Há relativamente pouco tempo, como uma tendência da moda, assiste-se a um fenómeno curioso. Nos jornais, nos blogs e nas televisões, quem bota faladura emprega insistentemente o artigo definido "o" ou "a" para fazer referência a alguém. O objectivo é claro e um bocadinho piroso. Na verdade, os betoneiros da opinião referem-se uns aos outros publicamente, para que o simples leitor ou espectador perceba que está fora do círculo, com a intimidade de quem todos os dias troca uns telefonemas ou umas mensagens no facebook ou no twitter sobre o dia noticioso e as suas merdinhas laterais. Fechada essa jaula que aparentemente divide a prestigiada gente livre do outro que é suposto estar a assistir ao seu derrame, o artigo definido serve para fazer do referenciado na "opinião", ora um vagabundo, que é raro, ora uma espécie de entidade à prova de bala. O que interessa, em última instância, é perceber-se que quem escreve está à distância simples da sua vontade do mencionado, seja pela "amizade" ou por qualquer vontade de "entendimento" ou "partilha intelectual" quando se tratam nomes externos ao pequeno ambiente doméstico. Coitados, que estúpidos.
4 comentários:
Credo, até parece um lisboeta a falar.
Dizer o Camões ou o Pessoa por exemplo, siginifica tratar as pessoas por tu.
Quando o fazia há mais de 50 anos, o meu professor de Português, perguntava-me : Mas tu conheces Camões de algum lado?
Claro, que isto não interessa muito. Ninguém admite que somos todos ignorantes sobre diversos assuntos. Tempos.
JB
????????
Foda-se, "ó" António, isto podia ser menos frouxo e obscuro! Digo-"o" eu, que até "te" leio com sincero gosto.
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