Esta notícia seria uma banalidade no reino de Chávez, por exemplo, ou em qualquer outro país da América Latina, o Brasil do querido Lula incluído. Há uma "auditoria" que constava de um "plano de actividades" que se mistura com uma "queixa" de um alto dirigente da administração pública pretextando "violações de sigilo" que o atingem directamente e, pelo caminho, tenta-se descobrir a autoria de um blogue. Perceberam? Talvez sejam coincidências mas são, de certeza, coincidências com método tal como a loucura de Hamlet. Um cargo de direcção pública destina-se a servir o interesse público e nunca a "servir" quem, por contingências várias, exerce esse cargo temporariamente. Também os dados electrónicos, mesmo que os instrumentos para os usar sejam "oficiais", não deixam jamais de ser privados. O que pode e deve ser estabelecido à partida é o "modo de usar" dos ditos instrumentos. Não "vale" ir lá, depois, e sem conhecimento dos seus utilizadores, vasculhar a intimidade de cada um. Muito menos vale a pena perseguir um blogue por causa do que lá se escreve ou deixa de escrever para tentar descobrir quem escreve ou deixa de escrever. Sou contra o anonimato mas sou mil vezes mais contra "brigadas de costumes". Este episódio apenas revela que Portugal não possui uma cultura pública "democrática" e que tem, afinal, medo da liberdade. Toda a gente adora vigiar-se mutuamente e denunciar o vizinho. Mesmo na função pública em que alguns funcionários (os pequeninos videirinhos aterrorizados pelo "respeitinho") apreciam ser mais serviçais de alguns do que verdadeiros funcionários ao serviço do interesse de todos. O autoritarismo palonço revela-se nos pequenos gestos. Este foi um deles.
4 comentários:
Desculpe, mas não concordo com o prolegómeno:
Esta notícia seria uma banalidade no reino de Chávez, por exemplo, ou em qualquer outro país da América Latina, o Brasil do querido Lula incluído.
Falta-lhe o complemento porque é também mais que banal no Portugal do querido Sócrates...
Ainda está por apurar todos os maleficios desse "alto funcionário" na vida económica e na vida de centenas de milhares de famílias portuguesas.
Ainda está por apurar muito da actividade de consultadoria fiscal a montante a a jusante num determinado banco alvo de muitas manobras, ilicitos e fugas ao fisco..
Por aqui se vê que Portugal é um país de pequeninos, hipócritas, de pequenos torquemadas, bufos, chibos e invejosos.
Alguns até encomendam missas...
Tem razão professor pardal, este
Portugal de pequeninos e hipócritas
está mais interessado na velhota que roubou um creme de 2 euros e picos no lidl e no tipo que pirateou aqui há tempos um cd ou no cabeça rapada que defende uma ideologia. Havemos de ser sempre pequeninos, carissímo. Vamos falando...
Quando uma notícia deste calibre não provoca imediatamente uma onda de indignação nos comentadores, analistas e outros arautos da opinião publicada, é um sinal evidente que a nossa democracia está gravemente enferma. Se o Ministro das Finanças tivesse vergonha na cara demitia-se imediatamente.
A PIDE também usaria estes métodos, se houvesse internet naqueles tempos. O problema é que a PIDE desapareceu mas com o governo do Eng. Socrates coube-nos em sorte uma cambada de estalinistas, que ajudados por outros tantos bufos, perseguem impiedosamente todos aqueles que ousarem levantar a voz contra o NOSSO QUERIDO LIDER. É o país que temos. Já nos deveríamos ter habituado, como diria o outro.
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