6.9.07

LUCIANO PAVAROTTI (1935-2007)

Para quem gosta de ópera, Luciano Pavarotti está longe de constituir o tenor modelo. Todavia, Herbert von Karajan, cujo "faro" raramente o enganava, proporcionou, na minha modesta opinião, as melhores gravações de La Bohème e de Madama Butterfly com o tenor de Modena e a sua conterrânea, Mirella Freni. Depois, há algum Donizetti que vale a pena e dois discos fundamentais: a Turandot, com Zubin Metha, e a Lucia de Lammermoor, de Richard Bonynge. Mau em palco - a figura também não ajudava -, Pavarotti é uma bela voz nas canções napolitanas e no citado Puccini. Para quem o quiser ver e ouvir - novo e de voz imaculada - existe o Requiem de Verdi, onde Karajan dirige os corpos artísticos do Alla Scala, Leontyne Price, Fiorenza Cossoto e Nicolai Ghiaurov.

9 comentários:

batuta disse...

Pois é, caro João Gonçalves, "para quem gosta de ópera está longe de constituir o tenor modelo:"
Atitude típica, portuguesa, de olhar a música. As capelinhas da paróquia, não é?
Mas o que valia mesmo a pena perguntar era quantos novos apreciadores conquistou ele para a ópera, não acha?

Anónimo disse...

Não sei o que é um «tenor modelo».
Mas que este homem foi um magnífico tenor e um dos melhores de sempre, foi-o com certeza.

Anónimo disse...

Portugal não é um país de merdosos, porque há uma grande maioria de gente que o não é.
Merdosos são estes intelectuais do eixo Cascais-Lisboa que se julgam muito superiores por fazerem nariz ao que tem valor. Os das capelinhas... Os que, como muito bem disse alguém acima, não são capazes de reconhecer quantas pessoas Pavaroti aliciou para a ópera, para o canto, para a música.

Anónimo disse...

A atitute típica dos portugueses é a falta de sentido crítico.
Sem dúvida que Pavarotti levou gente à ópera e ao canto lírico, mas isso não faz dele o melhor tenor, simplesmente porque o não era. Tinha uma voz magnífica (um dom) e usou-a para publicitar o belcanto, e agradecemos-lhe por isso, mas existem tenores muito melhores e dizer o contrário é injusto para como eles.
Raramente Pavarotti me conseguiu comover com as suas interpretações, o que acontece com outros, a não ser ontem quando o ouvi com Sutherland num dueto de Verdi, de que me esqueci o nome da ópera.
Gostaria de o ver apianar como fazia o português Tomás de Alcaide.

Anónimo disse...

Pavarotti tinha um dom - a sua voz;
Pavarotti seguia uma tradição - a dos tenores italianos;
Pavarotti tinha outro dom - um inexplicável encanto pela presença e figura e a força que delas transmitia.
Contudo, por que não aceitar que o João Gonçalves não o considere um tenor modelo? Às vezes dá-me ideia que o que os portugueses não conseguem ver é o detalhe quando se ultrapassa o limiar da mediocridade! É entre os excelentes há os que são melhores que outros, para além de cada um de nós poder ser mais sensível a este ou aquele!
Ora não li em lado algum o João Gonçalves dizer que Pavarotti não foi um excelente tenor e, apesar de para mim ter sido o melhor que ouvi em ópera italiana, concedo perfeitamente que haja outras opiniões, aliás, quase tantas quantas as sensibilidades de cada qual.

Anónimo disse...

Só para rematar: não digo que não haja tenores melhores, não é a minha especialidade.
Mas há um pormenor de que nos esquecemos e, esse sim, parece-me ser um dos factores determinantes do sucesso dele: o do timbre da sua voz, que me parece ser aquilo que o tornou transversal relativamente aos mais variados públicos.

José Teófilo Duarte disse...

Pavarotti não levou ninguém à Ópera. Levou uma multidão a ouvir a sua voz. A Ópera é outra coisa. Essa emoção, Pavarotti nunca transmitiu. Mas lá que era uma grande voz... lá isso era. O post do João está excelente.Abraço.

lino disse...

Há ainda uma outra questão: a atracção do grande público por uma voz singular ou, vá lá, pelos aspectos mais acessíveis da Ópera, significa necessariamente uma atracção pelo mundo da Música?

Anónimo disse...

É um icone contemporaneo que desaparece. Gostemos ou não do seu canto ou atitude, Pavarotti era uma figura simpática de envergadura mundial, nestes tempos tão mediáticamente carregados de gente medíocre e sinistra. Fazem falta mais personagens luminosas como ele.