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21.5.09

BÉNARD

«A vantagem de ter um blogue com caixa de comentários livre é que no dia em que morrermos podem fazer-nos os elogios xaroposos do costume mas aquilo que nos chamaram ninguém nos tira», escreve a Helena Matos a propósito do desaparecimento de Bénard da Costa. Não é o caso deste blogue que usa a "censura prévia" nos comentários mas raramente retira uma vírgula ao que ficou escrito. Isto para dizer que aqui nunca houve lugar a "elogios xaroposos" acerca de Bénard da Costa, a figura institucional e não o homem. Não houve nem há. Não sou hipócrita. Bénard era católico e, por isso, tinha uma certeza. A certeza de que estaria pronto, a qualquer momento, para ir ao encontro de Jesus.

10.1.09

PEDRO MEXIA OU AS MAMAS DE JANE RUSSELL


O Francisco teve a amabilidade de ler este post. Com Bénard da Costa não me apetece gastar mais tempo. O post-scriptum do Francisco poupa-me o exercício: «ele cravou-me um cigarro e eu ouvi-o, deliciado, a falar sobre, repito, as mamas de Jane Russell.» Sublime Bénard. Quanto a Pedro Mexia, é-me indiferente que dirija a Cinemateca ou deixe de a dirigir. Limito-me a constatar a facilidade com que em Portugal se forja um mito. Até ser subdirector da CN, não se conhecia a Mexia nenhuma qualidade extraordinária que o recomendasse para a função. Como escrevi nessa ocasião, «não convinha que Mexia estivesse já a pensar na Cinemateca como uma futura coutada pessoal, seguindo o mau exemplo do benemérito e venerando Bénard.» O Francisco dá a entender que assim não acontecerá graças ao seu «valor intelectual» e à «capacidade para exercer um cargo» (sendo que há pessoas com grande «capacidade para exercer o cargo» que não têm «valor intelectual» substantivo)» já que «o Pedro Mexia tem ambas as coisas, embora ele suponha que não tem a segunda delas e nunca se pôs em bicos de pés para chamar a atenção para a primeira.» Confesso que ainda não me inscrevi no partido dos que acham Mexia «uma das pessoas mais talentosas quer para escrever sobre cinema, quer para falar sobre literatura, quer para fazer o que lhe apetecer.» Tal como nunca aderi - e, nessa altura, era quase equivalente a ter um "passe social" - ao clube dos que desmaiavam com qualquer frase escrita por Miguel Esteves Cardoso. Também confesso um inexpiável crime. Nunca lhes prestei demasiada atenção.

9.1.09

O CÍRCULO VICIOSO

Por falar em Pulido Valente, lembrei-me de Bénard da Costa. Noticiaram que, por motivos de saúde (sempre lamentáveis, naturalmente), o director praticamente eterno da Cinemateca Nacional vai-se embora. Foram quase trinta anos. Bénard sucedeu a Luís de Pina e, graças a ele e ao longo cortejo de amigos que possui por aí, quase pareceu que Pina nunca existiu. Bénard gosta muito de cinema e tem, sem ironia, bom gosto e escreve bem. Só que dirigiu a coisa como se estivesse em casa. "Muito lá de casa", como reza o título de um livro dele. Era o mesmo que eu, tendo passado pela direcção do São Carlos, só produzisse Wagner, Verdi e Puccini, por esta ordem. Agora o incumbente é Pedro Mexia, outro sério candidato à eternidade e a novo cortejo de amigos. O círculo é mesmo vicioso.

25.6.08

ENCENAÇÕES


Num artigo no Público, Luís Miguel Cintra - um misto de Amélia Rey Colaço com Robles Monteiro do regime - saiu em defesa do Gilberto Madaíl da Cinemateca Nacional, o nosso eterno Bénard contra a deputada do PS, Isabel Pires de Lima. O argumentário? O que, de certeza, não utilizou contra aquela no pouco tempo em que foi ministra. Bénard é um "gigante" que está director-geral há dezassete anos e Pires de Lima (e os portuenses, por extensão) não passa de uma pirosa que quer ver os "clássicos" exibidos no Porto. Cintra, cujo umbigo é demasiado para o país que o sustenta através do ministério da Cultura, amesquinha Pires de Lima para defender o enorme Bénard. A antiga ministra da Cultura foi aqui zurzida por muitos motivos, incluindo o que suscitou o artigo nervoso de Cintra: ter cedido à chantagem do milieu para manter Bénard como director-geral, para além de todos os limites legais impostos à correspondente comissão de serviço, tornando-o em mais um "indispensável" com "licença especial". Quem serve o milieu sem perceber que o ministério da Cultura "faz" (ou devia fazer) política e não proselitismo, mais tarde ou mais cedo morre às mãos do milieu. Pires de Lima vai pagar a factura durante muito tempo. Esta gente, quando morde, não larga. É bem feito.

19.6.08

O INSUBSTITUÍVEL

Pinto Ribeiro apareceu ontem para zurzir em Pires de Lima. A "produção fictícia" que ocupa a pasta da cultura emergiu apenas porque alguém lhe soprou que era necessário defender o ex libris Bénard da Costa contra uma deputada do partido da maioria. O "salazarinho" da Cinemateca pode realmente muito. Tanto que até obriga Pinto Ribeiro a mostrar que existe. País tão cheio de insubstituíveis como os cemitérios.

18.6.08

A BELA E O MONSTRO

Em artigo no Público, Bénard da Costa apelida Isabel Pires de Lima de "ruim defunta". "Meta-se com gente do seu tamanho e haja respeitinho por quem não tem nem idade, nem percurso profissional, nem posição social para gastar mais cera com tão ruim defunta", escreve esta verdadeira figura de cera apascentada pelo "centrão". "Porque eu sou e ela foi", conclui delicadamente. Tudo a propósito de um pólo da Cinemateca Nacional (que Bénard dirige como um senhor feudal) no Porto, com conivências várias. Pires de Lima prova, afinal, do fel que, juntamente com todos os que a antecederam, ajudou a fermentar. Bénard "é" porque o regime, de Belém a São Bento, consente que ele seja. Existe um inexplicável temor reverencial pela criatura que lhe permite, ao arrepio do mais elementar bom senso, perpetuar-se e exigir, literalmente, "respeitinho". Inventaram-no e alimentaram-no. Agora aguentem-no.

7.6.08

A CINEMATECA BENARDIANA


Isabel Pires de Lima é seguramente melhor deputada do que foi ministra. E cumpre melhor como deputada do que Pinto Ribeiro como ministro. Primeiro, por causa do "acordo ortográfico". E, agora, num artigo no Público, sobre Bénard da Costa e as "dúvidas" do "only one" sobre a criação de um "pólo de programação da Cinemateca" no Porto. É bem feito para Isabel. Aquando da procissão a favor da continuação daquele director-geral em funções para além do legal limite de idade, Pires de Lima, então ministra, "cedeu" à pressão da vasta confraria "benardiana". Bénard, graças ao raro privilégio de que goza no regime, trata a Cinemateca não como nacional mas como coisa sua. A "confraria", aliás, não admitiria outro propósito. Desconheço a intenção de Pinto Ribeiro em colocar Pedro Mexia como "número dois" de Bénard. Espero que não tenha sido para o envelhecer precocemente e, pior do que isso, no mesmo sentido do seu vitalício director. Não convinha que Mexia estivesse já a pensar na Cinemateca como uma futura coutada pessoal, seguindo o mau exemplo do benemérito e venerando Bénard. A Cinemateca existe para prestar serviço nacional. Não é só de Lisboa. Nem, sobretudo, é só de Bénard.