14.6.06

"SEPARAR OS MIOLOS"


"Proust, no seu clássico afastamento da vida, é o próprio símbolo do artista moderno - o gigante doente que se encerra numa cela revestida de cortiça para separar os seus miolos". Grande frase de Henry Miller. Como vivemos num tempo em que já não existem Millers e Prousts (Proust "existiu" realmente?), esta frase deve fazer confusão nas cabeças formatadas que por aí andam. "Afastamento da vida?", "gigante doente"?, "separar os miolos"? Como podem se não os têm?

5 comentários:

António Luís disse...

Bom dia, caro João!

Bem sei que vou um pouco fora de tempo, mas tenho que lhe dar os PARABÉNS pelos 3 anos de Blog.
Sem as suas palavras, que leio diariamente, o nosso Portugal ainda seria mais pequenino!

Cumprimentos.
A. Luís

Anónimo disse...

:))))

Miolos?! Comem-se com quê?! :)))

João, parar e olhar para dentro de nós não é possível a todos... Causa dor e hoje, num tempo Dodot- usa-e-deita-fora, ninguém quer sofrer para crescer.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

“Via-me então obrigado a tomar respiração, de tal modo esse nome, pousando no lugar em que estava sempre gravado em mim, me pesava até a asfixia, pois no momento em que o ouvia, ele se me afigurava mais denso do que qualquer outro, visto que me trazia o peso de todas as vezes em que o pronunciara mentalmente.”

“... em seu olhar, um sorriso no qual, contrariamente ao que se lê no rosto de muitos humanos, não havia ironia senão para consigo mesma, e, para nós todos, como que um beijo de seus olhos, que não podiam ver aqueles a quem queria sem os acariciar apaixonadamente com o olhar.”

“Coisa estranha que tais palavras, ‘umas duas ou três vezes’, nada mais que palavras, palavras pronunciadas no ar, a distância, possam assim dilacerar o coração como se o tocassem de verdade, possam fazer adoecer, como um veneno que se ingerisse.”

“... aquilo a que minha imaginação aspirava e que meus sentidos só percebiam no presente de modo incompleto e sem prazer nenhum, eu o havia encerrado no refúgio dos nomes; e como eu ali acumulara sonho, esses nomes imanavam agora os meus desejos; ...”

Marcel Proust

Anónimo disse...

"O único procedimento mais difícil do que levar uma vida regrada é não impô-la aos outros."

"A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos."

"Cada qual considera claras as idéias que estão no mesmo grau de confusão que as suas".

Anónimo disse...

"Proust, no seu clássico afastamento da vida, é o próprio símbolo do artista moderno - o gigante doente que se encerra numa cela revestida de cortiça para separar os seus miolos"

... “entendo” o João perfeitamente e
... sinto que o João como pessoa muito inteligente, muito culta, doce e, de grande sensibilidade deva ter uma “enorme dificuldade” em encontrar, pessoas de “igual” nível que o entendam e, com quem possa dialogar...
... daí por vezes essa «compreensível» irreverência, compulsividade, ironia, como referi em comentários anteriores
... porem, ainda há por aí “alguns miolos”... Por vezes estão bem perto de nós. Olhamos ... e, não os conseguimos vêr ... talvez porque como, nos “isolamos” porque não encontramos motivos de troca e, ou de aceitação!
... adoeça ... como o “gigante” – mas com “grande consciência”
... encerresse numa “cela” não de cortiça, mas forrada com tudo o que lhe possa dar prazer ... façam-se “silêncios”
... a Vida será então vista de outra forma ... fortificamo-nos para melhor a enfrentarmos