"Deixei-me aprisionar nas minhas próprias cadeias, eu o menos livre de todos os homens. Oh santa vergonha, oh dor vergonhosa, desgraça dos deuses, fúria infinita, aflição eterna. Sou o mais triste de entre os homens. O que a ninguém revelei, fique para sempre não dito: é para mim que falo ao falar contigo. Quando o desejo próprio do amor juvenil me abandonou, a minha vontade dirigiu-se para o Poder: tomado por súbitos desejos feéricos, conquistei o mundo. Fui desonesto sem o saber, conduzi-me de forma desleal, concebi alianças com aqueles que escondiam fatalidades. Loge, com astúcia, seduziu-me para logo desaparecer, errante. Ao amor, contudo, não pude renunciar e, no Poder, ansiava pelo amor. Aquele que a noite engendrou, o temeroso Nibelungo Alberich, rompeu a aliança. Maldisse o amor e, através da sua maldição, apoderou-se do ouro resplandecente do Reno que lhe trouxe um poder desmesurado. Arrebatei-lhe astutamente o Anel que havia forjado, mas não o devolvi ao Reno. Com ele paguei as muralhas de Walhalla, o castelo que os gigantes edificaram e a partir do qual governei o mundo. Aquela que tudo sabe e que conhece o que outrora foi, Erda, a augusta e sapientíssima Wala, aconselhou-me a libertar-me do Anel e anunciou-me o fim eterno. Quis saber mais acerca desse fim. Porém, a mulher desapareceu em silêncio."
(continua) Tradução livre do monólogo de Wotan na 2ª Cena do II Acto de A Valquíria no qual, de alguma maneira, o "deus-homem" conta a origem de O Anel do Nibelungo, retratada em O Ouro do Reno. Imperdível.
(continua) Tradução livre do monólogo de Wotan na 2ª Cena do II Acto de A Valquíria no qual, de alguma maneira, o "deus-homem" conta a origem de O Anel do Nibelungo, retratada em O Ouro do Reno. Imperdível.
7 comentários:
... “LINDÍSSIMA” homenagem a Wagner
... obrigada
... e, tambem pelos seus POSTS - «"... ANUNCIOU-ME O FIM ETERNO."» - «WAGNER REVISITADO» e «"TUDO O QUE É TEM UM FIM" 1 e 2»
... e, não há “frase” mais verdadeira “TUDO O QUE É TEM UM FIM" e, por mim vivida, sofrida e, tudo o que ela quer dizer, em qualquer circunstância da Vida
... para tudo na Vida é necessária, uma forte “presença de espírito”. E, essa foi redobrada, nestes últimos dias
... aqui estou
« Tudo passa com o tempo. As águas ficam»
Henry Miller
... consolou-me, hoje “lêr” estes POSTS
... a minha “tristeza” ficou menor
... é «muito agradavel» vêr/sentir, a sua «enorme satisfação/emoção» ao relatar/comentar, esta ópera em cena no S.Carlos e, já completamente esgotada
... foi “Excelente” partilhar conosco. E, fá-lo sempre com enorme “elegância/simplicidae/conhecimento/charme/inteligência”
... e, mais uma vez pelos “tons”
... obrigada
Ó Homem deixe-se de excessos e exaltações, aquilo é muito pouco imperdível, recordo-lhe que em Aix-en Provence encena Stéphane Braunschweig, toca a Filarmónica de Berlim e dirige o Rattle, já daqui a um mês e ainda havia bilhetes a semana passada. Em Bayreuth tem a nova Tetralogia completa daqui a dois meses e se for para a porta de manhã arranja sempre bilhetes para a tarde apesar das lendas (tem a vantagem de ser muito mais barato do que Aix-en-Provence) e continuam as Tetralogias até ao final do ano em todo o lado com melhores orquestras (muito fácil) e com melhores cantores.
Agora com a OSP a assassinar a música e a acústica defeituosa desta "experiência" e apenas uma encenação certinha de roupão e de deuses burgueses vestidos à desportistas americanos (e o basebol de Donner e Loge não é assim tão elitista), nibelungos explorados armados em corretores da bolsa, tudo já muito batido cum um míssil apenas para o efeito barato, é interessante mas nunca imperdível.
Um abraço
Henrique
Na recita de segunda Feira a OSP foi otima, muito melhor do que na estreia.
Estão de parabéns considerando as varias dificultades, fala-se de temperatura acima dos 38 graos no fosso na primeira hora e meia de espectaculo.
Creio que esta producção seja de facto imperdível. Concordo com o João.
Não val a pena de comentar a tristeza das analises e ddos falsos moralismos de quem vai á Opera vestido de smoking, unico na sala,para distinguir-se do "povinho" e tentar assim de ganhar uma credibilidade que não pode não nunca irá a ter.
A encenação é otima! Todos podemos encontrar as nossas referencias éticas o filosoficas; uma bela transposição aos tempos modernos onde as guerras não são só belicas mas telematicas e economicas também. Grande prodeção, mesmo imperdível.
Especialmente para um teatro que nunca tem tiso esta vocação. Grande coragem do Pinamonti, da sua equipa, da Orquestra, do encenador. Otimos os cantores.
Concordo só com uma das coisas dita nestes comentarios. O Sãi Carlos não é um teatro com as especificidades acusticas para se poder apreciar (...) Wagner; ainda menos com esta dislocação; "ergo", melhor não fazer máios Wagner no teatro de São Carlos. Assim deixamos ir os bacanos para Aix ou para a Alemanha a iludur-se.
Una coisa menos positiva.
Wagner!! o tipo é um pouco palavroso; as ideias são bonitas, é verdade; com uma hora de delírio de omnipotencia a menos estaria perfeito...eh eh
Tambem gostei,muito, e a leitura que faço é que a humanidade pode ainda estar no Prologo,, e reescrever os actos subsquentes.
Por muitas leituras de fim-de-história com que queiram empacotar o revolucionário Richard Wagner
Quando o Massimo deixar de ter um português mínimo poderá escrever sem se perceber que é ele.
Creio seja melhor o mínimo dele comparado com aquele de quem desde sempre continua a dizer nada, mesmo nada, com um Português otimo
O Henrique � um parvo e s� est� habituado a comentar os erros, infelizmente quem faz coment�riarios assim n�o merece credibilidade e s� revela que deve ser um m�sico frustrado.
Enviar um comentário