DECLARAÇÃO DE INTERESSES

Uma das coisas que mais impressiona na fala e na escrita dos "comentadores" do regime, sejam de esquerda ou ditos de direita, é a sua impossibilidade de, antes de abrir a boca ou o computador, produzirem uma declaração de interesses. Fora uma ou duas excepções conhecidas, falam e escrevem como se fossem "neutros", "isentos", extra-terrestres e "iluminados" pela correcção e por quem lhes paga. Aqui não há nada disso. Aqui deseja-se a vitória, ampla, na Europa alargada para além do que deve, dos partidos da Direita e do Centro-Direita, filiados ou não no PPE, e a consequente derrota dos partidos da Esquerda, particularmente dos filiados no PSE, sublimemente representados por essas criaturas que envergonham a melhor memória do socialismo democrático e da social-democracia europeias: Brown (o menos mau, humanamente, deles todos), Zapatero, a filha de Delors (esse fraco, como dizia Mitterrand), a improvável Ségolène Royal ou "o menino de ouro" do nosso PS, etc., etc. Quatro anos de Sócrates tornaram-nos mais periféricos, mais provincianos e mais distantes da Europa mítica e mentida dos seus cartazes. Vital Moreira não conta. É apenas mais um dos esbirros que tem pelo menos o mérito de dar a cara, sem vergonha, coisa que muitos dos acólitos do admirável líder não são capazes de fazer, acobardando-se no anonimato e nas ameaças primitivas. Aqui não temos medo. Ide, pois, votar pela Europa com o coração em Portugal.