6.3.08

JOEL SERRÃO

Até aos dezassete anos, estava convencido que iria para história. Tinha lido António José Saraiva, Joel Serrão, Magalhães Godinho, Oliveira Marques e Borges de Macedo. Na sua particular maneira de entender o país e o mundo, contraditórios e complexos como os seus próprios trajectos intelectuais, cada um deles demonstrou-me que não valia a pena "entrar na vida útil" - como ela, afinal, se veio a revelar tão inútil - sem tentar perceber como é que chegámos até aqui. Nessa altura não sabia que ia ter o privilégio de vir a conhecer e a privar com Oliveira Marques e ser aluno de Borges de Macedo, no último ano de direito, numa disciplina heterodoxa de história diplomática de Portugal. O Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, é ainda hoje um formidável trabalho de erudição que as mais recentes "histórias de Portugal" não conseguem ultrapassar. Também as várias monografias de Serrão sobre o século XIX, e não só, aí estão para, quem quiser, pensar "nisto" (Livros Horizonte). É o caso do seu O primeiro Fradique Mendes de que li parte ontem à noite, sem poder imaginar ou sequer pressentir que era a derradeira da vida de Joel Serrão.

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