Primeira parte da entrevista ao jornal Sol (revista Tabu). Vale a pena cotejar com as "memórias" também editadas noutra ocasião pelo Sol e que, suponho, há em livro. E compará-las com as desse monumento à reciclagem política que é Adriano Moreira, a man for all seasons, venerador de ambos os regimes e por ambos (e por Mário Crespo) venerado.
«Como ministro pouco contacto tive com ele [Oliveira Salazar]. A ideia que tinha dele era realmente a de um justo, no sentido religioso do termo. E uma homem com uma inteligência privilegiada. Grande escritor e de um grande humanismo - naqueles 40 anos não há "casos", não houve nada disso. Muito coerente, não era democrata, não acreditava na democracia. Mas alguém acredita? Contam-se umas tretas, convence-se uma malta... Mas voltando ao Salazar, penso que o país lhe deve muito. E chegou ao fim na miséria. Eu ajudei a pagar a conta dele do Hospital da Cruz Vermelha. Não há outro caso de estadista deste género. Era um homem com um grande respeito pela verdade.»
8 comentários:
Olhemos para os politicos "democráticos" que além de terem os bolsos cheios transformaram Portugal num imenso Titanic
Excelentes memórias, excelente entrevista, extraordinária definição de democracia! Trata-se, naturalmente, de um homem superiormente inteligente e culto, a que o tempo acrescentou essa rara prerrogativa da liberdade verdadeira, sem ambições pequeninas, nem medo.
Classificar Adriano Moreira como monumento à reciclagem política é um simples enunciado que o link não ajuda nada a esclarecer. Na minha humilde opinião acho que Adriano Moreira sempre foi um Democrata-Cristão que quer antes quer depois do 25 de Abril sempre tentou reformar a miserável "vida habitual" de que Portugal teima em não querer sair.
Hermano Saraiva apesar dos indiscutíveis dotes culturais e intelectuais nunca se assumiu como democrata o que parecendo que não faz uma grande diferença!
Concordância com Nuno C. Adriano não foi adulador de Salazar,tomou posições anti-regime antes de ser chamado a ministro,o que causou sempre os maiores engulhos aos "duros". E vão-se sabendo (dentro de semanas saber-se á mais) que mesmo como ministro assumiu atitudes francamente evolucionistas quanto ao Ultramar.
Quanto ao Salazar,repito-me: grande estadista até 45/46, progressivamente desastroso em seguida até ao colapso final. A indiscutível seriedade,honestidade,convicção,etc,são obviamente meritórias mas não fazem necessàriamente um grande político. Franco era inferior culturalmente, mas soube muito melhor administrar as inevitáveis transformações. Desta vez,o Sancho Pança era espanhol,e o D. Quixote português. Mas o nosso Quixote não se arriscava heròicamente só a ele,como no Cervantes,levava todo um povo atrás,e que bem traumatizado saiu da aventura inútil.
Entre o Moreira e o avental houve sempre uma forte atracção mútua.O Saraiva nunca teve esse gosto.O Mário sempre adorou o Moreira por essa razão e ambos sempre foram muito úteis um ao outro.
Adriano Moreira é um homem superiormente inteligente e culto. E um grande Professor.
Independentemente das razões que levaram aos desaguisados entre Adriano e Saraiva, constata-se que ambos pertencem a uma geração em que os valores em que acreditavam eram sagrados. Tal como Salazar, Cunhal e, porque não dizê-lo, como Soares que sempre defendeu, ao contrário de todos os outros, os valores da democracia e da liberdade e se bateu por eles.
Estamos a falar de Rui Soares,o Pai da Kleptocracia portuguesa?
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