Leio que cerca de trezentas (300...) pessoas participaram na "parada gay" de Lisboa. Parece que se seguiu um "arraial" que deve ter sido tão deprimente como a "parada". Há coisas que só valem a pena quando são a sério e sérias. É claro que, no caso vertente, nada pode ler levado a sério. Nem sequer a título de festa, de pura festa, como lá fora, com milhares ou milhões de pessoas indistintas. Em primeiro lugar, folclorizar as alegadas diferenças sexuais com manifestações de rua perfeitamente ridículas, só contribui para estigmatizar ainda mais - sobretudo numa sociedade analfabeta e nada cosmopolita como a nossa - a "diferença" de que se reclamam os "activistas" destas coisas. Aliás, a volúpia dos "activistas" é mesmo essa: acentuar a pretensa "diferença" para passarem a vida nestes fandangos, "culpando" a mazinha da sociedade pela "exclusão". Vai daí os "activistas" exigem, como vulgares sindicalistas do sexo, direitos. Casamento, divórcio, pensões de alimentos, adopção de criancinhas, condomínios fechados, etc., em suma, tudo o que um bom "homem médio maioritário" gostaria de ter. Não percebem, na sua alegre inconsciência, que, quanto mais berram, menos têm. Em segundo lugar, há que assentar definitivamente uma coisa. Não adianta vulgarizar rua afora comportamentos privados. Nem homossexuais, nem heterossexuais. Até porque as "barreiras" entre uns e outros estão demasiado esbatidas e a realidade está longe de ser o que os "activistas" ou o crédulo "homem médio" supõem. Quantos "heterossexuais" não correm do amante ou da amante para os braços quentinhos e aconchegadores da mulher ou do marido ao fim do dia? E quantos "homossexuais" não gostam de "curtir", para além do namorado ou da namorada, com pessoas de sexo diferente? Tenham juízo. Vão para casa - todos, sem excepção - e divirtam-se.
15 comentários:
De acordo.
Porque não intitulou o post de "Vícios privados, públicas virtudes"?
Muito "vulgar", presume-se...
Este post enferma de um grave erro que consiste em destacar a sexualidade como "algo estritamente privado", o que é uma pura falácia.
Infelizmente, a "teorização" feita no post é inexistente e até qualquer estudante universitário médio, minimamente rodado nos assuntos do eduquês e nas pretensas "ciências" ditas sociais (já para não falar na medicina/psiquiatria/genética), detecta as fragilidades de que o postal enferma.
Afinal, os recados e os remoques contidos no mesmo, mais não são de que a manifestação de uma raivazinha pelos estardalhaços próprios e legítimos de qualquer gay pride que se preze, desde Sidney a NYC, passando pelo Príncipe Real ou pelas margens do Almonda (Torres Novas)...
Não se nega que determinados sectores bem pensantes, incluindo o PCP, defendam que a sexualidade decorra por "debaixo dos panos", evocando Ney MatoGrosso, mas o que já se contesta é que à boa maneira de JPP, se ludribiem os outros com "análises" desonestas, como é o caso.
E mais desonesto, ainda, é acantonar a sexualidade das pessoas como se de futebol se tratasse... (dando-se como assente o sentimento desprezível que nutre pelo futebol)
Quem pensa assim, necessariamente se tem de catalogar como pairando acima das classes, num lugar destinado aos deuses assexuados...
Mas será que os deuses não têm sexo?
Meu caro "kevin" (sem Kline, que tem, seguramente, mais graça):vc não percebeu nada do que escrevi o que, aliás, é mais um direito. Se vc acha que se deve vir para as ruas proclamar com quem se dorme, é outro direito. Infelizmente não vivemos nos tempos da antiguidade clássica em que as cabeças estavam bem mais arrumadas do que agora, sem necessidade de estereótipos "vícios privados, públicas virtudes" - ou o contrário - que manifestamente não defendo, antes critico com clareza no fim do post. Se houvesse manifestações de casais abençoados, por exemplo, pelos Padres Feytor Pinto ou João Seabra, ou encimadas pelo prof. César das Neves, eu escreveria exactamente a mesma coisa. Quanto à ilustração, vc também não percebeu nada. Simplesmente achei "graciosa" a pose do jogador que, tanto quanto sei, é um herói nacional, apesar de brasileiro. Isto é, até os teoricamente "mais homens", perdoe-se-me a vukgaridade, também podem ter inesperadamente um gesto assexuado ou mais feminino sem que isso manche a sua virilidade. O que me parece é que há muitos homossexuais que se dão mal com a sua virilidade, no caso dos homens, ou com a sua feminilidade, no caso das mulheres. E isso é que é mau.
