13.9.05

UMA "IDEIA DE CIDADE"

Tenho andado a evitar pensar nas eleições autárquicas. Voto em Lisboa, mas não me comove aquela treta de uma "ideia de cidade", tão cara a todas as candidaturas. Não sei o que isso é. Gosto de cidades tão distintas como Paris, Barcelona, o Porto, Istambul, Nova Iorque ou Marraquexe. Nunca me angustiei nelas à procura da respectiva "ideia". Bastam-me os sons, os cheiros, as ruas inesperadas, a deambulação sem sentido nem método, umas boas livrarias. As eleições autárquicas, entre nós, convocam inapelavelmente tudo o que existe de mais piroso nas cabeças dos candidatos. Até os mais "cosmopolitas" soçobram. Vem isto a propósito de Manuel Maria Carrilho. Como seu putativo eleitor, estou desiludido. Não compreendo a sua campanha pífia e presunçosa. Não entendo como é que alguém que tinha a Câmara à distância de uma mão, a pode eventualmente deixar perder por causa do seu autismo convencido. Carrilho não "vê" que a sua campanha não tem "exterior" e que "reenvia" constantemente para si própria. A sua "fala" sobre o "outro" não convence, por isso, ninguém. Até essa "dona-de-casa não desesperada" que é Maria José Nogueira Pinto, consegue ser mais "autêntica". Estou, pois, perplexo e verdadeiramente sem uma "ideia de cidade". O que vale é que, na hora de escolher, nos dão três papelinhos. O mais provável é que distribua o meu voto por três candidaturas diferentes. Nenhuma, juro, me dá uma "ideia" de jeito.

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