4.10.08

ARTISTAS PORTUGUESES


Há uns anos, quando pertenci à direcção do Teatro Nacional de São Carlos, fui um dia visitar os seus "armazéns". Ao contrário do que os leitores possam imaginar, os "armazéns" - uns barracões inadequados e miseráveis - não estavam (nem estão) situados perto do Teatro. Eram (e são) em Fernão Ferro, a caminho de Sesimbra. Pensei propor à CML (ou à Administração do Porto de Lisboa) a cedência de um espaço junto ao rio, em Lisboa, dado tratar-se do único teatro lírico nacional. Como o TNSC está "entalado" na Rua Serpa Pinto pelo Hospital da Ordem Terceira, não é fácil alargar as instalações no quarteirão como fez o Liceu de Barcelona depois do incêndio. A minha precoce demissão não permitiu pensar mais no assunto. Vem a isto a propósito das declarações de alguns "artistas" ao Expresso, "artistas" (e uma mãe de artista, a jornalista Dina Aguiar) que possuem ateliers arrendados pela CML por quantias irrisórias. Carlos Amado acha que é uma "obrigação" da Câmara "apoiar os seus artistas" e nem sequer "concebe a ideia de trabalhar num espaço que não lhe seja disponibilizado pela autarquia". Não hesita: "estamos aqui [presumo que seja ele e o consorte mestre Lagoa] porque somos artistas". O "estamos aqui" varia entre 30 a 35 euros de renda em plena Avenida da Índia. José Pedro Croft tem o atelier camarário nos Olivais, com um contrato celebrado por tempo indeterminado pelo qual não paga nada. "O espaço era um armazém devoluto, estava livre. Eu tenho-lhe dado um bom uso", refere o artista. Quem somos nós, brutos lisboetas, para discordar? Todavia acrescenta que já não está "numa situação precária como há dez anos" quando João Soares - o campeão destas liberalidades - lhe deu (termo adequado) o atelier. Do que é que o verbo de encher (como lhe chama, no mesmo Expresso, Miguel Sousa Tavares) do dr. António Costa está à espera? Finalmente a jornalista Dina Aguiar nem sequer se lembra dos termos do contrato que estabeleceu com a Câmara do dr. Soares. Recorda-se apenas que "verbalmente deixou claro" que "o espaço seria partilhado com a filha", uma candidata a artista por ser licenciada em Belas Artes. "Não queria que se pudesse entender esta partilha como uma espécie de sub-aluguer", "tenho o meu contrato (o tal de que ela não se lembra dos "termos") e direitos" e "o problema desta sociedade é a dor de cotovelo e a inveja". Com certeza, Dona Dina. O dr. João Soares - e os que a mantêm nessa situação - devem concordar amplamente consigo. A senhora e todos os restantes "artistas", João Soares incluído, são, na realidade, o que são: artistas portugueses.

20 comentários:

Anónimo disse...

Após a leitura e respectiva 'análise' do texto, ora comentado, se bem entendi, artista português é : xico-esperto, malabarista, trapezista (mas não 'ligado' à geometria) e, porque não, trampolineiro.

Portugal, país de mentes brilhantes !

Anónimo disse...

não me espanta a falta de vergonha dos politicos e artistas.
tão pouco a impunidade desta escumalha.
tudo o que de esquerda é bom.
parafraseando Dino Segre (Pittiggrilli)
«os politicos são de esquerda ou de direita; que fez a classificação foram os de esquerda»

radical livre

Karocha disse...

Bom post João Gonçalves.

Só mesmo eu é que não tenho casa. mas também de que é que estou à espera chamo-me Manuela Diaz-Bérrio...

Anónimo disse...

o nome é josé pedro croft...
"espaço era um armazém devoluto, estava livre. Eu tenho-lhe dado um bom uso", refere o artista. Quem somos nós, brutos lisboetas, para discordar? Todavia acrescenta que já não está "numa situação precária como há dez anos" quando João Soares - o campeão destas liberalidades - lhe deu (termo adequado) o atelier." - veja-se o cv do homem, e daí percebe-se que há 10 anos atrás estava numa situação de precariedade (e que tal dar retorno, ou retroactivos?, compensar a ajuda que teve? - amigos e amigas, é o que é preciso.) vejam aqui: http://www.gfilomenasoares.com//pt/artists/cv/jose_pedro_croft/ ( actualmente com papéis a milhares de euros e esculturas a dezenas de milhares,, coitadinho...!

