21.1.10

ERA UMA DEMOCRACIA, POR FAVOR

Hoje, ao que parece – eu não fui confirmar, nem tenciono fazê-lo – as escutas do caso Apito Dourado foram divulgadas na Internet. Como é habitual neste meio, os rastos não são cognoscíveis e o crime ficará, muito provavelmente, impune. De qualquer modo, aproveite-se o “pretexto” para falar de algo que, apesar de não receber as atenções de quem quer ou deveria querer “mudar” o país, é a base de todo o Estado.
Não é, preclaros leitores, a “igualdade” que faz as democracias. Nem tão-pouco é o “voto”, ao contrário do que muitos julgam. O que faz uma democracia é, antes de tudo, um sistema judicial que seja independente, sério e rápido. O nosso, infelizmente, não é nada disto. E o preclaro leitor bem que pode ir “votar”, bem que pode “manifestar-se”, bem que pode fazer a espargata, que sem uma Justiça que seja independente, séria e célere, todo o Estado fica num estado primitivo, inseguro e a caminho de uma situação perigosa.
Hoje foi Pinto da Costa. Provavelmente uns benfiquistas, uns sportinguistas e mais umas coisas dessas deram pulos de alegria e, no seu íntimo ou em bom som, sentem justiça feita. Não, meus caros. Isto não é justiça. E para tirar a prova dos nove, basta que o leitor se coloque naquela situação. Imagine que publicavam escutas suas num canal de vídeos na Internet – escutas com ou sem conteúdo criminal –, e tire as conclusões que tiver que tirar.
Claro que muitos dizem que este caso se pode comparar com o de José Sócrates. Não pode, de todo. O que faz com que José Sócrates tenha de prestar contas ao povo sobre os casos em que está envolvido não é o facto de sermos todos coscuvilheiros ou o de querermos justiça popular. É o facto de José Sócrates ter um cargo de confiança pública, confiança que é incompatível com “nuvens”. Pinto da Costa, ao que sei, ainda não é servente da nação. Nem Pinto da Costa, nem eu. Alguém tem de ser responsabilizado por esta situação. E com “responsabilizado”, não falo em reprimendas. Há cadeiras que têm de ficar vazias e acho muito bem que se comece de cima para baixo.

tmr

10 comentários:

António P. Castro disse...

"nem tenciono fazê-lo"

Pois. É melhor meter a cabeça na areia, como o avestruz, fazendo de conta que tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis.
E se dedicasse algum do seu tempo, por pouco que seja, a pensar?
Teria, certamente, grandes surpresas.

Anónimo disse...

"Claro que muitos dizem que este caso se pode comparar com o de José Sócrates. Não pode, de todo. O que faz com que José Sócrates tenha de prestar contas ao povo sobre os casos em que está envolvido não é o facto de sermos todos coscuvilheiros ou o de querermos justiça popular. É o facto de José Sócrates ter um cargo de confiança pública, confiança que é incompatível com “nuvens”. Pinto da Costa, ao que sei, ainda não é servente da nação. Nem Pinto da Costa, nem eu. Alguém tem de ser responsabilizado por esta situação. E com “responsabilizado”, não falo em reprimendas. Há cadeiras que têm de ficar vazias e acho muito bem que se comece de cima para baixo."

De acordo.

A.

Anónimo disse...

De acordo.
A primeira cadeira é a do juiz que se prestou àquela farsa e a segunda,do próprio,porque deus nos acuda que se possa fazer tantas falcatruas e continuar como se nada fosse.
Acho até insanidade não perceber que P.da Costa causou prejuízos de milhões aos concorrentes,com a viciação dos resultados e até nas carreiras dos árbitos elevando os desonestos e acabando com a carreira dos honrados.
Proteger isto em nome da privacidade do autor das canalhices é aberrante!

Merkwürdigliebe disse...

Seria muito estranho, estranhíssimo, as escutas serem divulgadas 4, 5 anos depois do início do processo e com o arquivamento do mesmo pelo meio, como você diz.

Por isso mesmo é que as transcrições das mesmas escutas já tinham sido divulgadas pela comunicação social escrita e não só (comunicação social, não pseudo piratas informáticos, para que não haja confusões) há anos, sendo que o único facto novo de hoje foi a divulgação do audio das mesmas e apenas isso. Informe-se primeiro, opine o que lhe aprouver, depois.

sts disse...

Pinto da Costa deixa-os a babarem-se.Ficam excitados de ódio. Depois nas suas vidinhas, reprimem-se. Consequência de serem sodomizados pelas suas miseráveis existências. Condiz com Portugal.

observador disse...

Vejamos:

A Justiça foi o mecanismo social inventado para que os ajuste de contas não seja feita na Praça Pública.

Daí que:

A Justiça tenha regras próprias, que impessam, por exemplo, que só provas válidas possam ser tidas em conta em julgamento.

O Segredo de Justiça devia "eliminar" todas as outras da apreciaçam da Praça Pública.

Mas uma vez quebrado o segredo, e independentemente do veredito da Justiça, entram no julgamento do público.

Não percebo, por isso, que perante a sua revelação pública, os advogados de defesa se preocupem mais em impedi-las de chegar a Julgamento, clamando pela sua invalidade juridica, em vez de procurarem provar a sua fraqueza.

Sendo assim, não se admirem desta situação como a de Pindo da Costa.

A solução era ser pública, antes do Julgamento propriamente dito, ser feita uma sessão sobre a admissão, ou não, das provas a serem julgadas e quais os réus.

fado alexandrino. disse...

Até onde sei um clube é uma instituição de utilidade pública e a SAD está cotada em Bolsa.
Ou seja, este senhor é tudo menos um simples cidadão.

Anónimo disse...

Pinto da Costa que a Mãe não deixava entrar em sua casa por pudor, para dizer o mínimo.
Quando uma Mãe que se preze chega o ponto de meter na ordem o filho, quase ao repúdio, imagine-se a "peça".

JCL

Anónimo disse...

e verdade que foi julgado e ilibabado,mas nao foi considerado inocente como se prova com estas escutas na net,e isto so foi possivel com os deputados que fazem leis nao para atacar a corrupçao a todo onivel que faz com
que o pais esteja atrasado cada vez mais e naohaja quem queira investir,devido a leis preparadas e
cozinhadas para safar os amigos seja na economia ou no desporto e tudo farinha do mesmo saco!

Anónimo disse...

se nao e justiça entao para que servem as escutas? para ocupar o tempo dos investigadores? e gastar dinheiro dos contribuintes , faça-se justiça se ha meios e ha resultados e deixar correr os tramites normais,quem e culpado que seja julgado e nao absolvido com provas como e o caso nao nos podemos esquecer que este senhor e
presidente de uma sociedade anonima
cotada em bolsa, o que poe em causa
o bom nome dos intervenientes na
bolsa nacional ja que isto se encontra disponibilizado nos sites
internacionais.