... "Depois de Campos e Cunha, Freitas do Amaral. O Governo está mais PS." No primeiro caso, é uma espécie de mistério do Entroncamento. No segundo, malgré lui.
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
30.6.06
A COLUNA VERTEBRAL DA RTP
Pelos detalhes fornecidos pelo Telejornal da RTP - que incluíram um desenho anatómico com a sinalização da "7ª vértebra cervical" - , será que a televisão pública se prepara para transmitir em directo a operação à coluna vertebral do prof. Freitas do Amaral para termos a certeza que o homem não se foi embora por causa da "política"?
LENDO OUTROS
"A voz do dono", do Pedro Correia, no "Corta-Fitas". A RTP já tinha assegurado o "número" do "diário audiovisual" das proezas governativas. Agora, com outro recorte literário, a LUSA segue pelo mesmo caminho. Cá estão as "sinergias" do Mundial a funcionar. Se acabarem amanhã, como desejo, de que é que se irão lembrar para a semana?
AS CRUZES
O ubíquo dr. Severiano Teixeira - que foi porta-voz da funesta terceira candidatura do dr. Mário Soares e que este expeditamente remeteu a prudentes silêncios, para além de ainda há dias ter zurzido "cientificamente" o modelo de "segurança interna" em vigor - é o novo ministro da Defesa Nacional. O titular, o discreto dr. Luís Amado, transitou para o MNE para preencher um lugar que estava vago há já algum tempo. Freitas do Amaral é um homem que não se dá bem com a gestão dos seus "tempos". Passado, presente e futuro são coisas que nunca estiveram bem arrumadas na cabeça do professor. Aliás, Freitas tinha sido MNE no princípio dos anos oitenta, numa altura em que eram outros o mundo e a Europa. Imagino que nunca se deve ter sentido muito à vontade neste derradeiro papel mal amanhado. Não foram, por isso, apenas as "cruzes" que obrigaram à renúncia. Praticamente desde o primeiro dia que Freitas carregava uma e bem pesada. Foi aliviado. Ainda falta aliviar outros.
O DISCURSO DO MÉTODO - 2
A confrangedora ignorância revelada por alguns comentadores anónimos acerca do que se escreveu aqui, obriga-me a dizer mais qualquer coisa. E quem ouvisse ontem o ministro responsável pela "reforma da administração pública", ficaria ainda com mais dúvidas do que as que ele manifestou. O PRACE ou outra qualquer "reforma" semelhante, não pode, pela natureza das coisas, meter tudo no mesmo saco por causa da obsessão com a poupança. Nem sequer dentro do mesmo sector. Um teatro, por exemplo, não é o mesmo que um museu e este está longe de se parecer com um instituto da economia, com um hospital, com um liceu, com uma divisão da PSP, com um quartel ou com uma universidade. O meu "interesse" nesta matéria é abstracto - ninguém me pediu opinião, nem sequer a título profissional - e não sou assim tão mesquinho ao ponto de me agarrar à minha "capela" que, aliás, não é nenhuma. Sempre entendi que o Estado e o interesse público se servem em qualquer lado, de acordo com as necessidades públicas e as habilitações e as motivações de cada um. O que eu não aceito é que o Estado sirva para promover corporações, sejam elas quais forem. A medida da redução das circunscrições judiciárias - num sector empedernido como é o da justiça onde os seus principais agentes apreciam manter-se "fora" do Estado e da "política" ou só a eles recorrem quando lhes convém- é de elementar bom-senso. O resto não sabemos. Nem o governo.
29.6.06
PARABÉNS, DR. SANTANA LOPES
Por curiosidade, nos últimos três dias procurei passar pelos três canais generalistas à hora de início dos telejornais da noite. A SIC e a TVI insistem na bola, com "directos" perfeitamente ocos. A RTP, pelo contrário, cumpre o seu papel de "diário" audivisual do governo. Sem rebuço, Rodrigues dos Santos percorre a "agenda" do dia do governo onde podem aparecer, quer o primeiro-ministro, quer um ou mais ministros, ou todos, dependendo do tema. E pensar eu que, há pouco mais de dois anos, andávamos todos a bater nos drs. Santana Lopes e Morais Sarmento por causa da "central de informação". Aos cinquenta anos, que hoje se completam, Santana Lopes que ponha os olhos no profissionalismo destes cavalheiros. Parabéns e aprenda.
A ALIANÇA
Na preparação para o orgasmo patriótico do próximo sábado, os jornais fazem eco do que os seus congéneres britânicos andam a dizer. Parece que há quem chame aos rapazolas do sr. Scolari, "malfeitores" e "fingidos". Dar-se-ia o caso de a lustrosa "Aliança Inglesa" dever impôr, só por si, algum comedimento ao outro lado? Não me parece. Tirando o folclore casamenteiro anterior e outras peripécias menores, o pináculo da "Aliança" foi atingido nos séculos XVIII (1703), com o Tratado de Methuen, e XIX, com as invasões francesas e o "bloqueio continental". As indústrias manufactureiras da costa e de "luxo" foram arrasadas com o Tratado de 1703 cuja repercussão no interior foi diminuta. Ontem, como hoje, o "interior" não contava. Coube ao Marquês de Pombal "moderar" os efeitos da coisa com o estabelecimento da Companhia de Vinhos do Douro - criando uma área de capitalismo agrícola, na sequência da política fundiária do Marquês de Alegrete - e com o aproveitamento da mutação no "gosto" vínicola inglês em direcção ao nosso vinho do Porto, ainda no século XVII. Todavia, não chegou para compensar o "desequilíbrio" a favor da Inglaterra. A exportação dos nossos produtos vínicolas internacionalizou definitivamente a matéria, porém sem grandes contrapartidas para a incipiente indústria portuguesa. No meio disto tudo, andava naturalmente o ouro do Brasil e o olho dos ingleses nele. A sua utilização como meio de pagamento anulou os dramáticos esforços manufactureiros domésticos. Como sempre, o ouro "aguentava" o défice. O que se seguiu, também é conhecido. Por causa da "Aliança", Portugal "furou" o "bloqueio continental" ditado por Napoleão contra as exportações da Ilha, foi invadido pelos franceses e, depois, pelos "aliados" supostamente para nos livrarem dos franceses à conta da dita. Pelo sim, pelo não, os ingleses ficaram por cá, a corte pusilanimemente fugiu para o Brasil e, em 1820, deu-se a gloriosa "Revolução" que instituiu o "liberalismo" monárquico-constitucional e, a seguir, o "rotativismo", algo que continua "mais-ou-menos" no actual regime, com o senão da inferior qualidade da maior parte dos protagonistas. Tudo isto pode ser apreendido pela leitura das obras de Jorge Borges de Macedo, de Sandro Sideri (um livrinho muito interessante das "Edições Cosmos", intitulado "Comércio e Poder"), de Raul Brandão ("El-Rei Junot") e de Sttau Monteiro, a peça de teatro "Felizmente há luar". A Inglaterra, como lhe compete, tratou-nos quase sempre com desprezo, ou seja, como "malfeitores" e "fingidos". Por isso, estes jogos florais ligados à bola não têm importância nenhuma. Como diria Shakespeare, eles são o que eles são e nós, para não destoar, somos aquilo que somos. Depois de sábado, tudo ficará exactamente na mesma.