Anónimo disse...

"estamos aqui [presumo que seja ele e o consorte mestre Lagoa] porque somos artistas". O "estamos aqui" varia entre 30 a 35 euros de renda em plena Avenida da Índia.

e que grande artista! http://www.carlos-amado.com/ e lagoa henriques idem http://www.lagoahenriques.com/

como um primo meu me dizia (com 5 anos), ao acompanhar-me a uma exposição, (desta) arte não!

Anónimo disse...

Não contesto em princípio que artistas e escritores possam ter ateliers ou casas para viverem. O escândalo é que tal não esteja definido por normas gerais que definam os critérios e condições dessas atribuições.

Anónimo disse...

A pouca vergonha ainda vai nos primeiros capítulos.
Mas já se percebeu o tipo de "artistas" desta novela.
Pergunta-se: o Carlos Amado, a Dina Aguiar, os Bastos, etc., não têm os seus empregos? Não ganham mais do que a maioria dos lisboetas que têm de pagar renda ou a prestação da casa? O que fez essa gente para ser privilegiada e se achar com direito a sê-lo?
Não colhe o argumento de que a arte deve ser protegida. Desde logo, porque não se trata de protecção, mas de compadrio e permuta de interesses; depois, porque muitos dos "protegidos" (e, sobretudo, os que mais se "indignam" contra a "inveja" do mundo) não têm ou alguma vez mostraram obra que justifique a "protecção"...
É precisa, urgentemente, uma vassoura.

Anónimo disse...

Dina Aguiar é um dos casos mais escandalosos.

Fernando Antolin disse...

E que tal o "desagravo" da Inês Pedrosa,hoje também no Expresso,sobre este caso,à vereadora Ana Sara Brito?? De chorar as pedrinhas da calçada...

Karocha disse...

Ainda não tive tempo, mas vou já ler.
Muito obrigada Fernando!...

samatra disse...

A Dina Aguiar é de esquerda? Quem continua a confundir incompetencia e falta de vergonha na cara com esquerda, direita também é um bom verdeiro 'artista português'.

fado alexandrino. disse...

A pouca vergonha ainda vai nos primeiros capítulos.

Acontece que já não vai haver mais capítulos nenhuns.
Dentro de duas semanas o caso está esquecido e A. Costa já lavou as mãos ao pedir o parecer da CNPD, que por sua vez já disse que não tem prazo para responder.

Anónimo disse...

No tempo da outra senhora, o SNI e a CML criaram ateliers para artistas que não tinham possibilidades para terem "open spaces" para a sua criação. Alguns desses artistas são conhecidos e contribuiram muito para o desenvolvimento das artes plásticas no País. Lagoa Henriques foi um deles e pareceu-nos bem que, na altura, o Engº Santos e Castro, então presidente da CML tivesse disponibilizado a diversos artistas um armazém pertencente à autarquia para compensar a perda dos pavilhões onde trabalhavam que foram destruídos por um incêndio e que faziam parte daqueles que restavam da famosa exposição do mundo português dos anos 40. Neste caso, como em outros (os pavilhões construídos em Campo de Ourique e em Alvalade) havia esse propósito, plenamente assumido pela CMl de apoio às actividades culturais. Claro que nada disto tem a ver com esta promiscuidade de entrega de casas feitas de forma descricionária, ao sabor de amizades particulares, um património que é dos munícipes. E ainda falam de transparência democrática!

Anónimo disse...

E o que faz de relevante a mulher de João Soares para estar na Associação de Turismo de Lisboa a ganhar 6.000 euros / mês?
Uma curiosidade - foi nomeada pelo Carmona...

Jorge Oliveira disse...

Eu não sei se os favorecidos são mais para a esquerda ou mais para a direita. O que sei é que os políticos de esquerda, sobretudo os do PS, usufruem de uma grande complacência da parte dos profissionais da comunicação social.

E alguns colunistas, sempre prontos para criticarem severamente as habilidades e aldrabices dos políticos, são normalmente muito comedidos quando se trata do clã Soares, onde mais dessas habilidades se podem encontrar.

Anónimo disse...

Eu também sou um grande artista de circo, vivo no arame, será que também tenho direito a uma casita?

Anónimo disse...

Com que desfaçatez se interroga agora se a D. Dina será ou não de "esquerda".
Estes estalinistas nao tem vergonha na cara.

