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25.4.11

OUTRO "DIA INICIAL, INTEIRO E LIMPO"

Foi muito "bonita" a cerimónia do "25 de Abril" em Belém. Foi muito consensual, "pedagógica" e querida. Já a quinta-feira de 1974, apesar de mais cinzenta, tinha sido assim: bonita, consensual, querida e florida. A Poeta chamou-lhe, até, "o dia inicial, inteiro e limpo". Não obstante tanta epifania e beatitude, chegámos aqui, a este imenso e perigoso falhanço colectivo. Estamos a precisar de outro "dia inicial, inteiro e limpo". O de 25.4.74 acabou.

Apontamento1: De Pedro Santana Lopes. Achou a cerimónia bonita, um termo recorrente no léxico político de Lopes que, por vezes, tende a ver a realidade com os olhos de um menino deslumbrado por um tubarãozinho azul, no Oceanário, a brincar com duas focas amestradas. Num aspecto, porém, tem razão. Os quatro palestrantes do dia "bonito", sem excepção, presidiram a partidos ou foram seus secretários-gerais. Dois deles chegaram, por isso, a primeiros-ministros. Até Lopes, aliás. O círculo do regime dos 37 anos é mesmo quadrado. De Gaulle, que execrava a IV República francesa, fundou uma outra, a V.

Apontamento2: No facebook, o sr. Lello apelidou Cavaco de "foleiro" por não ter convidado os deputados todos para Belém. O sr. Lello, desde que deixou de tingir o cabelo, ficou pior. Um pouco mais reles do que o habitual.

Apontamento3: Isabel da Nóbrega foi agraciada com uma venera qualquer em Belém. Fez bem o PR em a ter homenageado depois de o seu nome ter sido banido das dedicatórias originais pelo esposo da D. Pilar del Rio a quem o regime, certamente, deve ter dado mil e uma veneras e por quem nutria verdadeiro temor reverencial.

Apontamento4: Pequena história do local da "cerimónia bonita": «Este pátio [Pátio dos Bichos], cuja designação provém de lá terem estado em tempos, em celas próprias, bichos provenientes de África, que provocavam o encanto dos frequentadores do palácio, foi transformado, com o decorrer dos anos, para permitir que o local fosse frequentado por outros bichos (e bichas) mais consentâneos com a a modernidade.»

24.4.11

O 25 DE ABRIL, A HISTÓRIA E OS SUB-37


As novas e as novíssimas gerações, sobretudo as da net e do telemóvel, não se "formaram" lendo, por exemplo, António José Saraiva ou Jorge de Sena, ambos autores portugueses para o século XXI já que viveram o XX, na parte que lhes coube, exilados fora e dentro do seu país. Não. As novas e as novíssimas gerações sub-37 cresceram a ler (os que sabem ler) gente que não sabe escrever, ler ou pensar. Cresceram, esses sub-37, com duas ou três tristes luminárias na cabeça porque elas lhes são impingidas, em casa, através da televisão. Ainda há pouco, o afilhado do Prof. Marcello Caetano debitava - rindo-se porque este é dos que ri - como se fosse o primeiro e último anti-fascista ao cimo da terra. Os sub-37 cresceram com uma parafernália de farsantes que, por definição e natureza deles, são tidos por democratas. Serão? No tempo em que os jornais publicavam textos polémicos e a coisa ainda não estava entregue à redacção única e à criminologia política acanalhada e analfabeta, em ambiente concierge, António José Saraiva escreveu no Diário de Notícias, em 1979, um artigo intitulado "O 25 de Abril e a História". Encontram-no no livro Os Filhos de Saturno, da Bertrand. É a pensar na geração sub-37 que aqui o reproduzo, sublinhando o que me pareceu de sublinhar em 2011. O resto é consigo, leitor. Nem "25 de Abril sempre" nem nunca.


«Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril. Na perspectiva de então havia dois problemas principais a resolver com urgência. Eram eles a descolonização e a liquidação do antigo regime. Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes: o Exército Português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa; havia uma doutrina, a exposta no livro Portugal e o Futuro do general Spínola, que tivera a aceitação nacional e poderia servir de ponto de partida para uma base maleável de negociações. As possibilidades eram ou um acordo entre as duas partes, ou, no caso de este não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa. Todavia, o acordo não se realizou e retirada não houve mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir. Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas:

Uma foi que o PCP, infiltrado no Exército, não estava interessado num acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte da África na zona soviética. O essencial era não dar tempo de resposta às potências ocidentais. De facto, o que aconteceu nas antigas colónias portuguesas insere-se na estratégia africana da URSS, como os acontecimentos subsequentes vieram mostrar;

Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu.

Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de «revolucionários». E nisso foram ajudados por homens políticos altamente responsáveis, que lançaram palavras de ordem de capitulação e desmobilização num momento em que era indispensável manter a coesão e o moral do Exército para que a retirada em ordem ou o acordo fossem possíveis. A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos e em qualquer caso destituídos de sentimento nacional. Não é ao soldadinho que se deve imputar esta fuga vergonhosa, mas aos que desorganizaram conscientemente a cadeia de comando, aos que lançaram palavras de ordem que nas circunstâncias do momento eram puramente criminosas. Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve. O outro problema era o da liquidação do regime deposto. Os políticos aceitaram e aplaudiram a insurreição dos capitães, que vinha derrubar um governo que, segundo eles, era um pântano de corrupção e que se mantinha graças ao terror policial: impunha-se, portanto, fazer o seu julgamento, determinar as responsabilidades, discriminar entre o são e o podre, para que a nação pudesse começar uma vida nova. Julgamento dentro das normas justas, segundo um critério rigoroso e valores definidos. Quanto aos escândalos da corrupção, de que tanto se falava, o julgamento simplesmente não foi feito. O povo português ficou sem saber se as acusações que se faziam nos comícios e nos jornais correspondiam a factos ou eram simplesmente atoardas. O princípio da corrupção não foi responsavelmente denunciado, nem na consciência pública se instituiu o seu repúdio. Não admira por isso que alguns homens políticos se sentissem encorajados a seguir pelo mesmo caminho, como se a corrupção impune tivesse tido a consagração oficial. Em qualquer caso já hoje não é possível fazer a condenação dos escândalos do antigo regime, porque outras talvez piores os vieram desculpar. Quanto ao terror policial, estabeleceu-se uma confusão total. Durante longos meses esperou-se uma lei que permitisse levar a tribunal a PIDE-DGS. Ela chegou, enfim, quando uma parte dos eventuais acusados tinha desaparecido e estabelecia um número surpreendentemente longo de atenuantes, que se aplicavam praticamente a todos os casos. A maior parte dos julgados saiu em liberdade. O público não chegou a saber, claramente, as responsabilidades que cabiam a cada um. Nem os acusadores ficaram livres da suspeita de conluio com os acusados, antes e depois do 25 de Abril. Havia, também, um malefício imputado ao antigo regime, que era o dos crimes de guerra, cometidos nas operações militares do Ultramar. Sobre isto lançou-se um véu de esquecimento. As Forças Armadas Portuguesas foram alvo de suspeitas que ninguém quis esclarecer e que, por isso, se transformaram em pensamentos recalcados. Em resumo, não se fez a liquidação do antigo regíme, como não se fez a descolonização. Uns homens substituíram outros, quando os homens não substituíram os mesmos; a um regime monopartidário substituiu-se um regímen pluripartidário. Mas não se estabeleceu uma fronteira entre o passado e o presente. Os nossos homens públicos contentaram-se com uma figura de retórica: «a longa noite fascista». Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob a capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquos, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver. Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma Primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco. Ao contrário das esperanças de alguns, não se começou vida nova, mas rasgou-se um véu que encobria uma realidade insuportável. Para começar, escreveu-se na nossa História uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa História e que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de Nação. Está escrita e não pode ser arrancada do livro. É preciso lê-la com lágrimas de raiva e tirar dela as conclusões, por mais que nos custe. Começa por aí o nosso resgate. Portugal está hipotecado por esse débito moral, enquanto não demonstrar que não é aquilo que o 25 de Abril revelou. As nossas dificuldades presentes, que vão agravar-se no futuro próximo, merecemo-las, moralmente. Mas elas são uma prova e uma oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então poderemos considerar-nos desipotecados e dignos do nome de povo livre e de Nação independente.»