O DISCURSO DO MÉTODO
Pareceu-me ler, de relance, na capa do Público num quiosque, que até ao final do ano o governo tenciona aprovar trezentos (300) diplomas que alegadamente concretizam a "reforma da administração pública". Não sei - porque não os contei- se o dr. Salazar, quando abraçou a pasta das Finanças e redigiu pelo seu próprio punho a "sua" reforma financeira e administrativa, chegou a pôr cá fora tanta legislação. Este exercício fútil que consiste em legislar, legislar e legislar, alterando, revogando e derrogando coisas, algumas das quais nem chegaram a afectar a "realidade", é um empedernido hábito nacional. Não necessariamente porque brota de um "pensamento complexo" - o legislador sabe lá o que é o "pensamento complexo" -, mas porque um jurista que se preze gosta de deixar a sua "leizinha" para a posteridade, mesmo que a posteridade só dure seis meses. Apenas a circunstância de a "reforma" começar desta forma, deve inspirar as maiores desconfianças. Depois de tanto "Simplex", de tanto "Prace" e de outras siglas que não me ocorrem, é preciso voltar aos bons hábitos salazaristas para "mudar" qualquer coisa. Atrofiar a administração pública com mais legislação no pressuposto de a "reformar", é uma espécie de "pescada de rabo na boca". Qual Lampedusa da Pampilheira da Serra, o governo "mexe" em alguma coisa para que tudo fique moderadamente na mesma. O método fala por si. O discurso também.
Adenda: Já li melhor. Uma "comissão técnica", supostamente essencial para o "PRACE, detectou "apenas" cerca de duzentos e cinquenta mil funcionários. Muita gente não lhe ligou nenhuma e pura e simplesmente não acedeu aos pedidos de informação da "comissão". Ficaram de fora, por exemplo, os professores e os magistrados judiciais. Em suma, o Estado não sabe exactamente quem trabalha para ele, onde e por que razão. Sem isso, vão reformar o quê?
DECIDIR
O Paulo tem razão. Só pelo facto de Alberto Costa "mexer" no extravagante parque judical português - esse monstro inerme e anacrónico a que toda a gente vota um temor reverencial - reduzindo-o a trinta circunscrições até ao final do ano, merece umas palmas. As santidades sindicalistas dos juízes e do MP, designadamente o inefável dr. Cluny, que não perdem uma oportunidade como severos "guardiões do templo", talvez comecem finalmente a entender para que serve o poder político democrático. Nem sempre serve para grande coisa, de facto, mas às vezes intervala. É o caso.
28.6.06
LENDO OUTROS
O Francisco Trigo de Abreu conseguiu, finalmente, escrever outra coisa para além da bola. E que bem que ele a entendeu. "Desire and death is what we are".
TOYS 'R' US
É assim mesmo. Não deixe o professor Marcelo passar-lhe à frente. Já leva uns quinze dias de avanço.
NAS RUAS DA AMARGURA
O sr. Ruas, vizir eterno em Viseu e presidente da "associação nacional de municípios", instou os autócnes a "correrem à pedrada" com inspectores do ministério do Ambiente. "Arranjem um grupo", berrou o "autarca", e é "correr [com eles] à pedrada". Isto foi dito, sem um murmúrio da assistência, na "assembleia municipal de Viseu". O sr. Ruas, à semelhança de outros, deve ser considerado pelos seus eleitores como um autarca "modelo". Por feitio (mau), desconfio de autarcas. Dos que falam e dos que se calam. Porém, ainda desconfio mais de homens que pintam o cabelo e o bigode. O sr. Ruas junta brilhantemente as duas maleitas. Uma desgraça nunca vem só.
COISAS DE VELHOS
1. O post anterior suscitou alguns comentários interessantes. Pena é que haja autores que se escondem por detrás do anonimato e de uma igualmente interessante "teoria científica". Convido-os, desde já, e para além dos comentários que vão deixando, a produzir prosa identificada que possa ser convertida em posts. Todavia, não é por isso que deixo de fazer algumas observações.
2. A primeira - a mais óbvia e da qual deriva tudo o mais - prende-se ao motivo do post, um livro. Sem que o livro seja lido e entendido, não saímos destes jogos florais. Insisto. O autor, Simon Goldhill, propôe-nos o seguinte: tentar perceber em que medida a cultura clássica está presente no nosso quotidiano político - a democracia-, de costumes, religioso, social, etc. Para o fazer, Goldhill, um especialista em Grego, explica, entre outras coisas, os padrões de comportamento cívico dos "antigos" e, nisto, inclui-se a atitude dos mesmos perante as "afinidades electivas" e sexuais. Falamos de sociedades - na pratica e exclusivamente - de natureza patriarcal, nas quais a amizade viril e a cumplicidade intelectual - a dos "cidadãos" entre si, e destes com os mancebos destinados a ser mais tarde, também eles, "cidadãos" - são dados essenciais para entender aquilo a que o tradutor chama de classicismo (literalmente, Goldhill, em epígrafe, titula "como é que o mundo antigo molda as nossas vidas") . Por outro lado, o autor discute, à luz dessa "vida em ruínas", a respectiva projecção no dia-a-dia, pelo menos, do "homem ocidental". Heidegger, aliás, insistia na etimologia da palavra "ocidente" - a terra do Ocaso, do declínio do ser - e, ao lermos Goldhill, percebemos porquê.
3. Mais. O facto de, por uma forma relativamente generalizada, se impôr - impormos - um "padrão" normativo aos comportamentos sexuais, a partir da classificação "hetero" e "homo" inventada por volta de 1870 na Alemanha, não significa que ele exista realmente. A tese respeitável do "hipotálamo", por exemplo, não explica por que é que soit disant "homossexuais" praticam sexo com pessoas de sexo diferente quando lhes dá na telha, e em fases completamente distintas do "crescimento", ou por que ditos "heterossexuais" o fazem de igual modo com pessoas do seu sexo. Por consequência, Goldhill interroga-se sobre se fará algum sentido falar de "natural" nestas matérias, deixando um mote sugestivo: "limita-te a fazer o que acontece naturalmente".
4. A frase de Aristóteles, lida à luz da "normalidade", seria uma aberração porque vivemos numa era em que a troca de galhardetes "românticos" - evidenciada nos "discursos" do "dia dos namorados", nas falas dos filmes, das televisões e dos "romances cor-de-rosa" - é uma componente indispensável do transporte "amoroso". Todavia, nada disso se encontra nas grandes tragédias clássicas ou nas epopeias de Homero. Penélope e Ulisses "omitem" o desejo que sentem um pelo outro - Ulisses "alivia-se" pelo caminho com outras o os que desejam Penélope estão condenados -, mas nem por isso deixam de ser marido e mulher para todos os efeitos, incluindo o sexual. E Páris arruina-se por causa do desejo que sentia por Helena. Isto é, Homero afirma, através dos seus heróis masculinos e femininos, que o desejo é perigoso para os primeiros e sintoma de corrupção para as segundas. Na antiguidade existe uma hierarquia na qual está vedado ao homem ser desejado, nem sequer pela esposa. Não existe reciprocidade, apenas supremacia, sob pena de pública expiação nos simpósios ou nos ginásios. Até a poetisa Safo, exilada em Lesbos, e que se atreveu a dar forma de letra ao seu desejo por mulheres, foi amplamente apoucada por esse facto. E na relação homem-mancebo, a dependência também é total. O arquétipo grego de beleza ignora ostensivamente a mulher sobre a qual o homem tem total poder, da mesma maneira que o tem sobre os seus desejos, sobre a sua casa, sobre os seus filhos e sobre os seus "rapazes".