Anónimo disse...

Uma perguntinha: já passou pela cabeça de todos esses "artistas" (todos muito humanistas e solidários com imensas causas ...) que os recursos empregues para os ajudar, numa altura em que precisavam, podem estar a fazer falta para apoiar pessoas que neste momento tenham as mesmas dificuldades que eles tinham na altura em que foram "ajudados"?
É que assim parece que tudo o que lhes passa pela cabeça e tudo o que lhes sai da boca (todas as causas e todas as "lutas") é apenas conversa da treta, é o politicamente correcto, é, ao fim e ao cabo, merda!
Ao menos por isso, deviam ter vergonha na cara.

António Maria disse...

2008 Semana 40
Excitações da semana
29 setembro - 5 outubro


O Expresso mente e colabora em manobra de terror psicológico

Artistas por conta da Câmara
(in Expresso, 5 de Outubro 2008)

São 70 os ateliês cedidos a artistas plásticos contabilizados pela Câmara Municipal de Lisboa após um primeiro levantamento levado a cabo pelos serviços municipais, em Março passado. O documento, a que o EXPRESSO teve acesso

[leia-se: fornecido ao Expresso por alguém afecto à Câmara Municipal de Lisboa]

, revela que a maioria daqueles espaços estão atribuídos por um prazo indeterminado, sem existência de protocolos

[esta afirmação é redondamente falsa e tem como finalidade criar a ideia de que tanto é corrupto quem cede espaços camarários a artistas, como os artistas que aceitam tais benesses]

e, nalguns casos, a título gratuito. José Pedro Croft, Lagoa Henriques, Carlos Amado, Maria Helena Matos, António Cerveira Pinto, João Vieira e até a jornalista Dina Aguiar são alguns dos artistas contemplados

[Eu, António Cerveira Pinto, nunca pedi qualquer espaço camarário, seja para o que for, e muito menos fui "contemplado" com qualquer "ateliê" cedido gratuitamente; pelo que o envolvimento do meu nome neste artigo encomendado ao Expresso configura um acto consciente de má-fé e uma tentativa de assassínio de carácter. Vou pensar quanto é que este tipo de crime pode valer em tribunal.]

pela autarquia num processo de distribuição sem critérios definidos que teve início em 1970, com Fernando Santos e Castro à frente do município e fechado há pouco mais de um ano durante o mandato de Carmona Rodrigues

[a cedência de espaços a artistas, pagos ou não pagos, para aí realizarem o seu trabalho, não "teve início em 1970", mas há centenas de anos, e é prática comum em muitas cidades europeias; por exemplo, os antigos pavilhões da Exposição do Mundo Português (1940), foram cedidos gratuitamente ou a rendas simbólicas, após a Exposição Salazarista encerrar as suas portas, e ainda hoje lá operam várias actividades em condições especiais de cedência de espaço, como clubes náuticos e restaurantes.]

O maior complexo de ateliês camarários disponibilizados a pintores, escultores e ceramistas fica em Alvalade

[fruto de uma viagem do antigo edil da capital -- França Borges -- a Paris, a convite de André Malraux, após a qual decidiu construir o Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus (CAPC), exclusivamente destinado aos artistas plásticos residentes ou a trabalhar em Lisboa (e não para colocar burocratas camarários, como hoje acontece já em meia dúzia de estúdios previamente excluídos da sua vocação estatutária!]

A ladear o Palácio dos Coruchéus, distribuem-se em dois prédios de três andares 50 espaços diferentes. Aí, as rendas rodam os 30 euros

[ali, desde 1972, não se pagam "rendas", mas sim taxas de ocupação de espaços camarários cedidos a título precário e com renovação periódica condicional; por outro lado, a não actualização das taxas é assunto que remete exclusivamente para as responsabilidades da CML, acrescendo que quando os estúdios foram inicialmente cedidos, as ditas rendas então pagas coincidiam com os valores comerciais praticados na zona de Alvalade-Roma, pelo que nenhum dos primitivos utentes do CAPC usufruiu de qualquer benesse]

e as áreas disponibilizadas equivalem a apartamentos T1

[a maioria dos estúdios têm áreas à volta dos 25m2, pelo que nunca poderiam ser equiparados a apartamentos T1, quanto muito a T0 -- mas o que importa aqui denunciar é a intenção maliciosa do jornalista, fazendo passar a imagem de que os referidos estúdios são ou podem ser apartamentos.]

