O João Villalobos, que escreve no Corta-Fitas, deixou um comentário neste post que me apetece glosar aqui. De facto, prenuncio a chegada de mais "literatura" do género "Amar depois de amar-te", de Fátima Lopes. Nada em mim se opôe a que isso aconteça. Sou um liberal anarquizante cujos níveis de tolerância são muito mais elevados do que eu próprio suspeito. No entanto, convém garantir que esses "escritores" saibam construir frases, depois juntá-las e, finalmente, atribuir-lhes um módico de sentido. Até pode ser o caso da Lopes, não tenciono sequer fazer uma ideia. Sucede que "contar" uma história não é fácil, sobretudo se for uma boa história. Tem de haver por lá um rasgo qualquer que a "ilumine", que justifique a sua leitura e não tanto a sua publicação, hoje em dia coisa de somenos importância. Francisco José Viegas e Miguel Sousa Tavares, por exemplo, conseguem "emitir" essa subtileza, esse "ambiente" de que falava Vergílio Ferreira para definir o "romance". Até para ter "graça" ou "desgraça", isso tem de lá estar. Ora, encontrar esse "eixo" é difícil. O que é fácil é vender "histórias" e, nisso, qualquer das hipóteses mencionadas, é perita e pelos motivos mais extraordinários, porventura todos alheios à noção que eu possuo de literatura. Aqui, sou menos liberal, seguramente mais "clássico" e, no extremo, mesmo reaccionário. Esta subliteratura, eventualmente respeitável, é uma maneira de prolongar, em forma de livro, uma "imagem" de televisão. Nada mais.
2 comentários:
... As Good As It Gets ...
A julgar pela sua prestação televisiva...Concordo com Vasco Pulido Valente,quando diz que nunca se leu tanto como agora-esses livros vendem-se como as cerejas-;o que está em causa é a qualidade.
Enviar um comentário