5. Como escreve Goldhill:
"A cidade clássica está constantemente a lembrar-nos que o idoso casal junto ao chalé coberto de rosas não é o desfecho natural de uma história de amor, por mais que continue a predominar na cultura ocidental contemporânea. A aceitação e promoção por parte dos antigos da falta de reciprocidade no amor vai contra os sentimentos dos amantes modernos, aqueles que parecem mais básicos e naturais. O cliché segundo o qual "o amor é igual em todo o mundo" constitui uma maneira de evitar o pensamento incómodo de que as nossas emoções mais profundas podem ser estruturadas por expectativas e pressões sociais e não acontecem de forma expontânea. A diversidade tentadora do passado transforma o "Quem é que julgas que és?" numa pergunta inquietante."
"A cidade clássica está constantemente a lembrar-nos que o idoso casal junto ao chalé coberto de rosas não é o desfecho natural de uma história de amor, por mais que continue a predominar na cultura ocidental contemporânea. A aceitação e promoção por parte dos antigos da falta de reciprocidade no amor vai contra os sentimentos dos amantes modernos, aqueles que parecem mais básicos e naturais. O cliché segundo o qual "o amor é igual em todo o mundo" constitui uma maneira de evitar o pensamento incómodo de que as nossas emoções mais profundas podem ser estruturadas por expectativas e pressões sociais e não acontecem de forma expontânea. A diversidade tentadora do passado transforma o "Quem é que julgas que és?" numa pergunta inquietante."
GRANDES FRASES
"Uma mulher é uma deformidade natural".
Aristóteles, citado por Simon Goldhill, em "Amor, Sexo e Tragédia - a contemporaneidade do classicismo" (Aletheia Editores, 2006). A capa que se reproduz é a da edição em língua inglesa. Talvez por causa da pudicícia nacional, a versão portuguesa optou por outra coisa, não deixando, no entanto, de fazer o seu sentido. Na nossa, retrata-se o "pecado original", o momento da trinca na famosa maçã , sob o olhar vigilante da serpente. Eva, segundo a "lenda", brotou duma costela de Adão, e fundou, sem o saber, a tradição sexual judaico-cristã. "Boy meets girl, girl meets boy", e por aí fora. Nem sempre foi assim. Nem sempre é assim. Este precioso livrinho explica, com erudição e graça, por que, apesar disso, é essencial - por causa de sabermos "quem somos", "donde vimos" e o "que é que andamos cá a fazer", sozinhos e em comunidade política- conhecer a vida antiga e a cultura clássica, afinal ainda tão subtilmente presente nas nossas tristes vidas "amnésicas". O livro toma como ponto de partida uma frase de Cícero: "se ignoras de onde vens, serás sempre uma criança". Serve para a vida, serve para a sociedade. Talvez a nossa.
27.6.06
"O TEMPO REAL"
Um simples "click" num computador pôs imediatamente Portugal naquilo a que o primeiro-ministro chamou de "tempo real com o que se passa lá fora". Falo dos dez milhões de caixinhas de correio electrónico que os CTT/Estado puseram à disposição do "povo". Mais tarde vi o dr. Zorrinho, coordenador do sublime "plano tecnológico", a explicar que, desde que haja um "ponto de contacto" - no vizinho, nos correios, no café, na casa-de-banho, etc., etc. -, é só "mandar" e "receber". Acontece que o "tempo real" de que falam o engº Sócrates e o dr. Zorrinho não é o mesmo em Lisboa ou em Boticas. Nem a "vizinhança" ou sequer o posto de correios. Aliás, bastava olhar para a plateia que compunha o evento para perceber a frivolidade do exercício. Estava ali meio regime, de um lado e do outro, os "sempre-em-pé" do empresariado público. São dois países diferentes, com "tempos" diferentes. Confesso que não sei qual é o mais "irreal".
A VIA ESPANHOLA
O Diário de Notícias (sem link) conta, a partir de um texto do El Mundo, que deu entrada num tribunal de Madrid o primeiro pedido de divórcio entre same-sexers. De acordo com a notícia, os rapazes casaram-se em Outubro do ano passado, ao abrigo da legislação Zapatero sobre a matéria, depois de uma ligação prolongada. Agora, um deles alega que o outro não lhe permitiu realizar-se plenamente, já que "trocou" uma putativa carreira de "modelo" e de dono de um "salão de beleza para cães" (juro) para ir atrás do "respectivo" para Paris. Parece que é assim a história. A seguir vem uma "estatística" curiosa. Dos duzentos e tal mil casamentos realizados em Espanha, no período abrangido pela nova legislação, apenas 0,6% corresponde a matrimónios entre same-sexers. E - convém lembrar - a dita legislação alcança o direito sucessório e o direito à adopção. Ou seja, não parece que o contrato de casamento - que, pelos vistos, continua a fazer a felicidade de pessoas de sexo diferente - esteja a ser um "sucesso" junto da auto-intitulada "comunidade gay" que maioritariamente prefere continuar como free lancer. Convinha, por isso, e já com este exemplo do divórcio - na versão do "copianço" integral das grandezas e misérias do contrato - que as "associações" domésticas reflectissem sobre o assunto. André Gide dizia que é melhor ser odiado por aquilo que se é, do que ser amado por aquilo que não se é. Querem mesmo um "remake" do patético do casamento para as vossas vidas? Têm a certeza?
VAZIO
Estes iranianos são uns pândegos. O embaixador em Lisboa fala num "lugar vazio" que Portugal pode preencher nas negociações em curso por causa da "crise nuclear". Salvo o devido respeito, isto parece-me uma impossiblidade, não só física, como política. É que não se vislumbra em parte alguma do mundo um lugar tão vazio como aquele que Freitas do Amaral ocupa. Vazio por vazio, mais vale deixar o lugar assim.
ALEGRIA DE ESCREVER, ALEGRIA DE LER - 2
O João Villalobos, que escreve no Corta-Fitas, deixou um comentário neste post que me apetece glosar aqui. De facto, prenuncio a chegada de mais "literatura" do género "Amar depois de amar-te", de Fátima Lopes. Nada em mim se opôe a que isso aconteça. Sou um liberal anarquizante cujos níveis de tolerância são muito mais elevados do que eu próprio suspeito. No entanto, convém garantir que esses "escritores" saibam construir frases, depois juntá-las e, finalmente, atribuir-lhes um módico de sentido. Até pode ser o caso da Lopes, não tenciono sequer fazer uma ideia. Sucede que "contar" uma história não é fácil, sobretudo se for uma boa história. Tem de haver por lá um rasgo qualquer que a "ilumine", que justifique a sua leitura e não tanto a sua publicação, hoje em dia coisa de somenos importância. Francisco José Viegas e Miguel Sousa Tavares, por exemplo, conseguem "emitir" essa subtileza, esse "ambiente" de que falava Vergílio Ferreira para definir o "romance". Até para ter "graça" ou "desgraça", isso tem de lá estar. Ora, encontrar esse "eixo" é difícil. O que é fácil é vender "histórias" e, nisso, qualquer das hipóteses mencionadas, é perita e pelos motivos mais extraordinários, porventura todos alheios à noção que eu possuo de literatura. Aqui, sou menos liberal, seguramente mais "clássico" e, no extremo, mesmo reaccionário. Esta subliteratura, eventualmente respeitável, é uma maneira de prolongar, em forma de livro, uma "imagem" de televisão. Nada mais.
