«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.5.06
O FUTURO
PRIORIDADES
A GRANDE INVASÃO
A ASSEMBLEIA DOS PEQUENINOS
30.5.06
A SAGA DOS NIBELUNGOS...
DE OLHOS ABERTOS
(Le temps qui rest, um filme de François Ozon, em Lisboa estupidamente "apenas" no El Corte Ingles)
29.5.06
A DOER
UM SILÊNCIO QUE NOS FALA
"... ANUNCIOU-ME O FIM ETERNO."
(continua) Tradução livre do monólogo de Wotan na 2ª Cena do II Acto de A Valquíria no qual, de alguma maneira, o "deus-homem" conta a origem de O Anel do Nibelungo, retratada em O Ouro do Reno. Imperdível.
28.5.06
OS HOMENS E A NATUREZA
28 DE MAIO DE 1926
27.5.06
WAGNER REVISITADO
2. Lá fora, entretanto, a encenação de Patrice Chéreau para o Festival de Bayreuth, com a direcção musical de Pierre Boulez, marcou indelevelmente todas as produções posteriores da obra. Estão aí os "dvd's" para o confirmar, bem como os da encenação de Otto Schenk, para a Ópera de Nova Iorque, entre 88 e 91, por exemplo. Um imprevisto fez com que, há quatro anos, eu descesse das "torrinhas" (que já não existiam) do São Carlos para a sua direcção, um episódio efémero e infeliz a que pus termo cerca de um ano depois. Nem tudo, porém, correu mal. Conheci um dos mais estimulantes encenadores contemporâneos, Graham Vick, que veio a Portugal encenar a Manon Lescaut e, posteriormente, um soberbo Werther. A Paolo Pinamonti, director do Teatro, e a mim, ocorreu-nos então sugerir a Graham Vick que pensasse numa nova encenação do O Anel para o São Carlos. O Paolo dizia-me nessa altura que, depois de" fazermos" O Anel, até 2006, nos podíamos ir embora. Ironicamente eu fui-me embora uns meses depois, o Paolo ficou e é em 2006, pela sua mão, que O Anel de Graham Vick estreia no São Carlos.
3. A gentileza do Paolo permitiu-me assistir ao "ensaio geral". Vick transformou o espaço do Teatro num imenso anfiteatro "grego" em que a própria estrutura faz parte da encenação. O São Carlos, por estes dias, será simultaneamente o palácio construído pelos gigantes para os deuses decadentes - o Walhalla- e a cave de trevas do nibelungo Alberich e dos seus "escravos", todos movidos pela cobiça do ouro do Reno e, por isso, obrigados a renunciar ao amor. A dada altura, Alberich declara-se "o mais escravo dos escravos" como, na Valquíria, Wotan, "o senhor das batalhas", se proclamará "o menos livre dos homens". Graham Vick - leio-o numa entrevista - concebeu este Ouro do Reno como uma "sátira" que anuncia a "tragédia" que se irá desenrolar ao longo das três jornadas.
4. O Anel é um dos textos mais geniais que conheço. Adapta-se praticamente a tudo e a todos. É permanentemente contemporâneo e, nesse sentido, atroz pelo seu tremendo "realismo". Quando o vi pela primeira vez, acreditava naturalmente em mim, nos outros, na felicidade e no "progresso". Wagner fora "revolucionário", mas depressa percebeu a natureza humana, a começar pela sua. Esta obra "explica-nos" uma evidência que só o decurso do tempo nos pode ensinar. Tal como a filosofia nos ajuda a aprender a morrer, a música e o texto de O Anel do Nibelungo "mostram-nos" que caminhamos inexoravelmente num único e mesmo sentido, para o fim. "Alles was ist, endet", profetiza Erda a Wotan, o deus verdadeiramente cego: tudo o que é tem um fim. E Wotan, na Valquíria - para mim a "jornada" nuclear de todo O Anel -, no célebre monólogo escutado em silêncio por Brühnhilde, já só clama pelo fim ("das Ende") e pela emergência de "um mais livre do que eu, o deus". Será Siegfried, o herói que conhecerá o apogeu na ópera homónima e a traição dos deuses e dos homens no Crepúsculo. Alberich verá a sua maldição confirmada. E Loge, o deus do fogo, adverte logo no final do Ouro do Reno, escarnecendo dos seus pares, que eles caminham para o palácio e, sem o saberem, para a perdição .
