18.1.10

DEAR WORLD


Na semana passada estreou um musical, em Frankfurt, sobre Barack Obama. Tem um nome tão pornográfico quanto "Hope - The Obama Musical History". O propósito de tal ocorrência é, segundo disse a imprensa, o facto da sua candidatura de 2008 ter proporcionado uma avalanche de "esperança num mundo melhor". A infantilização do mundo ganha terreno a cada instante e o produto medíocre dá dinheiro à bovinidade do Homem. A esperança não se mede com os Obamas desta vida. Com pretos no poder, gays casados, mulheres nos cargos de decisão, espécies animais com direitos tão regulamentados quanto os homens, políticas improfícuas e mentirosas de combate ao aquecimento global e por aí em diante, a dramaturgia da vida não anda um átomo para o lado e, por conseguinte, não varia um só bocadinho o Drama do Homem. Tudo isto é alimentação de mitos clássicos ou modernos e preconceitos batidos e o oposto do que toda essa gente que é tida como "à frente" anda a gritar. Apesar de parecer, nem os figurinos mudam. De resto, animar-se com um Obama ou com alguma coisa que a ele corresponda simbolicamente, que é o mesmo que olhar para o imediato e para o próprio umbigo sem perceber o óbvio, é próprio de quem anda por aqui a arrastar-se.

14 comentários:

Unknown disse...

Convém olhar para o mapa-mundi : o "Mundo" destas palhaçadas é bastante restrito, quando comparado com o "mundo" que aí vem ( aliás, já está aí, mas a "europa" e a sua helenística recusam-se a enfrentar a realidade...).

Eduardo disse...

Grande post. Era bom que escrevesse com mais regularidade.

Merkwürdigliebe disse...

"A infantilização do mundo ganha terreno a cada instante e o produto medíocre dá dinheiro à bovinidade do Homem."

Exactamente, a que não é estranho a sua estreia ter tido lugar em Frankfurt de todos os sítios.
Um musical sobre Obama, família, Oprah e Reverendos Wright responsáveis pela sua formação espiritual provavelmente cantado em alemão, deve ser um burlesco imperdível.
Da infantilização, no noticiário da TVI começou assim uma peça jornalística sobre o envio de ajuda humanitária norte-americana para o Haiti: "Em nome de Obama...". Não deixa de ser bonito ver adultos a encontrar a religião. Os afegãos mortos diariamente "em nome de Obama", nem por isso.

ferreira disse...

"...espécies animais com direitos tão regulamentados quanto os homens...". Isto acho muito bem. É assim que se mede um povo civilizado. Porque o drama do Homem é o drama da Natureza.

Anónimo disse...

o kitsh é eterno...

quanto a Obama, talvez a questão esteja, pelo menos em parte, no facto de Bush jr. ter descido de tal forma a fasquia da "civilidade" que depois dele parece só ser possível melhorar.

mas nós sabemos que vamos a cavalo com o diabo.

Anónimo disse...

oh diacho !
enganei-me no blog.

MJ

Ricardo disse...

"Com pretos no poder, gays casados, mulheres nos cargos de decisão, espécies animais com direitos tão regulamentados quanto os homens, políticas improfícuas e mentirosas de combate ao aquecimento global e por aí em diante, a dramaturgia da vida não anda um átomo para o lado e, por conseguinte, não varia um só bocadinho o Drama do Homem."

E então se tivermos como no passado pretos agrilhoados na senzala, gays na fogueira, mulheres na cozinha e animais na jaula, enquanto vertemos um honesto penico da caca pela janela, já esse átomo de que você fala pode pular alegremente fazendo da humanidade esse drama heróico pelo qual você suspira? Caro Leite-Matos, não me interprete mal: é que das duas três, ou sou muito burro, ou não percebi nada da sua tese.

João Manuel Vicente disse...

«(...) Com pretos no poder, gays casados, mulheres nos cargos de decisão, espécies animais com direitos tão regulamentados quanto os homens, políticas improfícuas e mentirosas de combate ao aquecimento global e por aí em diante (...)» ??

Presumo que este blog esteja a caminhar brava e convictamente para um plano de tal modo cavernícola que até o próprio João Gonçalves passará a parecer moderadamente progressista.

alm disse...

Caro Ricardo, não me interprete mal: não percebeu nada do que escrevi. Ou acha que "pretos na senzala, gays na fogueira, mulheres na cozinha e animais na jaula" se desfazem por decreto ou com musicais pífios? Boa sorte para o seu drama heróico.

Nuno Oliveira disse...

Caro ALM,
Deixe-me acrescentar uma nota à sua resposta ao Ricardo:

Uma das maiores palhaçadas do "mundo moderno" é pensar que o preconceito se vence por decreto. Enquanto não nego que algumas leis têm vindo a ajudar nesse combate, forçando as pessoas a aceitar ao longo de gerações cetos conceitos convenientes a uma classe no poder, seja ela religiosa, política ou económica, também é um facto que outras espelham a ignorância e burrice extrema. Ou a extrema esperteza.
Uma coisa que sei que nunca irei ver em Portugal é uma quota de competentes.

A única observação que gostaria de fazer à sua mensagem, caro ALM, é que os animais merecem ter mais direitos do que a maioria dos seres humanos.

Q disse...

"ou sou muito burro, ou não percebi nada da sua tese."

As 2 possibilidades não são exclusivas, podem acontecer em simultâneo.

Baruq disse...

Caro Q:
O seu excelente comentário diz tudo da bovinidade que por aí pasta.

Anónimo disse...

obama só sabe abanar a cabeça como um boneco de porcelana na traseira de um carro. Com um déficite monstruoso, desprovido de qualquer moral, desemprego monstruoso e sem um certidão de nascimento para apresentar aos americanos só desejo que venha outro Bush.

Anónimo disse...

...espécies animais com direitos tão regulamentados quanto os homens...". Isto acho muito bem. É assim que se mede um povo civilizado. Porque o drama do Homem é o drama da Natureza.

É isso pá, o Leão passa a ter direito a uma pastilha nutritiva para não comer a Zebra. Ao Tubarão vamos processá-lo, não, colocamo-lo num campo de reeducação social aí talvez aprenda não comer os outros peixinhos.

lucklucky