NA SOMBRA
Num sítio qualquer em que o parlamento fosse a sério, os sindicatos fossem a sério, a administração pública fosse a sério e, finalmente, o Estado, como um todo, fosse a sério, esta pretensa reforma mereceria outra atenção e outra importância. A trapalhada, no entanto, resume-se a decepar umas míseras árvores e à realização regular de jogos florais entre os membros do governo e os sindicatos. Não há, como nunca houve, um "pensamento estratégico" e, sobretudo, político a presidir à causa. Nem sequer existe "pensamento único". Apenas inexiste um. Mesmo assim, dada a importância que lhe é dada, a coisa devia - nem que fosse por pudor "democrático" - ser discutida de forma mais "ampla" pelos chamados representantes da nação, sentados na famosa "casa da democracia". Todos, e não apenas os delegados do PS no governo e nos gabinetes. Falamos da putativa "reforma" do Estado português e não de um capricho de circunstância, um fait accompli. Todavia, não se muda ninguém contra a sua vontade e, pior do que isso, na sombra, de forma atomista e "contabilística". Em devido tempo, se Deus quiser, tudo correrá naturalmente mal.
ALEGRIA DE ESCREVER, ALEGRIA DE LER
Ontem, já não me lembro bem onde, vi em grande destaque a "obra literária" da sra. D. Fátima Lopes, da SIC, emparelhando com os "êxitos" de Dan Brown e do inevitável José Rodrigues dos Santos. Empilhados e sem nenhuma chamada de atenção - nem sequer para o "prémio" recentemente atribuído e entregue pelo Chefe de Estado - estavam vários exemplares do Longe de Manaus (Edições ASA), do Francisco José Viegas. Estejam descansados. Eu só conheço o Francisco daqui. Não praticamos o "amiguismo", nem somos "cúmplices". E, por mero acaso, ainda nem sequer fui à Casa Fernando Pessoa. Acontece que o Francisco pôs cá fora um livro que não foi escrito com os pés, nem dá vontade de parar na primeira página para não lhe bolsar para cima. Pelo contrário, Longe de Manaus honra a língua de um país que provavelmente o não merece. De uma coisa tenho a certeza. Não verei jamais o Francisco metido no meio das vulgaridades do clown do regime, o gastíssimo Herman José, para se "promover". Já agora, para quando, João Baião, Jorge Gabriel ou Miss Romero, por exemplo, uma opus?
26.6.06
O BURACO
É extraordinário que o tema "bola" tenha suscitado tanto interesse num blogue - este - que lhe é totalmente estranho. Nem na campanha presidencial de Janeiro último houve tantas "visitas" e tantos "comentários". A chamada "psicanálise mítica do destino português", de que falava Eduardo Lourenço, pode ser encontrada, no século XXI (apenas trinta e poucos anos depois do "25 de Abril"), no futebol e na sua aparente "magia" redentora. Nos idos de 1977, quando só existia a RTP a preto-e-branco, o país "parava" para ver passar Gabriela, a de Jorge Amado, encarnada por Sónia Braga. Agora, no espaço de apenas dois anos, o futebol caiu-nos em cima como uma praga salvífica e efémera por contraste com a durável e inerme mediocridade geral. Daqui a uma, duas semanas, já ninguém se lembrará de nada. Nem eu, se Deus quiser. O país, esse pobre diabo, liberto desta farsa patrioteira, olhará então para o seu umbigo - nessa altura, a banhos - e constatará, incrédulo, que se encontra rigorosamente no mesmo sítio onde estava antes dos golos. Ou seja, no mesmo buraco que, por breves instantes, os holofotes dos estádios da Alemanha ilusoriamente taparam.
"ESTADOS DE ESPÍRITO" -2
Ainda por causa dos "estados de espírito", esta observação do leitor João Melo:
" A RTP e o Mundial"
Ela é um subdirector de informação em full time na Alemanha...
Ela é enviados especiais para Angola e ...para o Irão (porque o Irão fazia parte do grupo de Portugal , não era por causa do programa nuclear ...)!Para o Irão , seguiu o homem de Genebra , Noé Monteiro.
Ela é o Professor Marcelo a discorrer banalidades sobre Futebol , com estadia paga e o seu programa em directo da Alemanha acompanhados por Flor Pedroso.
Ela é Jorge Gabriel , António Pedro Vasconcelos e Rui Moreira , sentados à mesa do café, perdão , mesa do estúdio , a verter veneno sobre Scolari em directo da Alemanha.
Ela é o Sinal de Satélite.
Ela é as deslocações.
Ela é os quartos de hotel.
Tudo pago com dinheiros públicos, para "encher chouriços", em programas sem qualquer interesse e com fracas audiências.
De referir que a RTP não tem os direitos de transmissão do mundial. Daí não haver qualquer lógica desta estratégia gastadora..."
"ESTADOS DE ESPÍRITO"
Numa coisa o Jorge Ferreira tem razão. A gravura que ilustrava este "estado de espírito" decorrente das celebrações futebolísticas de ontem à noite, era de manifesto "mau-gosto". Os primatas estavam com um ar demasiado sério. Agora está reposto o equílíbrio. Os orangotangos da foto estão manifestamente satisfeitos e trocam "sorrisos cúmplices" entre si. Para além disso, como parece que este tipo de primatas está mais próximo, geneticamente, do "homem", era realmente de muito mau-gosto insultar os macacos. Obrigado pela chamada de atenção. Aliás, deve ter sido um primata deste calibre que ontem, pela calada noite e no meio da "euforia", destruiu as traseiras de uns quantos carros estacionados na rua, entre os quais as do meu. O vomitado na viatura do delito, estacionado noutra rua mais adiante, não deixa margem para dúvidas. Muita gente veio "à janela" com o estrondo, viram "claramente visto", só que, hoje de manhã, "civicamente", ninguém tinha visto nada. "Estados de espírito" destes - broncos, primários e cobardes - dispenso. Todavia, é o país de merda que temos e que somos. O da bandeirinha patética na janela.
25.6.06
INCRÍVEL?
Como é que uma pessoa inteligente e perspicaz como o Rui Costa Pinto pode escrever estas linhas dignas de um Manuel Luís Goucha? "O estado de espírito dos portugueses na rua é único. Sente-se confiança nos olhares. A simpatia explode em cada frase. Os sorrisos cúmplices marcam cada encontro." Até o meu amigo já está neste estado? É incrível , não é?
LUX AETERNA
Este Requiem, se possível, ainda é mais sublime que o outro, dirigido por Barbirolli. Cantam, com o coro e a orquestra do Alla Scalla, dirigidos por Herbert von Karajan, Leontyne Price, Fiorenza Cossotto, Luciano Pavarotti e Nicolai Ghiaurov. É bom para ver durante a bola, já que há em dvd.
LENDO OUTROS
Filipe Nunes Vicente, no Mar Salgado, "Hannibal Lecter na parvónia". "Era inevitável: o caso de Santa Comba trouxe à tona um batalhão de aspirantes a Clarice Sterling; ele é "passagem ao acto", ele é "retrato psicológico do psicopata", ele é tentar meter o Rossio na Betesga: conciliar uma colecção de louvores e décadas de boa vizinhança com a "personalidade do monstro"."