5. O texto de Richard Wagner permite todas as leituras. Agora, com os meus quarenta e cinco anos, já o enxergo melhor. Não o digo com alegria porque isso significa a perda definitiva das ilusões e a aceitação da renúncia, um dos eixos fundamentais desta obra-prima. É Brünhilde quem, no Crepúsculo, antes de se imolar nas chamas, diz renunciar a um mundo de desejo e de sofrimento, traída pela ambição dos deuses. Mesmo a "sátira" de Graham Vick é já uma proclamação irónica do fim das ilusões e ficará como um dos momentos altos da história do São Carlos, assim o público saiba entender o que ali está. O Anel do Nibelungo, com os seus "homens-deuses" e com os seus "deuses-homens", chama-nos a atenção para o paradoxo fundamental da existência. O de ainda sermos o que vamos deixar de ser e o de sermos já o que seremos. Isto é, nada.
(Das Rheingold, O Ouro do Reno, de Richard Wagner, Teatro Nacional de São Carlos, 28. 29. 30. Maio 1. 2. 4. Junho 2006 20:00 | 3. Junho 18:00h)
26.5.06
"TUDO O QUE É TEM UM FIM" - 2
Tiago Barbosa Ribeiro, in Kontratempos
"TUDO O QUE É TEM UM FIM"
"Wie alles war - weiß ich; wie alles wird, wie alles sein wird, seh' ich auch, - der ew'gen Welt Ur-Wala, Erda, mahnt deinen Mut. Drei der Töchter, ur-erschaff'ne, gebar mein Schoß; was ich sehe, sagen dir nächtlich die Nornen. Doch höchste Gefahr führt mich heut' selbst zu dir her. Höre! Höre! Höre! Alles was ist, endet. Ein düst'rer Tag dämmert den Göttern: dir rat' ich, meide den Ring!"
(Richard Wagner, Das Rheingold, "O Ouro do Reno")
ROTEIRO DE UM PORTUGAL MENOR
1. O Presidente da República está "desconfortado" com a pobreza nacional e apresentou o famoso "roteiro para a inclusão". Parece-me que sou insuspeito ao perguntar se Cavaco Silva, quando se candidatou, não sabia que existia um "Portugal Menor", aliás, o único.
2. Um excelente exemplo de outro género de "Portugal Menor", entre o infantil e o débil mental.
3. Dois problemas ligados a esgotos de espécies diferentes e duas imagens maravilhosas do "Portugal Menor".
4. Quando ouço falar em "auto-estima", arrepiam-se-me os cabelos. Que o PR não inclua, por favor, o vocábulo no glossário presidencial. Em dez inconclusivos anos, o dr. Sampaio não falou nem chorou por outra coisa e o país não deixou de ser "menor" por causa disso.
25.5.06
ESCREVER À ESQUERDA
BOAS INTENÇÕES
TUDO CERTO
ESTAMOS VIVOS
24.5.06
DO ANTIGAMENTE, DA VIDA
LER OS OUTROS
"APENAS UMA TÉNUE MEMÓRIA"
"Primeiro o país gastou o que tinha e o que não tinha, o que devia e o que não devia para fazer a Expo 98. A festa foi bonita, pá. As nossas festas, com bandeiras à janela ou sem elas, são sempre bonitas, pá. Lentamente, a memória da festa foi desaparecendo. O betão, matreiro, sabe esperar e foi avançando, avançando, avançando. Agora é a Praça Sony que vai ser despachada para a Amadora. O bairro, a que chamam Parque das Nações, em breve será um parque de prédios como tantos outros que existem por aí. Há quem persista em chamar a isto desenvolvimento e qualificação urbana. Por mim, chamo-lhe apenas decadência. Não aprendemos nada com os erros do passado."
