Está quase a "fazer anos" a exportação do dr. Barroso para Bruxelas, uma daquelas "honras" nacionais que bem podíamos dispensar. Em dois anos o dr. Barroso conseguiu, pelo menos, elaborar o seu auto-retrato que é, afinal, o retrato actual da União Europeia. O presidente da Comissão fala em "crisofilia" quando ele, baço e indistinto, é o rosto burocrático e político da crise de que é capataz-mor. Para temperar este vazio, Barroso agarra-se a jargões tão divertidos como a "Europa dos projectos", conhecendo nós, por experiência própria, o talento do homem para os "projectos". Depois foi o fracasso da "constituição europeia", preparada nos gabinetes anódinos de Bruxelas, ao arrepio da vontade das cidadanias múltiplas da União. A cimeira da UE que decorre por estes dias encontra-a "paralisada", o que não é exactamente uma novidade. Na sua alegre inconsciência, o dr. Barroso e os líderes dos países que contam efectivamente na União, têm vindo, com método e persistência, a semear o desastre. Caladinhos, os países "do alargamento" crescem como melhor podem e sabem e, aos poucos, tornar-se-ão os melhores aliados do "eixo" França-Alemanha ou mesmo só desta. A periferia, a que nós orgulhosamente pertencemos e da qual emergiu o dr. Barroso, persistirá e agravar-se-á. Bem pode o dr. Pinho, com aquela carinha de banda desenhada, prometer investimentos estrangeiros que ninguém o ouve. Lá fora, o mundo inevitavelmente mexe-se. E quanto mais ele se mexe, mais nós perdemos. Haverá mais dramas como a Opel e outros, silenciosos e de menor dimensão, por esse país fora. A Europa não "cresce" na nossa direcção. Numa inglória corrida contra o tempo, resta-nos acolher os embates. O sorriso eternamente inexpressivo do dr. Barroso quer dizer isso mesmo. Aguentem-se.
9 comentários:
discordo totalmente do que escreve, mas acho sobretudo preocupante a afirmação de que a Constituição Europeia foi "preparada nos gabinetes anódinos de Bruxelas". Não foi. O texto foi negociado numa convenção onde participaram representantes eleitos (de parlamentos nacionais, parlamento europeu e de governos). Depois, foi negociada entre os líderes europeus, em conferência intergovernamental. Mas, claro, existem muitos mitos sobre a União Europeia, que as pessoas vão repetindo de forma brincalhona, sem se aperceberem que defendem não-se-sabe-bem-o-quê.
Luís... não me diga que acredita na branca de neve e nos sete anões...
Explique-se lá...quem são os sete anões? E a branca de neve? Está a dizer que a UE não tem qualquer democracia? que o texto não se baseia nos tratados anteriores, já negociados? ou que vem aí uma bruxa má?
Parabéns pelo post.
A democracia rege-se sem dúvida por tratados anteriores, mas como são muitos, é dificil interpretar cada estrofe, pois parecem poemas saídos da cabeça de estrategas politicos sem o minimo de senso comum...Pois, se realmente esses ditos "tratados" fossem cumpridos a Europa não se econtrava na actual situação...Por isso "AGUENTEM-SE"...Parabens pelo Post João Gonçalves....
continuo a dizer que este post é demasiado confuso, que induz o leitor numa baralhada, pois mistura uma decisão de multinacional americana com a Europa, os novos Estados da UE com o eixo franco-alemão. O leitor anónimo anterior interpretou tudo como "os tratados não são cumpridos". Acho que o joão tem de se explicar melhor, noutro post, por exemplo.
Eu parto do príncipio - que a realidade não me deixa desmentir - que está mais ou menos tudo relacionado. Eu detesto o termo, mas é a "globalização". Estamos todos mais ou menos "uns nos outros" e uns mais do que os outros.Não faço doutrina com os posts. Eu sei perfeitamente que tudo vem de trás, sobretudo da infelicidade de Nice. A minha "tese" - que não é nenhuma - visa sobretudo o papel do dr. Barroso até agora. Sobre isso V. nada disse ainda. Sobre Portugal e o dr. Pinho, está tudo à vista. A Opel é um mero exemplo. Não me diga que acha que a Europa está a "deslocar-se" para a Costa da Caparica. Só se for para banhos. Para a próxima fale-me de ópera que é coisa que ambos gostamos.1 abraço
Como me obriga a responder com ópera, parece que vem aí um Chostakovitch de grande nível, em São Carlos.
Um grande abraço para si
Apenas para registar que duas decepções nacionais, talvez pedéssemos classificá-las de dois nadas sonoros - Guterres e Barroso - ganharam todavia o apreço da Comunidade Internacional. Que confiança política esta nos há-de hoje merecer, se só nos distingue políticos medíocres ?
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