10.10.09

NOVENTA ANOS DE JOSÉ HERMANO SARAIVA OU A DIFERENÇA ENTRE HOMENS E HOMÚNCULOS


Primeira parte da entrevista ao jornal Sol (revista Tabu). Vale a pena cotejar com as "memórias" também editadas noutra ocasião pelo Sol e que, suponho, há em livro. E compará-las com as desse monumento à reciclagem política que é Adriano Moreira, a man for all seasons, venerador de ambos os regimes e por ambos (e por Mário Crespo) venerado.
«Como ministro pouco contacto tive com ele [Oliveira Salazar]. A ideia que tinha dele era realmente a de um justo, no sentido religioso do termo. E uma homem com uma inteligência privilegiada. Grande escritor e de um grande humanismo - naqueles 40 anos não há "casos", não houve nada disso. Muito coerente, não era democrata, não acreditava na democracia. Mas alguém acredita? Contam-se umas tretas, convence-se uma malta... Mas voltando ao Salazar, penso que o país lhe deve muito. E chegou ao fim na miséria. Eu ajudei a pagar a conta dele do Hospital da Cruz Vermelha. Não há outro caso de estadista deste género. Era um homem com um grande respeito pela verdade.»

8 comentários:

Observador disse...

Olhemos para os politicos "democráticos" que além de terem os bolsos cheios transformaram Portugal num imenso Titanic

Luísa A. disse...

Excelentes memórias, excelente entrevista, extraordinária definição de democracia! Trata-se, naturalmente, de um homem superiormente inteligente e culto, a que o tempo acrescentou essa rara prerrogativa da liberdade verdadeira, sem ambições pequeninas, nem medo.

Nuno C. disse...

Classificar Adriano Moreira como monumento à reciclagem política é um simples enunciado que o link não ajuda nada a esclarecer. Na minha humilde opinião acho que Adriano Moreira sempre foi um Democrata-Cristão que quer antes quer depois do 25 de Abril sempre tentou reformar a miserável "vida habitual" de que Portugal teima em não querer sair.
Hermano Saraiva apesar dos indiscutíveis dotes culturais e intelectuais nunca se assumiu como democrata o que parecendo que não faz uma grande diferença!

Anónimo disse...

Concordância com Nuno C. Adriano não foi adulador de Salazar,tomou posições anti-regime antes de ser chamado a ministro,o que causou sempre os maiores engulhos aos "duros". E vão-se sabendo (dentro de semanas saber-se á mais) que mesmo como ministro assumiu atitudes francamente evolucionistas quanto ao Ultramar.
Quanto ao Salazar,repito-me: grande estadista até 45/46, progressivamente desastroso em seguida até ao colapso final. A indiscutível seriedade,honestidade,convicção,etc,são obviamente meritórias mas não fazem necessàriamente um grande político. Franco era inferior culturalmente, mas soube muito melhor administrar as inevitáveis transformações. Desta vez,o Sancho Pança era espanhol,e o D. Quixote português. Mas o nosso Quixote não se arriscava heròicamente só a ele,como no Cervantes,levava todo um povo atrás,e que bem traumatizado saiu da aventura inútil.

Anónimo disse...

Entre o Moreira e o avental houve sempre uma forte atracção mútua.O Saraiva nunca teve esse gosto.O Mário sempre adorou o Moreira por essa razão e ambos sempre foram muito úteis um ao outro.

Anónimo disse...

Adriano Moreira é um homem superiormente inteligente e culto. E um grande Professor.

Anónimo disse...

Independentemente das razões que levaram aos desaguisados entre Adriano e Saraiva, constata-se que ambos pertencem a uma geração em que os valores em que acreditavam eram sagrados. Tal como Salazar, Cunhal e, porque não dizê-lo, como Soares que sempre defendeu, ao contrário de todos os outros, os valores da democracia e da liberdade e se bateu por eles.

Anónimo disse...

Estamos a falar de Rui Soares,o Pai da Kleptocracia portuguesa?