6.1.10

A "COMEMORAÇÃO" OU O "FOLCLORE TRANSMONTANO"


O país - V., contribuinte - vai gastar dez milhões de euros na comemoração dos cem anos da implantação da ditadura jacobina do PRP. Antes das habituais "incursões monárquicas", repito a minha condição cívica de republicano que defende um regime presidencialista. Nada disto, como parece razoavelmente óbvio, tem a ver com a condenação (também cívica) do que resultou do funesto 5 de Outubro de 1910. Comemoração por comemoração de ditaduras, não vejo por que é que não se há-de comemorar o 28 de Maio de 1926 que substituiu a do dr. Afonso Costa por duas, uma primeira militar, e uma segunda, o "Estado Novo" do Doutor Salazar. A D. Canavilhas, circunstancial ministra da cultura e pianista nas horas vagas, estava muito contente - ela e a plateia dos que vão "gerir" os referidos dez milhões em "folclore transmontano" - consigo própria e com os "eventos culturais" que a "comemoração" vai propiciar. É porventura com ela, a "comemoração", que a senhora conta para figurar num panegírico rodapé do regime. Bom proveito.

13 comentários:

Anónimo disse...

Estou de acordo com seu comentário, mas, uma expressão que muito me chocou foi "folclore transmontano". Como filha de gerações daquela brava terra injuria-me que use Transmontano de forma tão degradante e para falar de tão vergonhoso momento da história portuguesa.
cordiais cumprimentos,
Alice Goes

Toninho disse...

Boa, imagino já a brigada do reumático perfilada para o regabofe por conta do compulsivo contribuinte onde me inclúo, claro está.

Pelo valor da "factura" até eu lhe apertava as mamas.

À República, entenda-se.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

De uma coisa podemos estar certos. Jamais se ouvirá, vinda da Dra Manuela Ferreira Leite, a menor critica ao orçamento e ás actividades desta Comissão jacobina do centenário do 5 de Outubro de 1910. E da parte do cabeça de lista ás europeias, Paulo Rangel, idem idem aspas aspas...Quer um quer outro são incapazes de tomar uma posição que, mesmo vagamente, possa ser considerada politicamente incorrecta á luz dos principios do regime abrilino. Este caso das comemorações do 5 de Outubro é apenas mais um exemplo disso.

Anónimo disse...

João, na sua opinião qual das duas ditaduras foi mais benefica (ou menos malefica, se preferir) para Portugal? A do PRP,instaurada em 5 de Outubro de 1910, ou a do Dr Salazar, institucionalizada em 1932?

Nuno Castelo-Branco disse...

Apenas retive duas coisas:
1. O tal pau de bandeira de cem metros de altura, para o Centenário ser indexado ao Guinness dos recordes do parolismo.

2. No próximo 5 de Outubro, centenas de bandas vão tocar A Portuguesa. Fazem bem. No entanto, perguntem aos regentes das ditas cujas - e à gente da Comissão - a quem foi dedicada tal Marcha, digo, Hymno?

Anónimo disse...

O parolo de Paredes vai esmerar-se, para erguer o pau de um milhão de altura e lá colocar o horroroso farrapo verde-rubro; que como toda a gente medianamente instruída sabe, nada tem a ver com as cores nacionais.

J. Costa
( um das incursões monárquicas)

Anónimo disse...

10.000.000 euros dava para recuperar património. Mas como o património é, na sua maior parte, religioso (igrejas e conventos), monárquico (castelos e palácios) ou do tempo do Estado Novo pouco resta. Seria bom, por exemplo, perguntar aos portugueses com qual dos três regimes republicanos mais se identifica: com uma das duas ditaduras ou com o actual regime e qual deles trouxe mais benefícios ao País em termos de emprego, desenvolvimento económico etc.

joshua disse...

João, meu caríssimo, a III República convida a descomemorar a I, a II e a III-ela-mesma Repúblicas. Culminámos no vale tudo ou vale de lágrimas filhas da ganância e da incúria aninhadas no cerne mesmo da partidocracia clientelar e na ineficácia de um Regime onde as cunhas e os lugares cativos à mesa subvencional do Estado têm o seu quê de UltraNojoMonárquico no sentido "especial" e "segregatório" que o conceito [antes de ter sido pedagogicamente decapitado] possa ter tido. Demasiadas Repúblicas para tanta dissolução.

Tu, João, és Republicano e eu sou Monárquico. Tenho-me sentido concorde em quase tudo o que escreves e vejo diagnósticos "monárquico-modernos" nos teus diagnósticos quotidianos. Ainda havemos de convergir numa magnífica e briosa República com o Rei por símbolo e sede de afectos estáveis e humanos ao longo das décadas. Há pessoas que merecem ser referenciais não volúveis e funcionarizados da Realidade Espeiritual e Física Portuguesa, mas em regime de total, vital e visceral entrega: um Rei. Um Rei que se possa apear, querendo todo um Povo queixoso.

O Abraço-Pão de Todos os nossos Dias.

Xico disse...

Caro anónimo das 10h15
qualquer ditadura é má. A de 1932 só existiu porque existiu a do 5 de Outubro. Quando se celebra o 5 de Outubro está-se também a dar cobertura ao descalabro que terminou em 1932 com o povo a aceitar e a referendar uma ditadura tal o desespero em que vivia.
Não tivesse havido o 5 de Outubro e todas as conquistas que este trouxe teriam vindo na mesma porque já estavam a ser trabalhadas (estado laico, divórcio, etc) Tudo o resto, liberdade de imprensa, democracia, etc havia mais e melhor antes de 5 de Outubro. Hoje seria impossível dizer-se de Cavaco ou de Sócrates o que se disse de D. Carlos e D. Amélia sem que nada acontecesse aos autores.

www.sejaseviu.blogspot.com disse...

Não dava para tirar a parte do foclore transmontano?Não dignifica nada aquela boa gente, nem a mim!O resto parece-me bem!..bom blog..continua..

Nuno Castelo-Branco disse...

Xico:
Essa é que é essa. Atrevam-se a falar dos nossos donos e verão como ficam depenados. É uma nova forma de coacção. Falas? Ficas sem um tostão!

Anónimo disse...

... o 5 de Outubro é o de 1143.
O outro, é uma persistente tristeza.

Anónimo disse...

Ó Toninho ainda bem que esclareceu quais eram as que apalpava, pois podia ficar a dúvida de se tratarem das da Ministra. Quanto à famigerada República o problema luso é que não temos pretendentes de à altura da tarefa. É por isso que não sou monárquico, pois em Monarquia o herdeiro embora confirmado pelas cortes não se discute.