Aquando da "Constituição Europeia", vários blogues juntaram-se sob a designação genérica de "Blogues pelo Não". Era suposto - como continua a ser - ter havido um referendo nacional ao tratado constitucional que foi adiado quando, sobretudo depois do "não" francês, a coisa ficou em "banho maria". A "Constituição" foi então dada como morta e o "processo" europeu prosseguiu como devia: no debate, na contradição, no conflito, na preservação do essencial e no equilíbrio entre as opiniões públicas nacionais e a "língua de pau" de Bruxelas e do Conselho. Agora fala-se em "tratado reformador", "mini-tratado" ou "tratado de Lisboa" e pretende-se fazer tábua rasa do que ficou para trás. Ora, o que ficou para trás foi a "Constituição Europeia" que é este "tratado reformador", sem o hino e a bandeira. Uma vez mais, e ao arrepio das opiniões públicas nacionais, os mandarins preparam em segredo a Europa deles, com um lance de cosmética a aplicar ao defunto tratado constitucional para ver se, desta vez, ele "passa". Aqui foi-nos prometido um referendo e, daqui em diante, isso deve ser quotidianamente lembrado ao senhor presidente em exercício. Para ele, a presidência é o "tratado" ou não é nada. Para nós, é mais do que isso. É, pois, altura de voltarmos ao "não" ao "tratado reformador", isto é, à mesma "Constituição Europeia" que Sócrates e outros prometeram referendar. Estaremos atentos ao embuste.
Nota: Foto e link "cedidos" pelo Jorge Ferreira
Nota: Foto e link "cedidos" pelo Jorge Ferreira
5 comentários:
Eu sou mais pelo sim.
Opiniões.
Beijos
Antes disso, ainda se deveria fazer um referendo com a seguinte pergunta: "Conhece o conteúdo do novo tratado constitucional a ponto de se sentir preparado para votar independentemente da sua "cor" tradicional?" Sim ou Não?
Beijos
À margem da Presidência Europeia de José Sócrates, fica também a questão da integração turca. E, mais uma vez, os motivos apregoados pelos altos dirigentes Europeus poderão não ser necessariamente os verdadeiros. Para ler em http://cafepuroarabica.blogspot.com/2007/09/integra.html
Querer ser monárquico e, em simultâneo, ser basista ou mesmo básico parece-me resultar numa contradição insanável, se não insane. Mas ainda lhe direi que tenho razões para pensar que, se tivesse sido submetida a referendo, ainda hoje não teria sido realizada a viagem do Vasco da Gama à Índia.
"Eu sou mais pelo sim"
"Conhece o conteúdo do novo tratado constitucional a ponto de se sentir preparado para votar independentemente da sua "cor" tradicional?" Sim ou Não?"
"se tivesse sido submetida a referendo, ainda hoje não teria sido realizada a viagem do Vasco da Gama à Índia"
Destes comentários sobressaí a ideia de que, mesmo entre os partidários do "Sim" Uber Alles, é mais ou menos líquido de que a probabilidade de um "Não" é tão grande que é melhor não arriscar.
De notar que todos estes argumentos contra o referendo são, no fundo, a de que a democracia tem de ser limitada porque o povo é demasiado ignorante para se pronunciar nas coisas importantes que lhe dizem respeito.
Quanto ao facto de o tal tratado ser demasiado complexo para o compreendermos, isso é um facto.
Mas isto é um argumento que funciona contra o tratado e não a favor do tratado. Competia a quem o quer impor redigi-lo de modo a ser compreensível de forma a toda a gente o compreender. Ou será que a democracia fica limitada às coisas simples?
Já agora, o nosso magnifico presidente (se um reitor é magnifico um presidente também o deve ser) disse uma vez na TV que não concordava com o referendo e deu como exemplo que uma vez esteve na Irlanda durante uma campanha para um referendo sobre qualquer tratado europeu e o primeiro cartaz que viu ao sair do aeroporto dizia "Se não o compreendes vota Não".
Pois é? Como é que ele queria? Se não compreendes vota Sim? Ridículo!
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