Jorge Ferreira, in Tomar PartidoNÃO EXISTEM INDEPENDÊNCIAS GRATUITAS
Adenda: Ler este texto do João Morgado Fernandes
SOLIDÃO PROIBIDA
23.5.06
CORRER ATRÁS DA CAUDA
22.5.06
LEITURAS NO CARRIL
DIETAS
21.5.06
"SOMOS BONS"
QUARTO COM VISTA
NADA
20.5.06
DIAS
in Mar Salgado (Filipe Nunes Vicente)
DA NÃO LITERATURA
ANJOS E DEMÓNIOS
19.5.06
DEUS NÃO DORME
POBRE PAÍS
Ao contrário do colega de coluna Francisco Trigo de Abreu, não vibro com o futebol. Perante a bola, oscilo entre a indiferença e a abominação. Não me entusiasma a loucura das hordas coloridas que correm para os estádios. Não suporto a maneira como é relatada nas rádios e nas televisões. Desconfio da bondade da maior parte dos dirigentes. Todavia, juro que me esforço por encontrar formas de vida inteligente no vago balbuciar dos principais protagonistas. O sr. Madaíl, por exemplo, o eterno “patrão” do futebol nacional, presumo que já não entusiasme ninguém. Penso até que nem ele próprio está muito convencido daquilo que diz. Limita-se a estar e a ir ficando com o beneplácito de todos. Também a imensa vaidade do sr. Scolari não me provoca tremores incontroláveis como, pelos vistos, à nação inteira. Abrir os telejornais das três televisões generalistas com os ditos cujos por causa dos “eleitos” de Scolari para a Alemanha, é a prova viva do nosso irremediável primitivismo. O país afunda-se mansamente a atira-se poeira para os olhos da populaça sob a forma de jogadores de futebol, devidamente acompanhada pela retórica oca dos respectivos patrões. As próximas semanas destinam-se precisamente a isso. Até o comentador oficial do regime, o meu caro professor Marcelo, distinto companheiro da praia do Guincho, não escapou ao populismo da coisa. Parece que a RTP o vai transformar em “comentador” do Mundial. A patética e vulgar exibição das bandeiras nacionais por tudo quanto é sítio, limita-se a criar estados artificiais de ansiedade colectiva alimentada pelas televisões A “futebolização” da vida pública pode fugazmente alimentar ilusões mas não ajuda a tornar a sociedade portuguesa mais adulta. Os “pobretes mas alegretes” do dr. Salazar foram substituídos pela “alegria” democrática do futebol. A “classe política”, das esquerdas às direitas, preenche colunas nos jornais e participa em mesas redondas nas rádios e nas televisões para apreciar os chutos na bola, cada qual com o seu cachecol de estimação. Com exemplos destes, não admira que o “povo” tenha dificuldade em sair do seu natural estado de necedade. Uns homens a correr atrás de uma bola, aqui ou lá fora, são o sonho possível que alimenta milhares de vidas vazias. De desilusão em desilusão, sempre com a mesma crença idiota na “vitória”. Pobre país.
(publicado no Independente)
18.5.06
VIVER HABITUALMENTE
UM PAÍS LOIRO
17.5.06
O ORDENAMENTO
LER OS OUTROS
ALISTAMENTO
OS NÓDULOS DO SISTEMA
UM DOS NOSSOS
16.5.06
O MESMO - 2
O MESMO
15.5.06
BOA PERGUNTA
"O QUE É QUE ACONTECEU AO INQUÉRITO "URGENTE" PARA SABER COMO É QUE LISTAS DE TELEFONES E TELEFONEMAS DE ALTAS INDIVIDUALIDADES DO ESTADO FORAM PARAR AO "ENVELOPE 9" DO PROCESSO CASA PIA?
É que, por muito que se esteja habituado ao esquecimento de tudo, a "urgência" foi um pedido expresso e público do Presidente da República, reiterado pelo Procurador Geral da República, e, tantos meses depois, não há resultados, nada se sabe, não há uma explicação, um esclarecimento, nada. É um pouco afrontoso para o Presidente da República, ou não é? E não é muito afrontoso para todos os que exigem em termos de cidadania mínima, um esclarecimento? É. Ou há uma gigantesca conspiração à volta do envelope, que exige meses e meses de trabalho investigatório, ou então ninguém percebe a complexidade e a demora em saber uma simples coisa que deve ter deixado um rasto de papel atrás."
in AbruptoA RAZÃO DE SOARES
12.5.06
O SISTEMA DAS COMUNICAÇÕES
Não tenho grande fé de encontrar-te
na vida eterna.
Era já problemático falar-te
na terrena.
A culpa é do sistema
das comunicações.
Descobrem-se muitas mas não aquela
que tornaria ridículas, e até inúteis,
as outras.
UM SINAL SEVERO
Joseph Ratzinger, Diálogos sobre a fé
INTENDÊNCIA
VULGARIDADE
UM ESCÂNDALO
Eurípedes, Medeia
11.5.06
ATRACÇÃO FATAL
O QUE É A FILOSOFIA
O MOBILIZADOR
UMA SOMBRA
Eurípedes, Medeia