SERENIDADE
Dra. Ana Gomes, por que não experimenta o Zoloft? Não tem efeito imediato, mas, depois, é duradouro. Vá por mim.
FUTEBOLÃNDIA
Num dia como o de hoje, por que é que o José Pacheco Pereira ainda teima em ver televisão?
O ELOGIO DOS EUNUCOS
Sempre com o atraso de um dia, li no Mil Folhas do Público o habitual "ensaio" de Eduardo Prado Coelho. Antes de chegar ao livro de Coetzee, EPC discorre sobre Augusto M. Seabra que, no mesmo suplemento, tem andado a escrever sobre "crítica". Confesso que não tenho acompanhado a prosa de AMS. Pelo contrário, há muitos anos que acompanho a de EPC. Li a sua "tese" Os Universos da Crítica quando tinha vinte e poucos anos, acabadinha de sair. Naturalmente que a minha puerilidade adolescente - ainda por cima a estudar Direito - se deslumbrou com tanta citação, com tanto autor e com tanta "sabedoria". Dos ditos quinze livros (ainda segundo o Mil Folhas, noutro local) que o EPC escreveu, já li bastantes. E, em alguns deles, aprendi efectivamente alguma coisa, como, aliás, tinha aprendido muito nos do seu pai, o prof. Jacinto do Prado Coelho. Por razões várias, talvez ligadas à intensa presença do EPC em praticamente tudo, as suas escritas mais recentes deixaram de me impressionar e, no limite, de me interessar. Por outro lado, o seu imenso umbigo e vaidade, também me maçam. É o caso desta prosa dedicada ao AMS. A meio da coisa, EPC "explica" que AMS é um ressentido e alguém que não é digno "de confiança". E, por "não ser digno de confiança", nunca passou pela cabeça de ninguém atribuir-lhe "responsabilidades". Este segmento estalinista, lido a contrario, significa que EPC é alguém "de confiança" e a quem, por consequência, se pode entregar "responsabilidades". Não deixa de ter razão. No PREC, o EPC foi um diligente activista do PC como Director-Geral da Acção Cultural (só o termo, "acção cultural", põe os cabelos em pé a qualquer um), pelo que era nitidamente "de confiança". Depois, com a mesma naturalidade, EPC "deslocou-se" progressivamente para um "plano", digamos, mais "libertário-corporativo", traduzido no apoio a essa maga do "basismo católico" que foi a generosa Maria de Lurdes Pintasilgo. Desses tempos ficaram umas résteas que EPC usa em prol do Bloco de Esquerda, quando lhe apetece ou convém, o que não o impediu de ter feito a "corte" ao então primeiro-ministro Cavaco Silva, a quem deve a aquiescência para o cargo de "conselheiro cultural" da pátria em Paris. Até aqui, só "confiança" e "responsabilidades", naturalmente. Como lhe compete, parece que é militante do PS, sem ser um "ortodoxo". Esteve com Manuel Alegre e zurziu metodicamente no dr. Soares. Nos seus textos, promove e despromove quem ele entende ser digno da tal "confiança" - a dele - e de eventuais" responsabilidades". Para este efeito, o Augusto M. Seabra é, no plano em que se move EPC, um homem morto. O argumento da "confiança", usado por alguém que até normalmente consegue pensar, é perigoso. E faz escola noutras áreas. Nunca esperei ver o EPC fazer o elogio dos eunucos.
LIBERA ME
Ouço, neste dia do Senhor onde sobram as nuvens, a "missa dos mortos" de Verdi. Um Requiem onde cantam as vozes sublimes de Montserrat Caballé, de Fiorenza Cossotto, de Jon Vickers e de Ruggero Raimondi. São o sol possível neste dia absurdo, não tão diferente assim dos outros com sol.
Libera me, Domine, de morte aeterna,
in die illa tremenda,
quando coeli movendi sunt et terra.
DIVIRTAM-SE
Leio que cerca de trezentas (300...) pessoas participaram na "parada gay" de Lisboa. Parece que se seguiu um "arraial" que deve ter sido tão deprimente como a "parada". Há coisas que só valem a pena quando são a sério e sérias. É claro que, no caso vertente, nada pode ler levado a sério. Nem sequer a título de festa, de pura festa, como lá fora, com milhares ou milhões de pessoas indistintas. Em primeiro lugar, folclorizar as alegadas diferenças sexuais com manifestações de rua perfeitamente ridículas, só contribui para estigmatizar ainda mais - sobretudo numa sociedade analfabeta e nada cosmopolita como a nossa - a "diferença" de que se reclamam os "activistas" destas coisas. Aliás, a volúpia dos "activistas" é mesmo essa: acentuar a pretensa "diferença" para passarem a vida nestes fandangos, "culpando" a mazinha da sociedade pela "exclusão". Vai daí os "activistas" exigem, como vulgares sindicalistas do sexo, direitos. Casamento, divórcio, pensões de alimentos, adopção de criancinhas, condomínios fechados, etc., em suma, tudo o que um bom "homem médio maioritário" gostaria de ter. Não percebem, na sua alegre inconsciência, que, quanto mais berram, menos têm. Em segundo lugar, há que assentar definitivamente uma coisa. Não adianta vulgarizar rua afora comportamentos privados. Nem homossexuais, nem heterossexuais. Até porque as "barreiras" entre uns e outros estão demasiado esbatidas e a realidade está longe de ser o que os "activistas" ou o crédulo "homem médio" supõem. Quantos "heterossexuais" não correm do amante ou da amante para os braços quentinhos e aconchegadores da mulher ou do marido ao fim do dia? E quantos "homossexuais" não gostam de "curtir", para além do namorado ou da namorada, com pessoas de sexo diferente? Tenham juízo. Vão para casa - todos, sem excepção - e divirtam-se.
24.6.06
AUSÊNCIA
NEGROS HÁBITOS
Outro artigo do "Público" de ontem merece destaque. Maria de Fátima Bonifácio escreve sobre a escola, a disciplina, o ministério e os horríveis pais das horríveis criancinhas. "A ideia de pôr os pais a avaliar os professores daria vontade de rir, se não fosse grave. (...) Grande parte dos pais que têm actualmente os filhos na escola são analfabetos ou pouco menos do que isso. Não possuem um vestígio de idoneidade para se pronunciarem sobre a qualidade dos docentes, para não mencionar os muitos que não possuem idoneidade moral. Depois, outra grande, grande parte despeja os filhos na escola e não quer saber o que lá se passa. Em Portugal, a maioria dos "encarregados de educação", por incompetência ou desinteresse, ou ambas as coisas combinadas, vivem inteiramente divorciados da vida escolar. Só vejo vantagens em manter pais destes à distância. E não me venham com o exemplo da América ou da Finlândia, onde os pais e as suas associações se envolvem intensamente na gestão escolar: convém não esquecer que, infelizmente, estamos em Portugal". Subscrevo.
SUPÉRFLUO?
