10.1.09

PEDRO MEXIA OU AS MAMAS DE JANE RUSSELL


O Francisco teve a amabilidade de ler este post. Com Bénard da Costa não me apetece gastar mais tempo. O post-scriptum do Francisco poupa-me o exercício: «ele cravou-me um cigarro e eu ouvi-o, deliciado, a falar sobre, repito, as mamas de Jane Russell.» Sublime Bénard. Quanto a Pedro Mexia, é-me indiferente que dirija a Cinemateca ou deixe de a dirigir. Limito-me a constatar a facilidade com que em Portugal se forja um mito. Até ser subdirector da CN, não se conhecia a Mexia nenhuma qualidade extraordinária que o recomendasse para a função. Como escrevi nessa ocasião, «não convinha que Mexia estivesse já a pensar na Cinemateca como uma futura coutada pessoal, seguindo o mau exemplo do benemérito e venerando Bénard.» O Francisco dá a entender que assim não acontecerá graças ao seu «valor intelectual» e à «capacidade para exercer um cargo» (sendo que há pessoas com grande «capacidade para exercer o cargo» que não têm «valor intelectual» substantivo)» já que «o Pedro Mexia tem ambas as coisas, embora ele suponha que não tem a segunda delas e nunca se pôs em bicos de pés para chamar a atenção para a primeira.» Confesso que ainda não me inscrevi no partido dos que acham Mexia «uma das pessoas mais talentosas quer para escrever sobre cinema, quer para falar sobre literatura, quer para fazer o que lhe apetecer.» Tal como nunca aderi - e, nessa altura, era quase equivalente a ter um "passe social" - ao clube dos que desmaiavam com qualquer frase escrita por Miguel Esteves Cardoso. Também confesso um inexpiável crime. Nunca lhes prestei demasiada atenção.

12 comentários:

Anónimo disse...

Meteu-se com a capelinha, João?
Vai ver...

joshua disse...

Toda esta questão do Mexia pós-Bénard me parece de uma 'importância' brutal e terrível.

Após a apreciação vintageano-degustativa das Mamas de Jane Russel, por Bénard, o que esperar de Mexia senão que siga a tradição e envelheça a degustar-vintagear ainda mais mamas e quadris?! A literatura é uma fêmea que se degusta.

De resto, com tanto grupo recente de tipo X ou antigo de tipo Y, grupúsculos de amigos em que alguns se incluem ou não se incluem, eu, que não me incluo em nenhum desses, descubro-me de repente pelo menos entre aqueles que repararam no Mexia uma ou duas vezes e nunca mais voltaram a pensar no assunto.

Anónimo disse...

Parabéns pelo post João, disse tudo o que devia ser dito:

"Limito-me a constatar a facilidade com que em Portugal se forja um mito. Até ser subdirector da CN, não se conhecia a Mexia nenhuma qualidade extraordinária que o recomendasse para a função."

Esqueceu-se foi de escrever que a qualidade extraordinária do Mexia é procurar tacho no meio e de lamber o rabo à esquerda artística e moderninha que gosta muito dele (pudera!...). Conheci-o na faculdade e sobre as capacidades intelectuais do rapaz ... olhe, pergunte-lhe pelo mestrado que ele andava a fazer e já vai ver o génio...

JCC disse...

Eis a principal razão por que leio este blogue: mesmo quando discordo das opiniões do autor, admiro a sua frontalidade e a coragem de dizer que o rei vai nu. Quem mais ousa, por aí, pôr em causa a sociedade do elogio mútuo?

Anónimo disse...

João Bénard da Costa. Esse homem humílissimo, e verdadeiro servo de Deus. Um homem duma enorme grandeza, ao serviço da cultura, mas também amigo dos mais pobres, incluindo os pobres de espírito. Todas as palavras seriam poucas para enaltecer as grandes qualidades deste grande homem, duma simplicidade e generosidade verdadeiramente desarmantes.

Anónimo disse...

Pode ser bastante mas não é suficiente elogiarmos a frontalidade dos outros. É preciso que a frontalidade esteja em todos nós.Façamos um esforço.
Mas, cuidado, frontalidade impõe verdade.

Anónimo disse...

Este Mexia faz parte de uma colecção de cromos que fingem que são de direita mas dizem o que a esquerda gosta de ouvir. Temos outro que agora aparece no Eixo do Mal e, até, o Passos Coelho diz-se do PSD, mas diz tudo o que Sócrates quer que diga contra a MFL. Vai agora falar ao almoço de "gala"(?) do Economist, pago pelo Governo. Mexia, Passos Coelho e outros da mesma laia são o oportunismo da política portuguesa.

Anónimo disse...

Referindo-se a Mexia (e MEC), escreve João Gonçalves a 10 de Janeiro de 2009: «Nunca lhes prestei demasiada atenção». Curioso então que tenha escrito neste blogue a 20 de Junho de 2003: «Na transição de um dia para o outro, não quero deixar de saudar o novo blog de Pedro Mexia, tão refrescante nestas abrasadoras horas, Dicionário do Diabo» E três dias depois: «Eu, que não sei trabalhar bem com isto, vou chamando a atenção para os blogues que passarei a considerar dos "nossos" nos meus "posts", como já o fiz em relação ao Abrupto, ao Dicionário do Diabo ou ao Crítico». E a 1 de Julho desse mesmo ano: «Decididamente, gosto de ir até ao quarto do pulha, ouvir a voz do deserto e percorrer o dicionário do diabo: entre outras coisas, são boas ocupações para um cidadão livre».

João Gonçalves disse...

net arquivista: daí deduz que lhes prestei demasiada atenção? Já viu há quanto tempo isso foi?

Anónimo disse...

Para oportunistas como aqueles que
Pombal cita há sempre uma solução: Fazer-lhes como fazem os rabelos...

fado alexandrino. disse...

ao clube dos que desmaiavam com qualquer frase escrita por Miguel Esteves Cardoso.

É confrangedor ler os bilhetes postais que agora escreve diáriamente no Público.
Porque é que não se retiram quando ainda estão lúcidos?

FNV disse...

Citado no CC, João? Citando JG, ou está errado ou é conveniente ao socratismo.
Por acaso nem é isso e concordo com o post.