João Gonçalves,
a arma das "fortes" e dos "iluminados", como deve ser o seu caso, é considerar que aqueles que, por qualquer motivo se lhe opõem, é não perceberem as suas mensagens cristalinas e escorreitas ( antes enviezadas, na minha perspectiva).
O costume: a superioridade intelectual da "direita" obtida por copy paste da "esquerda".
Não retiro uma palavra do que comentei. E a sua interpretação autêntica não colhe, pelos seguintes motivos:
1.Independentemente de ser contra esse tipo de manifestações cívicas, parece olvidar que os grandes "saltos qualitativos" da Humanidade ( sem Marx à mistura...) se fazem na rua, em espaços públicos, e não tão somente na solidão das provetas ou no remanso dos lençóis ( e dos colchões ) - e o que fez na sua resposta ao meu comentário, foi "revisionismo" histórico;
2.Quanto à "pic" de Deco: se queria referir-se à homossexualidade "própria" do balneário ( tão badalada num mundial dos anos 80, ironia...), não foi suficientemente explícito e não vejo na fotografia qualquer sinal de graciosidade menos viril, ao contrário, por exemplo, do que acontece nas apoteoses das finalizações ( ou nos jogos patrocinados por Alexandre da Macedónia); vejo sim, coincidências nada inocentes;
3. Depois, não pode vir alegar que não houve uma dupla intencionalidade ao colocar a referida fotografia, pelos motivos sobejamente conhecidos do que se vai passar no dia de hoje, não podendo, assim, vender gato por lebre;
4. Quanto à arrumação das cabeças, ainda que a sua possa estar muito arrumada, terá que convir que, para que possa existir mudança nas cabeças menos arrumadas, a "mudança" pressupõe manifestações +/- folclóricas, incluindo a imolação de algumas vítimas, comme d'habitude, e isso reconduz-nos à necessidade das manifestações hiperbolizadas em espaços públicos, desprezíveis, no seu ponto de vista.
Assim, e já que os poderes públicos, dotados de cabeças vitorianas, arrrumadas, como a sua, não são como as da antiguidade clássica, ainda mais se justica as manifestações já mencionadas, porque defender o contrário, seria pactuar com a obscuridade.
Mas sobre esta matéria, talvez o Miguel Vale de Almeida ou o Frederico Lourenço, entre outros, o contariem com mais veemência...
kevin
MUITO BEM.....
como homossexual, acho essas paradas gay como uma manif de gente tonta e que lembra as célebres campanhas feministas de queima do soutien....
abraço
RPM
"Kevin", de novo (o que dá não haver praia):
a)não me reconheço na sua adjectivação, ela sim, preconceituosa;
b)tudo o que faço na vida, desde o trabalho aos afectos, passando por este modesto blogue, é tentar perceber; e, quando tento perceber, não uso lentes especiais;
c)quanto à circunstância das "grandes mudanças sociais" se fazerem na rua,e para não irmos mais longe, o Maio de 68, em França, levou a rua para dentro das universidades e dos teatros e gerou um amuo a De Gaulle e, posteriormente, de facto, a sua retirada caprichosa; no entanto, foram precisos mais treze(13)anos de "gaullismo" sem De Gaulle para que, nas urnas e não na rua, a "esquerda" chegasse ao poder;
d)a observação sobre os balneários do futebol é, julgo eu, totalmente despropositada e "ao lado" do que se exprimiu, bem como a alusão a jogos que me são indiferentes;
e)a minha cabeça, feliz ou infelizmente, é muito desarrumada e nesse sentido, muito pouco formatada ( e aqui já lhe respondo ao comentário infeliz que deixou no post seguinte);
f) e, "kevin", não adianta louvar-se em pessoas estimáveis como o Vale de Almeida e o Frederico Lourenço cuja maior qualidade é a actividade científica de tradução e não propriamente a sua "ficção autobiográfica" que tanto delíquio tem provocado nas almas mais sensíveis;
g) finalmente, de "vitoriano" tenho muito pouco: sou "mais" Lytton Strachey.
não conhecendo de todo qualquer dos intervenientes na discussão, considero de maior qualidade -indiscutivelmente - a argumentação de kevin.
joão gonçalves escreve com um tom moralista insuportável, ainda que eu acje insupotrável, mas legítima qualquer parada tribal (gay, fotebolóide, etc).
