Acordei tarde, vítima da greve parcial da "groundforce" do aeroporto da Portela - prepare-se quem tiver de viajar nos próximos dias porque passará a "total" -, e acordei com a Maria Flor Pedroso a entrevistar o dr. Jaime Gama na Antena Um. Gama é o género de pessoa em quem, se fosse militante do PS, votaria tranquilamente para chefe. Não se confunde com o formigueiro que pastoreia, soberano, do alto da mesa do Parlamento. Não aprecia ruído. A sua formação filosófica, certamente pessimista, não o compromete demasiado com a vulgaridade parlamentar. Deixa-os, literalmente, falar. Governo incluído. Faz a rábula de quem defende que o "debate político" está "centrado" na AR e que isso é um sinal da "maturidade" dos "protagonistas", dos de lá e dos do governo. Graceja incorrectamente com as "quotas" afirmando que melhora a "estética" parlamentar. E termina a entrevista com a escolha musical a recair em Carla Bruni, contra a "indiferença" e contra a "Europa do nosso descontentamento". Como são tão hegelianos estes nossos políticos açorianos, sempre a deambular na catedral gótica que têm dentro das suas insulares cabeças. Todavia, nem por isso Gama consegue livrar-se daquilo a que preside e que, nas palavras de Vasco Pulido Valente, não passa de «um clube privado que, de quando em quando, a televisão mostra a um país mais do que indiferente», no qual vagueiam «a indigência intelectual, a mesquinhez de propósito, a irresponsabilidade política.» Em suma, gente de quem «não se pode esperar nada.» Gama, na verdade, merecia melhor.
7 comentários:
como não é aldrabão nunca será eleito
radical livre
Diz João Gonçalves:
«Gama, na verdade, merecia melhor».
Limito-me a dizer «Ou talvez não», para não entrar em temáticas pouco edificantes...
Quero lá saber do que o Gama merecia. NÓS merecíamos melhor.
Respeito a sua opinião.
Parece,contudo,que está tudo escondido debaixo da carpete...
Gama, Jardim e o Bokassa para ver no Youtube. É só rir...
Tudo em Gama é muito estranho. A sua desistência de se candidatar à liderança do PS depois de ter aceite, a ruptura com a família Soares, a radical mudança de opinião acerca de Jardim etc.
Talvez o futuro nos revele a face escondida do enigmático indivíduo.
Insurgiu-se o bacharel arvorado em licenciado, na sessão parlamentar sobre o estado da Nação, contra um deputado dos limites do esquerdismo, acusando-o de usar linguagem imprópria da casa onde foi utilizada.
Ao ouvir as palavras de repulsa e censura deste socialista de merda e ao ver a máscara de desagrado que não pôde ou não quis evitar que lhe aflorasse ao rosto, ao meu consciente chegaram de imediato as imagens das cenas protagonizadas por quem preside ao parlamento, quando na mesma casa, dirigiu o epíteto de Bocassa a um político de cor diferente da sua e quase apelidou um deputado de ser um vulgar canalha.
Que reacção teve nestes dois casos?
Nenhuma. Porque o autor das graçolas era outro socialista de merda.
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