério do Getsémani já está o mistério da alegria pascal. Ele é o mais forte, não há nenhum poder que possa resistir-Lhe e nenhum lugar onde Ele não esteja. Ele chama-nos a tentar a caminhada com Ele, porque onde houver fé e amor, aí estará Ele, aí estará a força da paz que supera o nada e a morte". (Joseph Ratzinger, O Caminho Pascal, Lucerna, 2006)
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