Sem sair do tema "5 de Outubro", parece - eu não estava em Lisboa - que o presidente da "causa real", o dr. Paulo Teixeira Pinto, distinto poeta, pintor e ex-não menos distinto banqueiro promoveu uma "acção" que meteu cacilheiros e as já habituais bandeiras azuis e brancas. Desta vez agitaram-nas no Largo Camões. Esta gente não entende que não é por muito agitar ou colocar bandeiras com essas cores um pouco por todo o lado que mudam a natureza das coisas. Não mudam e, a continuarem assim, desacreditam-se um pouco mais. Qualquer regime, para sobreviver, precisa de austeridade. E a austeridade começa justamente na forma. Isabel II de Inglaterra só cedeu à vulgaridade em 1997, aquando da morte de Diana Spencer, porque o seu país era governado por um bimbo sorridente e "correcto" que inventou, na hora, a expressão mágica: "princesa do povo". Os nossos pobres monárquicos oscilam entre a seriedade a feira popular. Assim não vão lá.
7 comentários:
Queres feira popular? Simples: vai a um comício republicano do PSD ou do PS. Faz-se o pleno!
Ter na frente da "Causa Real" um presidente (terminologia republicana), como é esse grande poeta e contador de notas do BCE, é meio caminho andado para abandalhar a própria Causa.
De resto o que fica dessa causa é a linda bandeira azul e branca (parecida com a dos Açores) e que nunca deveria ter sido substituida por uma bandeira de «pretos» conforme invectivava o truculento Guerra Junqueiro.
O conspicuo PTP, fez corso folião com a Cauza Real, de que é rei momo, entre pandeiretas e vivas ao rei.
Por pouco, cuidei que era a cachorrada do Bloco, em modo agit-prop.
Ainda assim, prefiro os caretos de Podence.
Em Podence, claro.
A bandeira república, é medonha.
Mais valia terem mantido a outra, mas sem coroa.
Assim, tão real feiura, parece vingar a monarquia.
Quiseram escorraçar o azul e prata dos borgonhas...e puseram as cores da ordem de avis e de santiago da espada, presentes em vários trajos usados por lusos reis passados...
Não se vai lá é com tanto preconceito, João Gonçalves.
Agradeço-lhe que não volte a chamar poeta, sem aspas, a esse indivíduo. Não por se tratar de um socretino serôdio, mas porque simplesmente não é poeta quem quer, por muito que ele queira.
Dos "pobres monárquicos" :
-«Num sistema democrático, as instituições políticas resultam de convenções constitucionais legitimadas pela vontade expressa dos cidadãos. Nada obsta, por conseguinte, que se determine constitucionalmente que algumas dessas instituições sejam ocupadas por titulares cuja legitimidade não seja necessariamente eleitoral, conquanto que não desempenhem funções de soberania, isto é, que não tomem decisões que determinem a vida dos cidadãos sem que estes tenham a possibilidade de participar na escolha de quem as formula. A natureza democrática do cargo não se perde, quer porque a Constituição determina a sua particular natureza, quer porque não desempenha funções políticas que careçam de legitimação por parte dos seus destinatários.
Este é o caso da monarquia constitucional, na qual o Rei não governa, mas reina, não decide, mas equilibra – pela força particular da instituição e não obrigatoriamente pelas particularidades pessoais de quem a ocupa -, não faz política, nem tão pouco nela intervém, mas é uma referência simbólica e ética (mais uma vez, reafirme-se, a instituição e não necessariamente quem a ocupa), estabelecendo-se como um padrão de comportamento institucional para os diversos agentes políticos.
Eu diria, a um ano do centenário da República, que é disto que Portugal carece: de uma instituição da qual decorra – pela particularidade de não poder envolver-se constitucionalmente na refrega política e de ser, em virtude disto também, hierárquica e moralmente superior às demais – um exemplo que ponha tino aos nossos políticos e lhes sirva de padrão comportamental. Numa palavra, que os torne mais civilizados, polidos e contidos nas suas acções, sendo, assim, um limite natural ao desregramento do poder soberano. Aquilo que, ao fim de três regimes republicanos em Portugal, a República em nenhum deles conseguiu, e que a instituição monárquica realiza todos os dias nas democracias em que vigora».
Rui a In «Portugal Contemporâneo»
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