Num artigo publicado ontem no "Público", o dr. José Miguel Júdice incensa Cavaco e Sócrates, apelidando-os de "irmãos siameses". Como a peça não é irónica, sou forçado a levar a sério as considerações do ilustre antigo bastonário da Ordem dos Advogados. A "tese" em si - óbvia - não merece grandes divagações. Só um ponto, porém, me chamou a atenção. A dada altura dos "elogios", Júdice sai-se com esta: "o Governo de Sócrates já fez mais num ano no sentido de corrigir situações inadmissíveis no aparelho de Estado e de intervir para reduzir custos". Com o devido respeito, não era com esse mesmo Estado - o das "situações inadmissíveis" e onde é preciso "reduzir custos" - que o dr. Júdice queria contratar, para efeitos de assessoria técnico-jurídica, através da sua luxuosa sociedade de advogados? Será que, nessas condições, o "Estado" já agradaria mais ao dr. Júdice e deixaria de ser, por assim dizer, supérfluo?
LIDO
O "Expresso" é um jornal que, apesar do peso, se lê em cinco minutos. O desta semana vale por duas coisas. O artigo de Miguel Sousa Tavares sobre "os escritores", onde avulta um "retrato" divertido do "satânico" Salman Rushdie, e uma definição muito precisa da Feira do Livro de Frankfurt: : "feira de gado de escritores". A segunda peça é um artiguinho destinado a eliminar putativos procuradores-gerais da República. O mais visado é um tal dr. Artur Costa, obscuro magistrado, cuja pequena "biografia" é revelada pelo jornal. Segue-se o cortejo dos habituées cada vez que se fala em substituir o PGR. Moral da história: não será nenhum daqueles.
LÁ LONGE
Xanana Gusmão e a sua esposa desceram vagamente à terra para o primeiro proclamar que tinha ganho "a guerra". Perante tamanha lucidez, adivinha-se o pior. Como se isto não bastasse, o sr. Alkatiri, putativo ex-primeiro-ministro, lembrou-se de Jorge Sampaio, entre outros, para ajudar a compôr o desgraçado ramalhete timorense. Nunca soubemos lidar com Timor a não ser por breves instantes e praticamente sob o fio da navalha. O que os autócnes menos precisam é de lágrimas, a grande especialidade desse sentimentalão da política que é o dr. Sampaio. Como o assunto é outro e mais sério, o Paulo Gorjão "subiu a parada" para Bill Clinton. Timor-Leste não me interessa para nada, mas o bom senso, como princípio das coisas, já me contenta. E, no "saco de gatos" em que tudo aquilo ameaça transformar-se - com a Austrália a tratar naturalmente da sua vidinha - a sugestão do Paulo pode fazer sentido. O resto é pouco mais que risível.
23.6.06
COMPLETAM-SE
Enquanto bebia um café, aconteceu-me folhear o Correio da Manhã que estava no balcão. Lá dentro, o dr. Portas - permanentemente "tostado" - aparecia sentado ao lado de Sofia Aparício, uma ex-modelo que costuma passar agora por actriz. Na última página, o dr. Penim, director da SIC e o seu mais recente coveiro, cumprimentava Manuel S. Fonseca, editor de livros, e ex-director da estação que, com inegável competência, Penim tem vindo a enterrar. Parece que nem a bola já a safa. O motivo do encontro destas sumidades da comunicação social, é que é mais sério. A sra. D. Fátima Lopes, um factotum da SIC, para não ficar para trás, "virou" escritora com um livro comoventemente intitulado "Amar depois de amar-te". Aquelas senhoras desdentadas e aqueles homens ociosos que vão aplaudir todos os dias o talk show da sra. D. Fátima, já podem correr ao autógrafo, mesmo que não saibam ler. Aliás, este género de "literatura" tem feito muito pelos analfabetos, a avaliar pelo número de cópias vendidas. Para além disso, sem o concurso da sra. D. Fátima Lopes, o panorama "literário" contemporâneo ficaria manifestamente empobrecido. Ela completa-o. Eles completam-se.
GRANDES FRASES
22.6.06
ÓSCULOS
"... num país em que os homens nunca se beijam." , escreve o Ivan. Eu não teria tanta certeza. Todavia o Mário, em resposta, fala da "falta de "progresso" dos "progressistas" lusos" talvez porque, na sua elegante ingenuidade, ainda não percebeu que, em determinadas matérias, os "progressistas" são bem mais pueris que os das chamadas "direitas". A "macheza" não se avalia pelo objecto do ósculo. O beijo julga-se pela qualidade do objecto osculado.
SENTIDO ÚNICO
Sócrates e o prof. Cavaco estão de parabéns. Tirando a bola, o país "mediático" só se comove com Timor, sendo incerto que a inversa seja verdadeira. Nestas coisas sou pouco dado ao sentimento e parecia-me razoável mandar regressar a GNR ou trocá-la pela dra. Ana Gomes, a "amiga do povo de Timor-Leste". Não existe coração nas relações internacionais e, em compensação, pode sempre circular algum sangue perfeitamente inútil. Quem ainda não entendeu que os "líderes" (?) timorenses pura e simplesmente não têm cabeça, é porque não enxerga bem o filme ou não lhe convém, por motivos obscuros, enxergar. Mas isto vinha a propósito do "estado" bovino em que nos encontramos, literalmente quase só a comer relva. O primeiro-ministro, não tarda, voa para a Alemanha e o PR digere os seus "roteirinhos" a pensar nos próximos. Peço desculpa de o voltar a citar, todavia o dr. Salazar não estaria certo quando afirmou, noutro contexto, que "está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira"?
CONTRA OS VENDEDORES DE ENGANOS
Há um grande blogue, por vezes injustamente esquecido, que faz anos. É o Desfazedor de Rebanhos. "Não se pode jogar de olhos fechados, podemos confundir os bons samaritanos com os fariseus vendedores de enganos". Ao António, um abraço.
ELSINORE
Santana Lopes volta ao parlamento. O "mundial" é o genérico analgésico mais eficaz, receitado com loquacidade pelas mais altas figuras do Estado e pelo prof. Marcelo que faz de "ponto". As férias pagas a prestações no Caribe e no Brasil, aproximam-se. Doses maciças de Margarida Rebelo Pinto e de José Rodrigues dos Santos preparam-se para ser vendidas para levar para a praia com a "Lux", a lancheira e o balde da criancinha. O dr. Constâncio revê tudo, uma vez mais, em "fraco": o crescimento, o emprego, ele. A dra. Ana Gomes, digníssima representante portuguesa no parlamento europeu onde derrama diariamente o seu extremo bom senso, quer casar os homossexuais à força. As pensões minguam e a "esperança de vida" - sinistra expressão - aumenta. Finalmente o dr. Marques Guedes vai integrar "o mais possível" o referido Santana Lopes, o Lázaro mais famoso da política nacional, nos trabalhos parlamentares. Depois disto e se ainda consegue ser cidadão, seja bem-vindo a Elsinore.
GRANDES FRASES
21.6.06
O "CAMARADA" CONSTÂNCIO
"Quem faz parte do problema dificilmente pode ajudar na solução. Ou será que Constâncio vê na «verdadeira consolidação orçamental» um TGV, uma Ota e todos os outros motivos que levaram Campos e Cunha a abandonar o Governo?"
No dia em que se conseguir responder a esta pergunta de Sérgio Figueiredo - e só Campos e Cunha o poderá fazer - talvez se perceba melhor as coisas. Existem muitos obstáculos ao desenvolvimento do país. Naturalmente que o país é o maior obstáculo a si próprio. Agora, que figuras do regime, etéreas e eternas como o "camarada" Constâncio também ajudam, lá isso é verdade. Não haverá mais mais ninguém para as continhas?
