15.1.10

AS AUDIÊNCIAS

As audiências televisivas mandam em tudo: nas maratonas de telenovelas em horário nobre, no final apressado de programas caríssimos por falta de resultados, nos preços astronómicos dos jogos de futebol, até no desterro de ex-grandes estrelas (tipo Herman José) porque o grande público se fartou delas. As audiências televisivas mandam em tudo. Em tudo, menos nos programas que tocam nesse material cada vez mais radioactivo chamado "política".
Quando se mexe na política, sobretudo se for através de comentários desagradáveis ou notícias corrosivas, há valores mais altos que subitamente se levantam. Audiências? Que se lixem. As audiências deixam de ser tudo nesta vida. As audiências passam a ser coisa de telenovelas e reality shows. E por isso o jornal da TVI com maior audiência desaparece do ar, levando consigo a pivô mais popular da estação. E por isso o comentador mais influente desta terra, com shares interessantíssimos para a RTP, vai sair do canal do Estado. Porque recebeu um convite da concorrência? Nada disso. Porque António Vitorino se fez à estrada e, segundo a RTP, há uma corrente invisível que une o seu pezinho ao de Marcelo. Se um vai o outro não pode ficar.
Claro que a RTP tem uma desculpa criativa para dizer adeus a Marcelo: a culpa da vassourada é da ERC, que impôs regras em matéria de pluralismo na televisão. Só que até a própria ERC já veio publicamente lavar as mãos do assunto, dizendo que não se mete nas decisões editoriais da RTP. Depois de andar a ser chutado para os mais estapafúrdios horários e a ver as suas intervenções reduzidas ao mínimo, Marcelo é agora dispensado com desculpas manhosas. Podiam ter-lhe dito a verdade: "Professor, o senhor vai-se embora por causa das suas audiências. Infelizmente, elas são demasiado altas."


tmr

8 comentários:

Tiago P. Lima disse...

O mal do socretinismo é geral.
Ainda hoje enviei para a Rádio Renascença uma mensagem em que considero vergonhoso que a emissora católica continue a alinhar na fraude das pretensas sondagens da Eurosondagem.
Não é a primeira vez que o faço, infelizmente sem qualquer resposta.

Anónimo disse...

Matematicamente considerando o factor "António Vitorino", chama-se a tal fenómeno: mdc - "minimo denominador comum".

Quando dei aulas alguns universitários tinham em entender o "fenómeno". Alguns anos mais tarde, e agora como eleitores, é minha esperança que tal "fenómeno" esteja perfeitamente entendido.

CQD - Com Que Demonstramos

A

Rui

Anónimo disse...

Cavaco Silva deu a corda toda ao PS e vai acabar enforcado nela. O papel de assistente de plateia que desempenhou nos últimos anos é chocante. Foi o remeter de Portugal para um jogo do vale tudo que serviu apenas para sustentar a bacoca promessa de cooperação.

radical livre disse...

diria Camões se tivesse program na rtp
«mudam-se os tempos, mudam-se as audiências»

Anónimo disse...

Um verdadeiro escândalo. Há que limpar o país deste bando de garotos que nos (des)governa. Alguém tem que dar uma vassourada nisto e mandar estes tipos todos para a lixeira da República e da sua ética.

Xarroque disse...

Não entendo como ainda se vê televisão.

João Sousa disse...

Já percebi: a TVI acabou com o Jornal de Sexta porque tinha audiências demasiado altas; a RTP acaba com o Marcelo porque também tem audiências demasiado altas.

Não, pensando melhor, não percebi.

Anónimo disse...

O estado a que isto chegou! Não me admirava nada que Cavaco Silva não se tenha sentido muito incomodado. E oxalá não tenha incentivado o PSD a fazer de o papel de muleta desta socratinice.