Já nos Olivais, junto à Quinta Pedagógica, os ateliês são oficinas amplas, com escritório e pátio. Croft, que ocupa um desses espaços, justifica as dimensões com o tipo de trabalho que executa, esculturas de grande escala e fala em "troca de serviços" para explicar a ausência de qualquer pagamento da sua parte à CML. "Sempre que sou solicitado para colaborar com a autarquia, faço-o", diz, salientando uma exposição no Museu da Cidade e vários projectos de esculturas para exteriores já por ele realizados. José Pedro Croft adianta que o contrato que assinou com João Soares em 1998 é renovável de quatro em quatro anos, tendo o município a possibilidade de o denunciar. "Como não o fez até agora e ainda faltam dois anos para poder optar por essa via, não creio que haja alterações ao protocolo. Até porque continuo disponível para colaborar com a Câmara", diz.

[Há que distinguir para bem compreender, como insiste um amigo meu, quando lidamos com manobras de intoxicação pública -- em que, pelos vistos, também o Expresso, se vem esmerando. A visão mecenática que leva à cedência gratuita de estúdios a artistas (ou qualquer situação do género) por decisão personalizada e arbitrária do poder político, seja ele camarário ou governamental, não deve fazer parte das normas de responsabilidade e transparência de uma democracia, e como tal deve ser abandonada. O importante, no caso da contra-informação promovida pelo Expresso, é separar os estúdios alugados com toda a transparência daqueles que foram cedidos por deferência majestática do poder. Meter tudo no mesmo saco, mais do que falso jornalismo, é abuso do poder mediático em nome de guerras compradas a troco de garantias publicitárias (suponho.) Assim sendo, este é mais um caso exemplar a intervenção oportuna da Entidade Reguladora da Comunicação Social.

Já agora, uma pergunta: houve algum concurso para encomendar UM MILHÃO DE COMPUTADORES (O FAMOSO "MAGALHÃES") A UMA DADA EMPRESA PRIVADA? E HOUVE ALGUM CONCURSO PÚBLICO PARA ENTREGAR À MICROSOFT O MONOPÓLIO DE FORNECIMENTO DE SOFTWARE E PROGRAMAS INFORMÁTICOS AO ESTADO PORTUGUÊS? Porque não se dedica o Expresso a investigar coisas importantes, em vez de fazer fretes a uma turma de inúteis que vegeta nos corredores da CML?]

Cedência para sempre

Mesmo ao lado, de portas fechadas, fica o ateliê de Sam. O escultor morreu há 15 anos, mas para que o espaço possa ser 'libertado' pela família a autarquia "terá de comprar o espólio do artista", conta fonte do Gabinete de Rosália Vargas, vereadora da Cultura. As negociações já estão em curso, garante a mesma fonte.

[As fontes deste artigo deveriam ser expostas e provavelmente metidas na prisão]

Com direito a "espaço de descanso, porque um artista trabalha a qualquer hora", como diz o escultor Carlos Amado, existem meia dúzia de ateliês ainda mais espaçosos na Avenida da Índia, em Belém, atribuídos no final dos anos 70. Além de Amado, dispõem desses espaços, definidos pelo documento da CML como "armazéns convertidos", Lagoa Henriques, Maria Helena Matos e António Cândido dos Reis. Pagam €35, "aquilo que a autarquia determina, mas sabemos que não somos donos dos ateliês", explica o escultor. "Se eles entenderem que este meu espaço lhes falta para outro fim que se justifique, participar-me-ão e terão que arranjar-me outro ateliê", prossegue. O escultor, que não executa qualquer trabalho há dois anos, considera ainda que esta é uma cedência "a título provisório ad aeternum".

[Esta prosa de pasquim não é digna do Expresso! Ou é?]

"Zangado" com as condições de trabalho oferecidas pelos ateliês dos Coruchéus, onde trabalhou durante três décadas, João Vieira optou por "pedir um espaço maior" à autarquia. Alegou que não conseguia trabalhar "com as faltas de água constantes" e que a área que detinha "já nem dava para guardar metade das obras produzidas". Há menos de dois anos, Carmona Rodrigues cedeu-lhe uma loja devoluta em Marvila. Em troca o pintor doou à Câmara uma peça composta por vários painéis alusivos ao célebre quadro de José Malhoa, 'Fado'. "Foi uma doação valiosa", adianta João Vieira, que garante ter gasto €10 mil na recuperação do espaço. De resto, só ele foge à regra, pagando à autarquia €250 por mês.