No dia em que se conseguir responder a esta pergunta de Sérgio Figueiredo - e só Campos e Cunha o poderá fazer - talvez se perceba melhor as coisas. Existem muitos obstáculos ao desenvolvimento do país. Naturalmente que o país é o maior obstáculo a si próprio. Agora, que figuras do regime, etéreas e eternas como o "camarada" Constâncio também ajudam, lá isso é verdade. Não haverá mais mais ninguém para as continhas?
O DIA MAIS LONGO
Para comemorar o solstício do verão, no final dos anos oitenta, eu costumava aparecer no magnífico terraço, com vista para o Tejo, da Manuela Cruzeiro. Era aí que ela recebia fraternalmente os "irmãos" e se celebrava uma cumplicidade antiga com os ciclos, a vida e os outros. Mais tarde, muito mais tarde, em Paris, recordo-me de subir a pé os Champs Elysées por volta da dez, onze da noite, e de avistar por cima do Arco e no céu limpíssimo e absoluto, a claridade nocturna do dia mais longo do ano. Nesse dia passei o final da tarde nos jardins do Palais Royal, onde uma orquestra tocava para um público inesperado em homenagem ao "dia da música". Isto passava-se perto do antigo gabinete de trabalho de André Malraux, esse genial e trágico parodista que foi braço-direito de Charles de Gaulle. Findo o concerto, atravessei o pátio das pirâmides do Louvre e avancei no sentido daquele crepúsculo luminoso e inesquecível. Agora estou apenas entre as estações que mais amo, a primavera e o verão. Parece-me que passaram séculos e não anos por cima daqueles solstícios. O tempo ajuda-nos a entender que o essencial são os instantes, não o durável. Esta "sabedoria" encontrei-a num muro sobre a praia deserta de Ostia, perto de Roma, onde alguém deixou escrito que a vida vale por aquele "attimo" - aquele momento - no qual se joga a eternidade. O terraço da Manuela Cruzeiro ou a felicidade sem rosto pelas ruas cheias de Paris, por exemplo, foram o meu "attimo" em longínquos dias mais longos. Como no título cruel de Vergílio Ferreira, tudo foi morrendo. A felicidade não se detém. Contorna e passa.
MANDAR BOCAS
Um ignorante qualquer, comentando o post anterior, escreve que ainda vai ver este blogue defender "o apuramento da raça". Cita-se Salazar no contexto das "grandes frases". E, caso o ignorante não saiba ou não não consiga ler, Salazar, independentemente de ter sido quem foi e de ter "atrasado" ainda mais este país de atrasados mentais, era um excelente prosador político. O ignorante também não deve saber que, por exemplo, António José Saraiva - corrido pela ditadura das universidades portuguesas e exilado em França anos a fio, logo insuspeito - dedicou à escrita política de Salazar um ensaio que encontrará, salvo erro, num livrinho chamado "Os Filhos de Saturno". Por outro lado, quer o ignorante queira, quer não, Salazar é tão incontornável na vida pública portuguesa do século passado como, precisamente pelas razões opostas, o é Mário Soares. Não perceber esta trivialidade é andar por aí a ver passar comboios e a "mandar bocas" por mandar.
GRANDES FRASES
"Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção."
António de Oliveira Salazar, Discurso de 7 de Janeiro de 1949 in Discursos e Notas Políticas, Vol. IV.
20.6.06
EUROPA DE QUÊ?
Sobre a Europa dos "projectos e dos resultados", tão cara ao extraordinário dr. Durão Barroso, e sobre o último "conselho europeu", duas excelentes prosas. A de Medeiros Ferreira, no Diário de Notícias, e a de Teresa de Sousa, no Público, sem link. "A Europa dos "projectos" e dos "resultados" precisa de uma visão comum, de ideias claras e de lideranças fortes. Não é uma receita alternativa. Pode ser apenas uma tentativa patética de evitar uma crise ainda maior, mantendo a Europa em aparente movimento". Curiosamente, a Espanha, pela mão do Rei, entregou a Helmut Kohl o Prémio Carlos V. Lembrar Kohl realça ainda mais a insignificância dos actuais dirigentes europeus. Paciência. É o que há.
O COZINHEIRO
"Mais um bom trabalho de Pinamonti um dos maiores cozinheiros de omeletes sem ovos de que há memória..." Nunca me tinha passado pela cabeça tamanha "imagem". No entanto, faz algum sentido, sim senhor. Que não lhe faltem os ovos, sobretudo para Março.
A REALIDADE - 2
O João Villalobos, saudoso "companheiro" de outras "guerras", interpela-me por causa disto. Apenas duas ou três observações. Nunca me passou pela cabeça que Cavaco Silva fosse "o paladino da oposição". Estou-me nas tintas para a "oposição". Pelo contrário, sempre escrevi que era a melhor escolha para evitar a quase inevitável degradação do regime e que, nem que fosse pelo "feitio", se entenderia melhor com Sócrates do que, por exemplo, o indisciplinado Mário Soares. Daí a ser um mero ersatz do governo é que vai, naturalmente, um passo. O governo já tem quem lhe trate da propaganda, não precisa do Chefe do Estado. Depois o João está absolutamente equivocado. Cavaco é um político que, no desempenho desta função, tem de ser forçosamente "profissional" e jamais "apolítico". Não existe, aliás, cargo mais político do que o que ele exerce. Se se lhe tirar a "política", não sobra nada. Apartidário, sê-lo-á sempre. Jamais intrigará com o seu partido de origem para derrubar quem quer que seja. O que tiver que cair, cairá por si ou não cairá. E, se isso acontecer, o Presidente certamente aparecerá. Para isso não precisa de apoiar este ou aquele membro do executivo ou "lançar indirectas". Basta-lhe falar a bom recato com o primeiro-ministro, sem microfones ansiosos. O que é preciso é que o Presidente, sempre que a realidade lhe bater à porta, a deixe entrar.
UM PORTUGUÊS SUAVE
O ministro da Saúde é um reputado "especialista" do sector. Todavia, os seus conhecimentos "técnicos" não são devidamente acompanhados de idêntica perícia política. Correia de Campos é um híbrido entre o profeta Arnaut - o homem do SNS da "revolução" e do PS- e um recém convertido "liberal" sem a fundamentação teórica do liberalismo que, aliás, entre nós fica-se sempre pela melíflua palavra. O resultado, por consequência, padece do mesmo hibridismo de que sofre o ministro. Desconfio dos "observatórios", sobretudo daquele eterno da Justiça, do prof. Boaventura. Acontece que o da saúde veio agora discutir, não tanto a bondade das medidas do ministro, mas antes o método e as respectivas sequelas. Como não há, entre nós, grande tradição em matéria de avaliação de programas, o ministro acusou imediatamente o "seu" observatório de "falta de rigor e de credibilidade". Correia de Campos gosta de "disparar" tiros de pólvora seca e, no caso do fumo, de seguir uma modinha reaccionária. Digo isto perfeitamente à vontade, já que não fumo nem aprecio ambientes "pesados". Da mesma maneira que não aprecio o "estilo" pesporrente e inconclusivo do ministro. Mais dia, menos dia, dará um daqueles tiros no seu próprio pé. Que não lhe doam as mãos.
