Sempre o velho Henry Miller para nos consolar com um "sorriso aos pés da escada". "Morremos a lutar para nascer. Nunca fomos, nunca somos. Estamos sempre na contingência de vir a ser, separados, desligados sempre. Sempre do lado de fora. (...) Um dia destes, falando com pintor meu conhecido acerca das figuras que Seurat nos deixou, afirmei-lhe que elas se encontravam enraizadas ali mesmo onde ele lhes deu vida - na eternidade. Como me sinto grato por ter vivido com estas figuras de Seurat - na « Grande Jatte», no «Médrano» e fosse onde fosse, em espírito! Não há absolutamente nada de ilusório à volta destas suas criações, cuja realidade é imperecível. Vivem na luz do sol, na harmonia da forma e do ritmo que é melodia pura. E também, de facto, com os palhaços de Rouault, os anjos de Chagall, a escada e a lua de Miró, e todo o seu «zoo» ambulante. Assim também com Max Jacob, que nunca deixou de ser um palhaço - mesmo depois de ter encontrado Deus. Pelo verbo, pela imagem, pelo acto, todas estas abençoadas almas que me fizeram companhia testemunharam e eterna realidade da sua visão. Será nosso, um dia, o seu mundo quotidiano. De facto já é nosso - simplesmente, estamos demasiado empobrecidos para lhe reivindicar a propriedade."
3 comentários:
Belo, de facto. Onde é que está publicado?
Cumprimentos,
Pedro Gandra
Magnifica citação. Você é um homem estranho,Gonçalves,capaz das melhores reflexões e citações e depois de uns absurdos reaccionarismos de uma certa "moda",como sobre o aborto ou manifestando uma não mitigada admiração pelo Dr. Salazar,que tambem respeito,mas com os limites dos seus próprios limites,ou seja de não ter compreendido o que mudou depois dos anos 50. Outras coisas a dizer ficam para depois
Belo, de facto. Onde é que está publicado?
Cumprimentos,
Pedro Gandra
8:59 PM
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"REALMENTE é preciso PACHORRA para os COMENTÁRIOS que por AQUI PASSAM!
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