Uma amiga que "sabe que eu sei que ela sabe que eu sei quem ela é", anda escandalizada com o veto presidencial à famigerada lei da paridade. Tenho a certeza que ela não é cega, surda e muda e que anda perfeitamente por aí. Para além disso, é optimista e acredita ferozmente no progresso. Daí o seu tardio "grito do Ipiranga" - "modernizemo-nos e não tenhamos medo das mulheres" - não fazer, hoje, qualquer sentido. E muito menos clamar pela sra. dra. Maria de Belém, efémera ministra da "igualdade" por um capricho inexplicável do bonzinho Guterres e que nunca chegou bem a perceber o que é que estava a fazer no seu gabinete esconso do Palácio Foz. Aliás, saiu como saiu, furiosa e perplexa. Não se é melhor ou pior, nisto ou naquilo, por se ser homem ou mulher. Também serve para a política. É grotesco pensar-se que existe uma fórmula "feminina" ou "masculina" de fazer política. O "pensar no feminino" é tão patético como um homem deixar crescer a unha do dedo mindinho ou ser brejeiro na rua quando passa um busto firme. Se há "conquista da revolução" e dos tempos, é o acesso limpo das mulheres a tudo a que dantes só os homens alcançavam. "Acantonar" o género, seja pela política, seja por outra coisa qualquer, é que é pindérico. Nem ele se deixa acantonar. Basta olhar para as universidades, para a administração pública- sim, para a administração pública -, para as profissões liberais, para as empresas, para os jornais, para a televisão, etc., etc., para se constatar o óbvio. As elites - as parcas que temos - já não se distinguem pelo género. Berrar o contrário por causa da matemática parlamentar, em estilo "ornamental", é que corresponde a menorizar o que não é menorizável, apenas para tranquilidade de algumas boas e más consciências de "esquerda". Afinal, quem é que é conservador?
3 comentários:
Colocado hoje no blog da sua amiga:
"Minha cara amiga (se assim me o permitir),
Lembro-me de ter sido chamado a defender um trabalho de Sociologia, porque eu (sexo masculino) desenvolvi o tema “Mulher – um problema de enquadramento comunitário”.
Escolhi esse tema porque tinha material suficiente para o seu desenvolvimento e considero (ainda hoje) que defendi melhor a igualdade de direitos com a minha atitude, do que muitos depois disso com a imposição de ‘regras de três simples’.
Não vamos confundir o compadrio e a incompetência que reina nas actuais estruturas partidárias, com aquilo que deveria ser uma verdadeira selecção de profissionais para representar o pais e que se deveria basear numa selecção de curricula.
Acredito tanto nas capacidades dos homens como das mulheres!
Não acredito no actual sistema!
Acredito menos ainda (sobre o actual sistema) numa regra de paridade!"
Mulher, profissional liberal, do povo, não poderia estar mais de acordo com o que escreveu.
O PR sabe bem do que falamos.
De resto, a inteligência, a competência, a capacidade, aquilo que esperamos de um bom servidor deste pobre país, para o caso, não está entre as pernas. Então para que estamos a meter o sexo nisto?
Enviar um comentário