António José Saraiva, Os Filhos de Saturno

QUATRO ESTAROLAS E UMA DEMOCRACIA PARA ESQUECER


«Guterres, Barroso, Santana e Sócrates levaram o país com a irresponsabilidade de sempre e sem obstáculos de maior, para o poço sem fundo em que hoje vivemos. Daqui a meia dúzia de anos, os portugueses não se lembrarão com certeza das virtudes desta democracia e não a verão como "o bom velho tempo" a que é preciso voltar. Fica a velha saída de a esquecer.»

Vasco Pulido Valente, Público

26.4.10

A "MANIF" DO "25 DE ABRIL SEMPRE"


Vista por um leitor.

«Já nem nos idosos, e pessoas adultas à altura do 25, conseguimos perceber lógica, conhecimento e lucidez quando mostrados na Télvizão a falar sobre o dito - ou então a Télvizão faz sempre uma laboriosa e exigente selecção, de modo a mostrar apenas os mentecaptos babosos. O folclore mostrado em telejornais é confrangedor: partículas de povo que se saracuteiam como macacos; carros alegóricos e chaimites cor-de-rosa (como os elefantes); velhas desdentadas envergando bonés mal-enfiados pela matéria córnia abaixo; criancinhas irrequietas e delinquentes, ou criancinhas inertes e expressão alvar; jovens porcos e chulos do pai-e-da-mãe; imbecis ociosos; pseudolíderes políticos em desfiles encenados, e que só aguardam combinada sincronização com as Télvizões para arrancar - como as espontâneas manifestações anti-crise. As festas do regime são fracas, feias, fedorentas e falsas. A liberdade um mito e o progresso uma anedota. De resto o povo continua, como dizia Eça, a "querer beber o sangue ao patronato, mas deixará logo essa ideia de lado se o patronato, em vez de abrir a veia, mandar abrir Cartaxo".»

25.4.10

O REGIME DA "LIBERDADE BASTANTE" OU O PAÍS FALIDO DO RESPEITINHO ETERNO, 2

O maçon Rosas, do Bloco - e familiar de um antigo ministro de Salazar que muito provavelmente o poupou a alguns vexames desnecessários - falou pela seita no parlamento. E "ligou", muito apropriadamente, o centenário da república ao 25 de Abril. Na realidade, 1910 e 1974 inauguraram dois regimes de partidos, o primeiro uma ditadura de um, sem votos, o segundo uma ditadura de vários, com votinhos. Dizem-nos que, sem eles, não existe democracia. Concordo. Por isso é que, com estes directórios partidários herdados do pior da república do centenário, isto é uma mera fachada de democracia. Não há nada para comemorar.

Adenda: Grande discurso desmistificador do rapaz do hífen, o Aguiar-Branco. Finalmente. Segue-se o Joãozinho Soares que é sempre um bom momento para um tipo se lavar.

O REGIME DA "LIBERDADE BASTANTE" OU O PAÍS FALIDO DO RESPEITINHO ETERNO


«Nenhuma verdadeira revolução trouxe a ninguém nada de bom. A revolução francesa atrasou o desenvolvimento industrial do país, criou 70 anos de instabilidade política e, com Napoleão, pilhou e arrasou a Europa inteira. A revolução russa conseguiu parar a evolução do império para uma sociedade burguesa e semicivilizada, fez morrer dezenas de milhões de pessoas na guerra civil, nas purgas e nos "campos de trabalho" e acabou por instalar uma das tiranias mais violentas da história. E mesmo no nosso pequeno Portugal a revolução republicana, que hoje discretamente se comemora, trouxe uma república intolerante e terrorista, que, pela sua desordem e fraqueza, introduziu a longa ditadura de Salazar. A outra face do equívoco é a de que o "25 de Abril" não passou de um pronunciamento militar, que o Partido Comunista e alguns loucos desirmanados tentaram transformar numa revolução. Se o programa do MFA se limitasse, como devia, a dois fins legítimos - descolonizar e, assim que possível, convocar eleições -, Portugal provavelmente não teria passado pela irresponsável aventura do PREC, que desfigurou o Estado e paralisou a economia. Com a revisão constitucional de 1989, 14 anos depois, voltámos pouco a pouco a uma certa espécie de "normalidade", insegura e precária. Mas nem por isso nos livramos dos velhos vícios da ditadura e do PREC. A regularidade e o realismo, que as circunstâncias gritantemente pediam, degeneraram na improvisação e no conflito. De qualquer maneira, agora existe um Estado providência (imperfeito, evidentemente) e, quer queiram quer não, existe liberdade bastante.»