A REALIDADE
Ler, do Paulo Gorjão, "Mais do mesmo?". Creio que, quer o Paulo, quer eu próprio, somos insuspeitos. Votámos Cavaco. Por isso estou - estamos - à vontade. A ideia de "roteiros" temáticos de um, dois ou três dias é pura espuma. Não deixa rasto. Experimente-se perguntar aos visitados do "roteiro para a inclusão" o que é que ficou, para além das imagens e de uns textos inócuos nos jornais. Nada. Só na cabeça delirante de Marcelo Rebelo de Sousa, a partir de Alemanha, é que o "roteiro para a inclusão" foi um sucesso. O da "ciência" vai pelo mesmo caminho, como irá de seguida o das "mulheres e da violência doméstica". Não sei quem é que anda a aconselhar o Presidente nisto. Uma "presidência aberta", ou qualquer coisa do género, é algo que deve ser amadurecido, preparado com tempo e ter um propósito político concreto. Não é exactamente uma "mostra presidencial". Que o PR está vivo e bem vivo, graças a Deus, já sabíamos. O país não precisa dele para "olhar para o boneco" nem para proferir umas banalidades de que amanhã já ninguém se lembra. Por debaixo da poeira enfeitada para o retrato, há uma realidade que persiste. Cavaco certamente não quer deixar Belém com essa realidade na mesma, uma vez varrida a poeira para debaixo do tapete. Para isso já temos os governos. Este ou outro qualquer.
ENERGIA POSITIVA
Nova insónia. O "caminhante solitário" e o João Morgado Fernandes reproduzem uma fala do Presidente da República. "Espero que esta energia positiva [em torno do Mundial de Futebol] que se tem vindo a criar em Portugal de norte a sul também seja utilizada para o desenvolvimento do país, para a recuperação da nossa economia, para o aumento do bem-estar da nossa sociedade." Eis como uma volta por aqui basta para ter vontade de reforçar a dose habitual dos "falsos amigos" (haverá outros?) que são os comprimidos. "Energia positiva"? Pelo sim, pelo não, vou tomar mais meia-dose. Neste país só se está bem a dormir ou morto.
19.6.06
A FRONTEIRA
Morreu uma criança portuguesa num parto em Badajoz, na sequência do encerramento da maternidade de Elvas. O ministro Correia de Campos diz que não trata de transladações e que é um "problema" com o registo civil espanhol. Eu pensava que era um problema dele. Pelo menos de consciência.
A LINHA DA BELEZA
O Mário, o melhor dos amigos, gostou da adaptação televisiva do livro "The Line of Beauty", de Alan Hollinghurst, traduzido pela Dom Quixote. E compara-a com "Brideshead Revisited", a série "fetiche" do princípio dos anos oitenta, baseada na obra homónima de Evelyn Waugh. Revi "o passado em Brideshead", em dvd, há pouco tempo. Com o devido respeito e amizade, o Mário não tem razão. Não consegui passar sensivelmente do meio do livro de Hollinghurst e já li várias vezes, noutra encarnação, o de Waugh. Também não me parece que sejam comparáveis as séries. "Nick", o personagem central de "The Line of Beauty", não tem a mínima consistência. O vago "picante" de pôr a "Dama de Ferro" a dançar com ele numa festa pretensiosa e cheia de "cheiros", não faz um momento literário-televisivo. Depois, a imaturidade sexual do rapaz Nick é praticamente insuportável e as cenas de sexo dignas de documentários eróticos da Playboy, mas com homens. A reconstituição dos "anos de chumbo" da SIDA e a fixação no aparente paradoxo comportamental dos "conservadores", também não entusiasmam. Pelo contrário, por "Brideshead Revisited" perpassa a verdadeira "linha da beleza". Não apenas a física dos protagonistas, mas a da amizade viril que unia Sebastian e Ryder - que depois juntou, por efeito substitutivo, Ryder à irmã de Sebastian, Julia - e - fundamental na obra de Evelyn Waugh - a da questão católica, serena e estupendamente marcada nas interpretações de Claire Bloom e de Sir Lawrence Olivier, os pais separados de Sebastian e Julia. Et in arcadia ego, o primeiro capítulo do livro de Waugh e da série, reconstitui a ambiguidade sexual do campus universitário de Oxford, nos anos vinte e trinta do século passado, e a emergência da II Guerra Mundial. São, a série e o livro, obras de desencantamento. No meio das manobras do exército inglês, perto de Brideshead, de novo, Charles Ryder constata que, aos trinta e nove anos, "começou a envelhecer". O resto da história é o que ficou irremediavelmente para trás antes desse envelhecimento prematuro. Ryder percebeu que tinha estado no paraíso e que o tinha perdido. Como a ave de Minerva, só levantamos voo ao crepúsculo.
QUE FAZER?
No "roteiro para a ciência", Cavaco Silva já pronunciou as duas palavras mágicas: "plano tecnológico". Imagine agora o Presidente, por uns instantes, que o "plano" falha e que, como é patente, os drs. Pinho e Gago não conseguem ultrapassar o estatuto de irrelevância que os notabiliza. Aí alguém se encarregará de lembrar ao Presidente que também ele acreditava nos mistérios do "plano". E nesse momento, como perguntava o mumificado Lenine, que fazer?
HERÓI PORTUGUÊS
Ontem à noite, na :2, Vasco Pulido Valente explicou por que é chama a Henrique Paiva Couceiro "um herói português". Couceiro passou a vida de miragem em miragem, de ilusão luminosa em ilusão luminosa, e deve ter morrido ser ter percebido exactamente com que tipo de gente estava a lidar e que aspirava a pastorear. Também explicou que Cavaco só será relevante no dia em que dissolver a Assembleia, algures nos previsíveis dez anos de mandato. Não iria tão longe. Acontece, porém, que Cavaco só é verdeiramente "bom" quando manda. Neste caso, como Chefe de Estado, no regime. Quer ele queira, quer não, foi isso que andou a prometer pelo país na campanha eleitoral. E foi para "mandar" que se votou nele. Se for apenas mais um "ministro de Estado" de José Sócrates ou um leitor assíduo da Constituição, corre o risco de ser mais um "herói português".
7
Marcelo não tem exames para fazer? Não tem pontos para corrigir? E não tem a noção do patético? Não se lembra que é conselheiro de Estado? Enquanto Santana Lopes foi "vivo", Marcelo não o poupou por causa do seu "populismo". Ninguém, aliás, o poupou. Marcelo, ao aparecer na Alemanha como comentador de futebol, está a ser vulgar e populista. Não tarda, ainda o vamos ver a fazer publicidade a um detergente ou a uma cerveja. Marcelo era suposto ser da elite. E escrevo elite no único sentido benigno que a expressão tem e de que o país precisa. Todavia, Marcelo não resiste a "ir a todas" e, por "ir a todas", às vezes soa a falso. Tão falso como os livros que "lê". Deu, inexplicavelmente, um "9" ao ministro da Agricultura. Esta prestação de Marcelo mal dá para ir "à oral". Dou-lhe 7.
18.6.06
LENDO OUTROS
"Uma das nossas proezas", de André Moura e Cunha. O Spinoza, autor da "Ética", também serve para ilustrar esta referência do Jorge Ferreira a Eduardo Cintra Torres. E eu até gostava do José Alberto Carvalho. "A RTP1 calou a política em finais de Maio. Só regressa em Setembro. Mais de três meses em falso unanimismo nacional. O Governo agradece ao seu canal de informação."
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