Soube, via Blasfémias, do desaparecimento de João de Matos Antunes Varela. Antunes Varela não deve dizer muito às actuais gerações, salvo àqueles que o confundem com calhamaços que têm de "empinar" nas faculdades de Direito. Eu fui seu aluno na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, no decurso do meu atribulado curso de Direito. Ensinou-me Processo Civil, às oito da manhã, com uma alegria e uma clareza de espírito notáveis. Nessa altura já não era propriamente um jovem, mas era ainda, e seguramente, um grande pedagogo. Sabia- coisa rara entre os professores de Direito - como dar uma aula. Os anos de exílio no Brasil apuraram o seu refinado humor e a sua curiosa bonomia. Era, como não podia deixar de ser, um homem das "direitas", porém perfeitamente atento ao "decurso do tempo". Foi ministro da Justiça de Salazar, precisamente no momento em que entrou em vigor o Código Civil. Eu não sou grande jurista nem cultivo "o direito". Se alguma atenção lhe prestei, a Antunes Varela, entre outros, o devo. Por isso aqui fica a homenagem.
1 comentário:
Já disse isto noutro lado, perdoe-me quem me ler:foi um choque, quando há pouco abri o jornal e li que falecera o professor Antunes Varela. Tive o privilégio de ouvir as suas lições na faculdade de Direito de Macau, de receber os seus apontamentos, manuscritos com a simplicidade dos Mestres.E saber agora que se licenciou no ano em que eu nasci...Curvo-me com muito respeito perante a sua memória, a sua figura de homem de Direito, respeito o seu passado de político, tendo embora combatido o Estado que serviu com muita competência. Até sempre, Doutor Varela !
Ps - Quanto aos meus camaradas de jornalismo ( que agora não exerço ), perdoem-lhes, porque realmente não fazem ideia do que andam a fazer...
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