O "RUMO"

Em alguns comentários a posts anteriores associa-se a alegada "crucificação" de Sócrates - só imbecis poderiam utilizar este termo em plena Páscoa - aos "interesses" de Belmiro de Azevedo e respectivo reflexo daqueles no jornal Público. Se bem me lembro, o Público, como a maioria da comunicação social e dos blogues (o meu incluído) não pouparam a "saga Santana Lopes" e, cada um à sua maneira, directa ou indirectamente, "puxou" por Sócrates em 2005. Isso permitiu a emergência, de imediato associada à "imagem" do agora primeiro-ministro, das ideias da "mudança de rumo", da "determinação", da "coragem" e do "fazer o que deve ser feito". O trilho percorrido por Sócrates - zurzir em todos ao mesmo e a todo o tempo - exigia, pelo menos da sua parte, um estatuto de exemplaridade - política, pessoal e profissional - acima de qualquer suspeita. Ao "mexer" em milhares de pessoas e em centenas de corporações, o primeiro-ministro, presumia-se, estaria acima daquilo a que tenho chamado de "descalabro ético do regime". Não se corrigem os erros do regime seguindo a sua pior "gramática". Por isso - e bem - os media e os blogues estão, uma vez mais, a cumprir a sua função. Fizeram-no quando foi necessário em relação a Santana Lopes (onde é que não estaríamos já se isto tudo se passasse com ele?) e fazem-no, agora, em relação a Sócrates. Não existem movimentos inocentes em política. Não compete aos media ou aos blogues "provarem" o que quer que seja. Até ao momento, nada de substancial do que tem sido escrito em relação à biografia do chefe do governo foi desmentido. Pelo contrário, é a biografia oficial do primeiro-ministro que tem sido alterada por quem de direito (?) sem qualquer explicação pública. Fazer o que deve ser feito inclui dissipar sombras e mistérios sob pena de o famoso "rumo" ir parar a lado nenhum.