5.5.07

O PPD/PSD


Este fim de semana o PSD perpetra trinta e três anos. Com a demagogia comentadeira dos do costume, podia afirmar que o partido está "no coração da democracia" tal como, no passado, se dizia ser o PPD o partido "mais português de Portugal". Confunde-se com o regime da mesma forma que o PS. Tiveram ambos a "ambição mexicana" e só cresceram para além dos triviais trinta por cento com lideranças indiscutíveis: Sá Carneiro, versão 79-80, e Cavaco Silva, num caso, Soares, versão 83, e Sócrates, agora, no outro. O PSD devora chefes como uma criança devora bolas de berlim na praia. O PS está provisoriamente no limbo do autoritarismo socrático mas nada garante que, de um dia para o outro, a filigrana com que se entretece este absolutismo claustrofóbico não se rompa. Marques Mendes corresponde ao intervalo entre o que podia ter sido e o que nunca será. Ignoro se o episódio camarário lisboeta lhe será fatal. Humanamente preferia que não fosse. Politicamente, é-me indiferente. O regime - todo, do topo do Estado às juntas de freguesia - precisa bater no fundo porque já não se regenera. Ontem, por exemplo, o Expresso da meia-noite, o programa solipsista do dueto SIC/Expresso, recebeu João Soares e Helena Lopes da Costa por causa de Lisboa. Para recorrer ao léxico da política francesa, são dois monumentos do passado e do passivo de Lisboa. Soares, apesar de tudo, sempre é melhor do que aquela senhora que devia fazer o favor a si própria de estar caladinha. Quando gente como ela chega a vereadora e a "número dois" da maior câmara do país ou a vice-presidente do PSD, é preciso dizer mais alguma coisa? Os trinta e três anos de vida do PPD/PSD são comemorados amanhã, na Madeira, e da melhor forma possível. Desejo que Alberto João Jardim - esse genial anarquista institucional - esmague (é este o termo exacto) os pigmeus que se lhe opoêm e que ninguém sabe quem são. "Cai e levanta-se todos os dias", podia ser o lema do PSD, partido que foi o meu durante mais de vinte anos. Se perceber esta evidência da política e da vida, será grande outra vez.

4 comentários:

Anónimo disse...

«O regime - todo, do topo do Estado às juntas de freguesia - precisa bater no fundo porque já não se regenera».

A UE é o profundímetro do governo em Portugal. Temos para pêras.

Mar Arável disse...

Já não há muito de especial a dizer sobre a matéria no entanto de algum modo afloro a sua ideia no meu mar aravel.Apareça.

Anónimo disse...

«bater no fundo»
Uma expressão que me ocorreu durante a fase infantil da democracia lusitana/PREC.
Os planos inclinados têem todos uma ponta/fim. E lá tivemos o 25Nov.
Do exemplo de um militar na política, o 1º PR eleito, austeridade, simplicidade, honra, parece nada restar.
Acontece é que uma qualquer volta, já não será com padres nem com militares/Forças Armadas.
Com este deslizar para o fundo, quando e como será?
Com um continuado processo de empobrecimento, semelhante ao que se seguiu à banca rota de 1892?

Miguel Marujo disse...

«O regime - todo, do topo do Estado às juntas de freguesia - precisa bater no fundo porque já não se regenera», escreve João Gonçalves para a seguir aplaudir o que de mais fundo produziu o regime, o palhaço da Madeira. Ó João não quer pagar a factura do arquipélago sozinho, com «esse genial anarquista institucional». É que este pigmeu está farto de ver a bandalheira dos seus impostos gastos à desgarrada, ou só Sócrates é que merece atordoadas por causa de gastos desnecessários? As máscaras caem sempre tão depressa.