"A nostalgia é sempre uma condenação e um libelo contra o que está. A torrente de obras sobre Lisboa, que invade as estantes das livrarias, tem uma explicação: os lisboetas detestam a cidade onde vivem, olham para a cidade perdida com um misto de misericórdia e saudade. Lisboa foi assassinada por portugueses. Hoje, é buraco, são grafittis, portas e janelas emparedadas, obras suspensas, jardins devastados, árvores ressequidas, lixo, mendigos e gente esfarrapada, urinóis contra as paredes, fachadas escalavradas. Lisboa já não é cabeça de nada. O império morreu, os ministérios estão entregues a provincianos boçais que a invejam e detestam, os ricos dela se ausentaram, estabelecendo-se nas Cascais e Belouras. Lisboa morreu. Só não demos conta disso porque há por aí alguns necrófagos que querem acabar o trabalho por outros entusiasticamente iniciado."
in Combustões
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2 comentários:
Não vivo em Lisboa,mas às vezes vou aí,e,comparando com as imagens que esses livros nos dão, é inegável a decadência,como,aliás,acontece por outras regiões do País(todos os dias,quando vou trabalhar,ao passar por zonas que ainda conheci na sua máxima beleza,insulto mentalmente os nossos autarcas).
(idem) para o Porto, a cidade-fantasma.
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