11.1.04

SINAIS

O homem médio português. Para quem estudou direito, há no respectivo jargão a figura incontornável do "homem médio", por vezes trocado nas hipóteses práticas pelo sr. A ou pelo sr. B. O Expresso, que funciona como a Tora do regime, explicava que cerca de 40% dos homens portugueses aparentemente recorrem aos favores sexuais de prostitutas, tratando as esposas e as namoradas como meros membros da família. Este "homem médio" é um possível retrato deste País de tartufos, cheio de gente mal-resolvida, beata e, afinal, infeliz, profundamente infeliz, em busca de meias-horas de consolo nos colos provisoriamente ternos da primeira puta disponível.

A nádega de Pedroso. O processo Casa Pia, num dos seus milionésimos detalhes que continuam a cair milimetricamente para os jornais, revistas e televisões, revelou que o dr. Pedroso teria um sinal numa nádega. Da mesma forma, não fomos poupados aos pormenores anatómicos da pila de Carlos Cruz, inclusivé essa tremenda excepção de ser "circuncisado"! Pois bem. Depois da saga do albúm de fotografias da PJ, onde se misturam indistintamente rostos à escolha da investigação, por que não fazer uma recolha de fotos de pilas e de rabos multifacetados para futuras e esclarecedoras identificações como estas?

A liberdade e o gargalo. Na sequência das tais fotos para consumo investigatório, onde se mistura gente pública e notória com anónimos irreconhecíveis, houve uma mini comoção contra a liberdade de imprensa. Felizmente foi um acesso rápido, prontamente contrariado pelos dois chefes dos principais partidos, um dos quais primeiro-ministro. Embora eu não tenha propriamente nenhum tipo de temor reverencial por aquilo que se escreve ou se edita nos jornais, revistas e televisões, nem tão pouco os levo excessivamente a sério, desejo para eles a mesma liberdade com que eu escrevo neste blogue. Nem que seja por uma singela razão. Os media, tablóides ou menos tablóides, reflectem o País que somos, o tal Portugal desconfiado, supersticioso, inculto e injusto que eles julgam denunciar. Ou seja, não são piores nem melhores do que aquilo que pretendem "analisar" ou "noticiar". São apenas um outro lado da liberdade. Fazem parte do "pacote" democrático que, pelos vistos, alguns dos seus históricos defensores só aceitam na "parte boa" ou quando lhes dá jeito. Como diz um amigo meu, quem bebe pelo gargalo, compra a garrafa.

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