Há uns anos, num semanário entretanto desaparecido chamado O Jornal, Pedro Ayres Magalhães - dos Madredeus, dos Heróis do Mar e autor de muitas e boas letras dos respectivos repertórios - na sua qualidade de ex-aluno do Colégio Militar "revelou" que era trivial a prática de relações sexuais (aparentemente voluntárias) entre alunos "do seu tempo". Na altura isto criou um pequeno tumulto. Como se Magalhães tivesse dito uma grave mentira ou como se essas situações afectassem uma qualquer "moral" militar e tivessem alterado o curso dito normal da natureza. Agora, ex-alunos foram acusados pelo Ministério Público por maus tratos perpetrados recentemente a gente nova. Não agressões sexuais mas porrada mesmo. O Colégio Militar era uma instituição prestigiada que fatalmente acompanhou a "dieta da correcção" imposta às forças armadas pelo regime. Nas televisões, os alunos são descritos como "meninos" sujeitos às piores sevícias. Ora quem opta pelo Colégio Militar - mesmo no estado a que tudo chegou - tem a obrigação de saber ao que vai. Nada disto, porém, justifica a violência imbecil comum, aliás, a muitas "praxes" civis universitárias que até já mortos produziram. Nenhuma escola, de ensino secundário ou superior, é hoje suposto dar à luz virtuosos - no sentido clássico do termo - ou induzir noções básicas de disciplina, rigor ou, no limite, de ética. Muito menos homens.
6 comentários:
as histórias da paneleirada são de sempre.
a violência gratuita e estúpida é obra do regime social-fascista e nacional-socialista da III república.
na minha longínqua juventude república era sinónimo de desordem.
em lisboa dizia-se reinar em vez de brincar
Podemos não gostar do Garcia Pereira do MRPP (?..). Mas,de facto e como jurista era dificil dizer tanto em tão pouco tempo, sobre este incómodo assunto, como ele soube fazer hoje, numa mesa redonda, num qualquer canal da televisão por cabo. Gostei !
Estimado APC
Admito que tenha gostado de ouvir o Garcia Pereira, foi pena que ele não dissesse uma única verdade.
Sou ex-aluno do CM, 49 anos e dá-me igual que o fechem ou não.
Cumprimentos
As afirmações de Pedro Ayres de Magalhães só confirmam outras, idênticas, produzidas anos mais cedo e por diversas vezes, tendo um dos casos provocado a expulsão de vários alunos e tendo alguns outros sido desgraduados. São acontecimentos normais, repito, normais, que se verificam na sociedade, em todas as associações onde convivem pessoas do mesmo sexo.
Não afectam, nem nunca afectaram a "moral" militar, pois são tão antigas quanto o homem. Antes pelo contrário: quem quiser esclarecer-se, informe-se sobre a Legião Espartana, e isto é só um exemplo.
Já a violência, qualquer violência, deverá ser severamente condenada. Quanto às praxes académicas, que se pretendem iniciáticas na vida universitária, elas decorrem de costumes já antigos, criados por espíritos mesquinhos e constituem hoje um aviltamento da pessoa humana.
Passando há dias frente ao Teatro Nacional D. Maria II, vi alguns "veteranos" obrigarem os "caloiros" a tomar banho vestidos nos lagos do Rossio; sem a menor intervenção da polícia.
Não sei qual é o poder dos reitores e directores de faculdades para se evitarem estas manifestações abjectas e fundamentalistas. Mas para os seus autores, que já várias mortes têm provocado, esta cena que presenciei no Rossio aconselharia a que, neste local de tantas tradições, os mesmos fossem queimados vivos, como no tempo da Santa Inquisição.
Por vezes há que saber dizer as coisas nos olhos e a tempo.
No primeiro dia de aulas na FLL, um balofo pateta barbudo da AE, acercou-se e de tesoura em punho e preparava-se para me tosquiar a cabeça.
limitei-me a dizer-lhe: "se me tocas fodo-te o focinho!"
Remédio santo.
E jamais fui um "Rambo" ou coisa que se parecesse. Basta alçar a perna e marcar a árvore no momento certo. É tudo.
Parece que o CM é exemplar. Está tudo podre.
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