Alguns comentários, até de amigos, forçam-me a voltar ao irrelevante trasladado de ontem. Aquilino, tal como Torga, são duas eminências "literárias" portuguesas tidas como tal porque sim. Ou por terem convivido de perto com os pedragulhos e a as montanhas, ou por misturaram a rusticidade com uma qualquer "alma" portuguesa que a minha limitada visão não alcança, ou por terem "lutado" contra Salazar (esta parte fornece automaticamente currículo literário e político), certo é que possuem o extraordinário estatuto de vacas sagradas praticamente indiscutíveis. Para mim, sempre foram e serão dois bimbos com intermitências talentosas. Nem sequer chego ao ponto de chamar a Aquilino medíocre, como Pulido Valente. Não me interessa como escritor, não mudou nem muda nada na minha vida, a não ser maçar-me ler um ou o outro. Depois, nunca acusei Aquilino - não sei mais do que toda gente sabe - de ter disparado contra o Chefe de Estado. Disse e repito que Aquilino conspirou avidamente para acabar com ele e até a manusear bombas contra o regime era tosco. Porventura não seria a pessoa mais indicada para um tiro certeiro, mas, como sabemos, há muitos formas de matar. O que me enoja é ver o actual estado dito democrático de cócoras perante esta figura esquecível. Não quer dizer que os de hoje sejam maiores. Não são. E ver-se-à como se vão comportar em Fevereiro de 2008 quando passarem cem anos sobre o homicídio do antecessor de Cavaco Silva. De certeza que vão virar as costas. Só se celebram os "amigos".
14 comentários:
e pronto, está tudo dito... cumps
joao
E porquê ficar à espera de uma comemoração que o poder não quer fazer (Fazer faz, mas quer é celebrar o Buíça).
Porque não preparar uma celebração à margem do poder?
É certo que apoios não haverá nenhum, pois a Câmara de Lisboa está dominada pelos membros actuais da organização mandante do assassinato.
Caríssimos,
apesar da minha história nada ter a ver com Aquilino e com o que ontem se passou, não resisto a contá-la, achando até que deveria ter grande divulgação na blogosfera. Aqui vai ela:
Mão amiga fez-me chegar há alguns dias uma cópia de uma entrevista dada por Maria de Medeiros no último número da edição francesa da revista "Elle".
Maria de Medeiros, "chanteuse, cinéaste, comédienne", respode assim à pergunta "Que transmettez-vous de votre histoire?". Diz ela:
"- La vigilance contre le fascisme heritée de mes parents, exilés politiques, revenues au Portugal après la révolution(...)".
É obra!! para quem já não se lembra ou para quem ainda não tinha memória nessa época, é bom recordar que o pai da "chanteuse" ocupava, já há algum tempo antes de 74, o cargo de adido cultural na Embaixada de Portugal em Viena (onde fora colocado a pedido, por cunha de um primo muito influente no regime de então, como toda a gente sabia) e mantinha um programa (bastante bom, para a época, diga-se) semanal na então RTP de Ramiro Valadão, sobre a história da música clássica.
Quanto à mãe, basta ter a paciência de pesquisar nos arquivos da então Emissora Nacional...
Haja decoro e, sobretudo, algum respeito por aqueles que eram, de facto, exilados politicos!
Depois do desastre cinematográfico que Maria assinou (ou assassinou) sobre o 25 de Abril, mais uma achega notável para a nossa História mais recente!
Obrigado, Maria.
Esses Maçons ... um dia partem o esquadro ...
Midarte
Concordo com Luís Bonifácio:"porque não preparar uma celebração à margem do poder?".Há muitos portugueses que não esquecem,e parece-me uma boa altura para exteriorizar o descontentamento que se avoluma cada vez mais e mais.
De posts anteriores (este assunto tem barbas!) fiquei com a ideia, que, um dos seus motivos contra a colocação de Aquilino no Panteão, era a insinuação (fundada ou não) da sua Participação no Regicídio.
Se tal não é assim, as minhas desculpas!
Contudo, relativamente do paralelismo que criou com Salazar, fazia notar:
1º - Se Aquilino tivesse partecipado no Regicídio disparando, parece-me bastante provável que teria pago, dadas as circunstâncias, com a vida.;
2º - Salazar agiu sempre por interposta pessoa / polícia(?), no sossego do gabinete, que "inventou" coisas como Tarrafal, e dentro deste a Frigideira.
3º - a lista de mortos, não se resume a um Rei e um Sucessor.
Vai também pedir uma Comemoração por estes Mortos?
Não sou especialmente letrado. Li alguns livros do Aq. Ribeiro, não me pareceu tão mau como isso. Rústico? Então não era rústico o próprio País? Talvez por isso, o enredo do livros que li me era tão familiar como a própria linguagem.
Já agora Sr Bloguista, muito sinceramente, quais são, do seu ponto de vista os escritores, ou outros, que deveriam ter honras de Panteão Nacional?
Conhece Paris, melhor que eu pela certa, e sabe que o capitão De Lisle (postergado durante décadas) tem lugar de destaque no panteão Francês...
«3º - a lista de mortos, não se resume a um Rei e um Sucessor».
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Mas o que é que tem o cú a ver com as calças ? Salazar, sequência da Ditadura Militar, é a colectiva, legítima, e aplaudida reacção contra a I República, o mais penoso embuste de democracia à beira de uma generalizada guerra cívil. A «frigideira» é sim um horror do Estado Novo durante a guerra dos regimes totalitários na Europa.
Os acontecimentos estão,històricamente,muito próximos para termos cabeça fria.
É certo que esteve ligado à insurreição e, provavelmente,á organização do regìcidio.
E, tambem é certo, que se trata de um escritor com um grande contributo para a língua portuguesa ser o que é hoje.
E,tambem é claro, que não é inocente lembrarem-se de Aquilino aqui e agora.
Não digo que não mereça.Digo que não o fazia ainda!
Então e aquela história da Maria de Medeiros: ninguém pega nela?
Eu acho-a extraordinária...
Realmente, também não me seduz a escrita de Aquilino e não consegui ler o Malhadinhas.....Pareceu-me que foi suficiente ter lido meia dúzia de páginas.....
Ainda pensei "tentar" a Casa Grande de Romarigães". Que acha João? Valerá a pena? Será melhor que o livro anterior que referi???
Ainda Aquilino :
- «Nascido a 13 de Setembro de 1885 no concelho de Sernancelhe, freguesia de Carregal de Tabosa (uma lápide assinala a casa onde se julga que nasceu), filho de Mariana do Rosário Gomes e do padre Joaquim Francisco Ribeiro...».
Só por curiosidade, em 1913, os padres casavam ? É que já o dr Mário Soares é filho de um padre. Mas que pecha !
Enfim, bom ... de certeza que não foi o padre quem o ensinou a fazer bombas e a conspirar contra o Rei.
Gosto de ler. Mas, ao contrário de quase toda a gente como eu, procuro ler apenas o que saíu da cabeça de verdadeiros Homens. Que interessa que Camilo escrevesse muito bem, se para mim eraz um porco. Nunca acabei de ler toda a sua obra porque a dada altura con heci os seus actos indecentes. Nunca li nem lerei Saramago porque conheço a sua história. Nunca li David Mourão Ferreira porque uma sua aluna me abriu os olhos. Mas, o que é mais curioso, é que nunca li nada do Aquilino apesar de não saber o que agora sei.
Ao que foi dito acerca de Maria de Medeiros há que acrescentar: ignorante et imbécile.
A sua parvoíce parece ser genética.
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