6.5.06

GLOSAS


Em alguns comentários anónimos é salientada a minha admiração intelectual por Joseph Ratzinger como incongruente com o que digo. Por exemplo, ter escrito que "gosto de pouca gente e desconfio da natureza humana, como Ratzinger" torna impossível que, segundo o comentarista, Ratzinger possa ser líder espiritual e institucional de milhões de pessoas quando "desconfia" delas e "gosta de pouca gente". Apenas uns esclarecimentos. Quem efectivamente gosta de pouca gente sou eu e não o Papa. Com ele partilho "intelectualmente" um certo pessimismo antropológico que me faz, e à Igreja, desconfiar da natureza humana. Se a Igreja confiasse plenamente no "homem", não precisava existir. Bastava-lhe ir para as feiras vender tapetes persas e ler a Bíblia em voz alta. A Igreja existe justamente porque o homem é imperfeito e tolo. Nada disto tem a ver com a "caridade cristã" distribuída como preservativos pelo assistencialismo "social" e pela caridadezinha burguesa. Se os comentaristas lerem com atenção a encíclica de Bento XVI, "Deus caritas est", a noção lá expressa da "caritas" - imperfeitamente traduzida para português como "amor" - nada tem a ver com essa concepção hipócrita do "amor pelo próximo" divulgada em actos e omissões por aqueles que, por muito baterem com a mão no peito, se julgam "melhores" que os outros. Aprendi há muitos anos que Deus nos manda ser bons, mas que não nos manda ser parvos. Ratzinger também.

4 comentários:

Anónimo disse...

Para facilitar a tarefa dos leitores do blogue,
segue-se o endereco da pagina do Vaticano com a ecniclica em Portugues.

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.html

Toda a traducao e' imperfeita, mas a traducao de "caritas" por "amor" e' a mais usual, e aquela que tem o assentimento papal (ver tambem por exemplo a versao italiana). A passagem da epistola de S. Joao que da o titulo a Enciclica e' normalmante traduzida por "Deus e amor", e e' assim que e' lida nas missas em lingua portuguesa.

Sobre o conceito de "caridade crista" chamo a atencao para o ponto 31 da enciclica ("O perfil específico da actividade caritativa da Igreja"). Nela e' lembrado que
"Segundo o modelo oferecido pela parábola do bom Samaritano, a caridade cristã é, em primeiro lugar, simplesmente a resposta àquilo que, numa determinada situação, constitui a necessidade imediata: os famintos devem ser saciados, os nus vestidos, os doentes tratados para se curarem, os presos visitados, etc. "

Alfredo

Anónimo disse...

Ó Alfredo vai bugiar....

Anónimo disse...

A Caridade está classificada como uma virtude teológica a par da Fé e da Esperança.

Se não é virtude teológica é algo parecido.

por isso, e só para nos situarmos, a Caridade também vai bugira?

Anónimo disse...

Não tenho comentado os seus “posts”, por variadíssimos aspectos pessoais.
Hoje decidi visitá-los e, eis senão quando leio este “post” que, relativamente ao qual, vou responder rapidamente, para que não fique nenhuma dúvida, caso eventualmente, o “anónimo” que se refere seja “eu” – «anónimos há muitos»!
Penso que tenha a ver com este meu comentário

Anonymous said...
“Gosto de pouca gente e desconfio da natureza humana”
(João Gonçalves)
... e, para criar mais um pouco de “entropia” subscrevo a frase acima referida e inserida no post “A RAZÃO DE RATZINGER”, porque cada vez mais fico de pá atrás com os seres humanos que me rodeiam e, por consequência acabo tambem por gostar de muito poucas pessoas ...
... sempre fui assim, mas agora as pessoas conseguem desiludir, um pouco mais
... a anónima das "aspas"
... ou a "compulsiva" das "aspas"
... como queiram
7:46 PM
comentário este, que nada tinha a ver com “alguem em especial”.
Era e, é efectivamente, num contexto geral, no que diz respeito ao “ser humano” e, porque acho que as pessoas andam grande maioria à procura não sei bem de quê, não se lembrando, de procurar dentro de si próprias, onde provavelmente encontrarão todas as respostas. Se, as não encontram há pois, far-lhes-á muita falta – Freud, o seu Divã e, por aí fora ...
RELATIVO AO “POST” 20.4.06
COMENTAR O COMENTÁRIO
(Post relativo a JPP e, seu artigo no Público) que obteve «23 comentários», entre os quais o que atrás refiro.

Utilizei essa sua frase
«gosto de pouca gente e desconfio da natureza humana”
... utilizo e, utilizarei, porque, na realidade é assim, presisamente, que sinto/penso/e, estou na vida actualmente.
Não quero dizer que não possa “mudar de opinião”, se eu achar que “o” deva fazer.
... só os “tolos” é que não mudam
E, continua
«Quem efectivamente gosta de pouca gente sou eu e não o Papa»
... eu, percebi “muitíssimo bem” que era o João e, não o Papa
e que,
« Com ele partilho "intelectualmente" um certo pessimismo antropológico que me faz, e à Igreja, desconfiar da natureza humana»
... eu, tambem, percebi “muitíssimo bem”, o que me surpreende é este seu “post” ...
É que, no meio de 23 comentarios com variadíssimas opiniões, por causa de um texto precisamente, a respeito, das ditas, respostas anónimas e do fenómeno da Blogosfera.
Alguns, inclusivamente irritados com a presença da “Anónima das aspas”, “eu”
Outros razando a falta de respeito, etc. ...

E, só agora é que sugere que vá ler, com atenção a encíclica de Bento XVI
Depois refere
«nada tem a ver com essa concepção hipócrita do "amor pelo próximo" divulgada em actos e omissões por aqueles que, por muito baterem com a mão no peito, se julgam "melhores" que os outros. Aprendi há muitos anos que Deus nos manda ser bons, mas que não nos manda ser parvos. Ratzinger também»
... pois eu tambem
“Aprendi há muitos anos que Deus nos manda ser bons, mas que não nos manda ser parvos”
... assim sendo, certamente “ambos” respeitamos Joseph Alois Ratzinger - Papa Bento XVI

... mas, afinal explique-me, uma vez que “pareço estar a ser muitíssimo estupida” o que é que pretende?
...que deixe de comentar?
...cordialmente!