O ESPEVITADOR NACIONAL

Cavaco não foi mas apareceu no seu Jardim da Cascata com uma alocução sobre a "efeméride". E que disse? «Devemos unir-nos em torno dos grandes ideais republicanos. Ideais que exigem, da parte dos agentes políticos, um esforço acrescido para a concretização da ética republicana e para a transparência na vida pública.» Com certeza. E mais? «Os governantes têm de conhecer a realidade do País. E os cidadãos, por seu turno, têm o dever de participar na vida cívica, ao invés de se queixarem sistematicamente do Estado ou da classe política», logo os portugueses «têm de vencer a tendência para se lamentar de “tudo e de todos”» para «melhorar “o que é de tudo e de todos”.» Isto faz lembrar a conversa da maledicência que, em duas ou três semanas, tão auspiciosas venturas trouxe ao senhor engenheiro. Sócrates - como ele não se cansou de repetir - é uma espécie de espevitador da vida pública nacional a quem o próprio Chefe de Estado, pelos vistos, não fica "estrategicamente" indiferente. Ainda acaba a dar vida a mortos.