joão gonçalves,
para por um termo a esta pequena polémica, ( que não tem fim, felizmente) e não querendo utilizar o seu argumento, que agora caía que nem ginjas, de que "não percebeu nada do que escrevi ", apenas lhe digo o seguinte:
1. Não sei quem é, nem tenho intenções de o conhecer;
2. Intermitentemente visito o seu blog, não como referência, nem curiosidade "voyeurística", mas sim, porque dá nas vistas e porque as «suas estruturais contradições intrínsecas», passe o pleonasmo, à boa maneira de VPV, quase que me obrigam, num exercício participativo, a tentar demonstrar-lhe quão incongruentes, são alguns dos posts que põe à luz da blogosfera;
3. Também não se trata de uma questão de direita/esquerda, embora a antinomia que ressalta das suas opiniões, pensamentos e solilóquios seja a "figura" a que profusamente mais recorre e as suas mensagens sejam intencionalmente direccionadas para uma população-alvo;
4. Finalmente, queria exprimir-lhe que me recuso a ser tratado com desdém, como é seu apanágio, sempre que fala dos portugueses, à excepção "daqueles" que vc segue e todos os que hipoteticamente pastoreia.
Quanto à ajectivação usada, tudo não passa de uma questão de estilo, à qual obviamente vc terá que ser sensível, atenta a sua superioridade intelectual.
Kevin, sem aspas.
Qualquer homem que exibe publicamente as suas proezas heterossexuais, o mínimo que lhe pode acontecer é chamarem-no marialva (bem sei que não é a mesma coisa, mas será o mínimo dos insultos).
O sexo pode ser uma assunto público, mas daí a uma parada em que se exibem comportamentos que deveriam ser privados, por uma questão de bom gosto, estética, sei lá...é no mínimo ridículo e penso até que os seus participantes querem tudo menos serem levados a sério.
Antecipando comentários de homofobia, sempre digo que costumo pensar com a cabeça (a de cima do tronco) e não com o sexo. As minhas opiniões reflectem o que penso e não os meus gostos e comportamentos sexuais.
francisco silva,
demasiado justificativo e defensivo para o meu gosto, o seu comentário.
A "mouche" não é "As minhas opiniões reflectem o que penso e não os meus gostos e comportamentos sexuais", pelo contrário é perceber "historicamente", porque há necessidade (ou não há) de hiperbolizar determinados eventos e o que advém desse exagero.
Na sua "estética de vida discreta e contida" não conhece o conceito de visibilidade?
Ninguém estava a discutir opções sexuais e o seu comentário introduziu, ainda que inconscientemente, o ruído apimentado bem próprio da nossa portugalidade.
Adorei esta pequena polémica. Para mim façam-se todas as manifestações que quiserem, mas vejam se fazem uma mobilização decente, é que a coisa pareceu-me muito pindérica
Mas o João sai à rua para defender o que quer que seja?
Espera por graça do Altíssimo que o aceitem, ou que não o aceitando, possa viver em paz na mesma?
Apontou as baterias mas errou. Já lhe conhecemos o ódio aos sindicatos, vetustos e atávicos.
As minorias são uma história diferente, e não podem viver dos direitos-às-colheres. Vá ler Thoreau.
Sou alfacinha de gema e aprecio apreciar Lisboa quando tal é possível, o que acontece quase exclusivamente em fins-de-semana ou em Agosto, para mim o melhor do ano da cidade. Tive oportunidade de estar a passear a pé pela Av. da Liberdade quando ocontecia este espectáculo. Confesso não ter qualquer simpatia ou antipatia especial por aqueles manifestantes, nem pelo que eles defedem. Apesar de não estar (ainda?) totalmente convicto da respectiva igualdade plena - tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente-, convivo perfeitamente com a respectiva forma de estar. A haver problema, ele não é meu. É, contudo, importante ter presente que frequentemente pagam os justos pelos pecadores. Como aprendi pelo contacto social que ao longo dos anos tenho mantido com alguns elementos que jogam na outra equipa, aprendi a distinguir entre um "mero" homossexual, um "gay" e uma "puta". Falo de homens. Aquela manif, ao som de "I need a man" e "Its raining men", para além do gozo evidente dos próprios, mais não deve ter servido que para ser filmada pelos turistas que passavam nos double-deckers descapotados, e para empatar o transito. Deram show digno de "putas". Se julgasse todos por aqueles, desfazer-se-iam as minhas dúvidas. Já de retorno ao aconchego do lar, depois de mais um rombo no orçmento na FNAC do Chiado, :-(, fui abalroado por dois cavalheiros bebendo de garrafas de refrigerante um líquido de cor de vinho. Dirigiam-se para a Praça da Figueira, onde se arrumaram alguns dos resistentes, e combinavam a noite. Enfim. Cada um é como cada qual. Apesar de ter achado divertido, prefiro a diversão que a casa permite. Mesmo que seja o Deco a dar toques.
kk
porque não são homossexuais?
O tema da homossexualidade dá nisto.....
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