[A actualização das ditas rendas que são taxas é um atributo exclusivo da CML, e diz respeito a todo o património camarário -- que é muito -- cedido em circunstâncias similares, seja a título de arrendamento social, seja para cedências temporárias a pessoas, empresas e instituições. Mais uma vez, o que se exige, e muitos artistas há muito vêm exigindo é que essa transparência exista.]

Nos Coruchéus, já poucos consagrados trabalham actualmente e com um volume de trabalho significativo destacam-se apenas Soares Branco e Gracinda Candeias, ambos a dispor do espaço há quase quatro décadas.

[Esta afirmação além de imbecil e improcedente em matéria de juízo estético, não respeita a natureza dos contratos existentes entre os artistas mais velhos e a CML. De facto e "de jure", os artistas que no início da década de 1970 alugaram os estúdios do CAPC, pagaram então o preço justo pelos espaços, e assinaram contratos sem termo. Não têm pois que ser assediados pelo poder -- nem pelos media! -- como se fossem uma espécie de emigrantes do Leste. O facto de as vereações mais recentes alimentarem uma verdadeira obsessão relativamente aos CAPC, dando todos os indícios de querem expulsar os artistas das instalações construídas expressamente para deles, dá credibilidade à história que corre desde o tempo de Santana Lopes, que apontaria para a rápida desocupação dos Coruchéus, a pretexto de ali colocar funcionários camarários sem secretária, mas cuja finalidade última seria vender o terreno valioso dos Coruchéus na corrupta e hoje falida bolsa imobiliária, para deste modo financiar o desastroso e irrecuperável défice da CML. Mesmo que tal fosse verdade, o procedimento correcto seria expor tais intenções publicamente, em vez das manobras sórdidas que têm sido levadas a cabo contra os artistas.]

A mais nova inquilina é Dina Aguiar. O ateliê foi-lhe atribuído por João Soares em 1999. A jornalista é dos poucos artistas identificados pelo documento elaborado pelos serviços municipais cuja actividade artística não está classificada.

[Se o idiota que escreveu esta prosa fizesse o trabalho de casa, saberia que a definição de "artista", nomeadamente para efeitos fiscais, ou de acesso a programas de apoio e investimento público, comunitário, etc., é muita clara e abrange obviamente o caso da Dina Aguiar, que sendo locutora de televisão, como outros são médicos ou jornalistas, é também uma pintora merecedora de todo o respeito institucional e jornalístico.]

Mas o caso mais polémico em Alvalade tem como protagonista Cerveira Pinto.

[Porquê? Porque impedi em 2005 que os artistas do CAPC fossem desalojados? Porque tenho denunciado a conspiração burocrática da CML em volta do CAPC? Porque acho que a CML funcionaria bem melhor com metade dos actuais funcionários e contratados? Porque tenho criticado asperamente António Costa pelo incumprimento das suas promessas eleitorais? Mas também por o simpático edil querer trocar os terrenos da Portela por patacas (uma vez mais em nome do insalvável défice camarário) e destruir o Porto de Lisboa, tudo em nome de pressões que não controla por, basicamente, desconhecer os problemas do país e da capital? Porque bato muito no Sócrates?!]

O pintor transformou o seu ateliê no piso térreo em galeria comercial

[Esta afirmação é 100% falsa e revela até que ponto o autor da prosa do Expresso é uma de três coisas: completamente leviano, profissionalmente mentiroso ou corrupto. Eu não usufruo de nenhum atelier no piso térreo, e se o espaço a que ele se refere é a Quadrum Galeria de Arte, a mesma existe desde 1973, e deixou de operar há três anos, no momento em que a CML anunciou obras de reparação nos edifícios do CAPC, pretendendo então expulsar todos os artistas dos Coruchéus. Acrescente-se que as ditas obras continuam por terminar -- tanto quanto sei por falta de pagamento aos empreiteiros -- e sem projecto de electricidade aprovado!]

a autarquia não gostou. Com um processo instaurado pela CML

[Mais uma vez, não me foi instaurado nenhum processo! A mentira do pseudo-jornalista atesta assim a sua manifesta má-fé, ou idiotia]

e com as portas fechadas, Cerveira Pinto alega direitos adquiridos, mas não se mostrou disponível para falar com o EXPRESSO

[Como é óbvio, para quem me conhece, eu adoraria explicar ao Expresso tudo o que quisesse saber sobre o assunto. Mas a absoluta verdade é que nunca fui contactado pelo Expresso, nem pelo autor da peça em apreço. Quanto mais escusar-me a satisfazer a curiosidade de um semanário outrora famoso pela sua autoridade jornalística, probidade e criatividade.]

O Bairro do Rêgo alberga mais seis artistas, mas outros espaços dispersos pela cidade ainda estão por contabilizar. Rosália Vargas

[quem esta Senhora? Fala com autoridade delegada? Delegada por quem? Poderá ser imprescindível saber.]

afirma estar a trabalhar na matéria com a celeridade possível e classifica as cedências como uma prática "desadequada". O novo regulamento está desenhado mas a discussão pública a que tem que obedecer não permitirá que entre em vigor antes de meados do próximo ano, afiança Rui Pereira, director municipal da Cultura, que levanta o véu sobre as novas regras.

[Quando António Costa prometia tirar os carros de cima dos passeios, eu enviei um escrito a uma sua sessão de propaganda, que viria a ser lido pela minha amiga e pintora Gracinda Candeias, no qual expunha a situação escandalosa dos estúdios do CAPC, a sua história e a transformação daquele lugar outrora paradigmático numa azinhaga de troca de seringas, estacionamento selvagem, serviços de restauração e bar indecorosos, defecação canina diária e confronto burocrático desmiolado com os pobres e pacíficos artistas que ali criam valor (no sentido estrito do PIB.)

Nessa proclamação desesperada insistia, uma vez mais, para que houvesse regras na cedência dos espaços camarários disponíveis: transparência, regulamentos ponderados, diversificação dos tempos de cedência, atenção aos mais jovens artistas, afectação de alguns estúdios a programas de intercâmbio, e respeito absoluto pelos contratos assumidos com os artistas mais velhos, que em nenhum caso merecem ser violentados por uma acção burocrática de contornos potencialmente criminosos -- pois é crime, encurralar, provocar e ameaçar pessoas hoje com mais de 70 e 80 anos, amantes da sua arte, que sempre cumpriram as obrigações estabelecidas com a cidade. O coração destas pessoas é como o coração dos passarinhos. Um trovejar injusto é suficiente para que parem de bater.]

O prazo máximo de ocupação será de três anos, prorrogável por mais dois em casos excepcionais

[Esta informação, que não passa duma balela tipicamente político-burocrática, revela até que ponto o Expresso, em vez de jornalismo, realizou uma operação de contra-informação e coacção psicológica sobre algumas dezenas de artistas que da actual política portuguesa pensarão talvez o que eu penso: não merecem votos!]

As candidaturas serão avaliadas por um júri independente, privilegiando-se os artistas mais jovens de acordo com a qualidade dos seus trabalhos. Os consagrados terão de concorrer com um projecto específico, bem justificado e limitado no tempo

[mais balelas que não resistem a um só desafio: façam o que prometem até ao fim desta ano, respeitando a transparência democrática que todos exigimsos!]


O texto original do Expresso, integralmeente citado, foi assinado por Alexandra Carita.

Os comentários a vermelho são meus (António Cerveira Pinto.)

Sobre o assunto levianamente tratado das cedências de casas camarárias, a que se pendurou a manobra de contra-informação dirigida à generalidade dos artistas da cidade, veiculada irresponsavelmente pelo Expresso, leiam-se abaixo mais dois posts por mim escritos sobre a matéria.

Creio que a minha proposta de reduzir para metade o número de funcionários da CML -- que é uma solução óbvia, se compararmos os rácios entre a população da cidade e a quantidade patentemente excedentária de funcionários e contratados que se atropelam, fazendo muito pouco, ou muito mal, nos departamentos disfuncionais da CML, com outros rácios europeus, nomeadamente Madrid -- pode explicar em parte o uso indevido de informação privada, por pessoal político-camarário, e ou burocrático-camarário, na manobra de contra-informação e coacção dissimulada que o artigo publicado pelo Expresso veicula. Aguardam-se cenas dos próximos capítulos. Eu, por exemplo, aguardo uma entrevista de duas páginas no Expresso!

em Excitações da Semana
O António Maria

Anónimo disse...

Porque se calaram cas casas da camara de lisboa entegues aos jornalistas artitistas e outros . fICARAM CAGADOS.