Vasco Pulido Valente, Público

FOGUETÓRIO

Ouço ao longe foguetes. Deve ser por causa do "25" (passam quinze minutos da meia-noite) ou do benfica que é a mesma coisa que o "25" para milhões de indígenas. Trinta e seis anos disto, de foguetório, e não aprenderam nada. Deus lhes pague que não tenho troco.

23.4.10

UM REGIME DE PAPEL


Se Cavaco se recandidatar, votarei naturalmente nele. E reservo-me, até por isso, o direito a não lhe lamber os pés. Dito isto, a "esquerdofilização" folclórica do Palácio de Belém à conta dos trinta e seis anos deste regime equivocado, era desnecessária. "Deolinda"? "Projectar Abril"? "Cravos de papel"? Senhor Presidente: deixe essas figuras para o bardo Alegre cuja cabeça está parada, vai para mais de cinquenta anos, na Rua da Sofia. Seja igual a si próprio. Rigoroso, austero e pragmático. O país precisa dessa austeridade ética para conviver saudavelmente com a sua liberdade. De papel, já basta o regime.

25.4.09

UM 25 À DIREITA E À BOA ESQUERDA

Os melhores discursos do "25 de Abril" oficial, no Parlamento, pertenceram a duas pessoas que, na data que hoje se comemora, eram pequeninos: a Teresa Caeiro, do CDS, e o Paulo Rangel, do PSD. O resto foi regime e língua de pau. Ou, mesmo, o fim de qualquer coisa como escreve Medeiros Ferreira. "Do que menos se precisa agora é de um povo alienado pela ficção." Nem mais.

25 DE ABRIL

Safa.

24.4.09

O "HERÓI"


O Público chama-lhe o "herói imperfeito". Um governo de direita recusou-lhe a promoção a coronel que este agora - da esquerda "imperfeita" - lhe quer dar. Parece que ele não aceita a prebenda se não lhe pagarem os "retroactivos" desde não sei quando. Um símbolo, portanto. Otelo foi - é assim que reza a história - indispensável para o sucesso do "25/4". Ainda mal estávamos curados da "outra" revolução - a do PREC, do COPCON e da imensa palhaçada em que o país alegremente mergulhou até "25 de Novembro" - e já Otelo se revelava o herói, desta vez perfeito, de gente hoje insuspeita como o ministro da propaganda Santos Silva e outros que tais. Ficou em segundo lugar nas primeiras presidenciais livres, as de 1976, em que o vencedor de Novembro, Eanes, chegou a Belém. Quando estive no Regimento de Lanceiros - Polícia do Exército entre 86 e 87, a principal ocupação dos esquadrões operacionais era ir recolher o "herói" à prisão militar de Caxias e levá-lo para as intermináveis sessões no Tribunal de Monsanto à conta do processo das "FP-25". O "herói" tinha metido a pata na poça e um famoso caderninho preto com as "operações" do bando não deixou dúvidas a ninguém. Como todos os homens que carregam às costas o peso de uma história para a qual não têm dimensão, Otelo Saraiva de Carvalho foi engolido pelos acontecimentos, felizmente antes de ter tido a oportunidade de se fazer ao famoso cavalo do poder que um dia sonhou apanhar. Não o considero propriamente um "romântico" e, como pessimista empedernido, recuso uma visão romântica da história e, em especial, de Otelo. As FP-25, os negócios com Angola etc., etc. afastam qualquer tipo de "romantismo". Percebo que "camaradas de armas" o tivessem defendido enquanto tal. Isso, porém, não absolve Otelo de nada. Nem como homem, nem como o "herói nacional" que, em boa hora, a história que ele queria montar devolveu à procedência.

20.4.09

AINDA POR CIMA A POUCOS DIAS DO 25


«Não é verdade que Portugal vive a pior recessão desde 1975. Infelizmente, vive a pior recessão desde pelo menos 1925 — o que faz diferença. Cinquenta anos de diferença.»

Nova Frente

10.4.09

ESTES SOCIALISTAS


Às segundas, quartas e sextas, o dr. Mário Soares é "socrático" e acompanha, nas suas dores, luzes e sombras o secretário-geral do PS e 1º ministro. Às terças e quintas, o mesmo dr. Soares é acometido daquela "esquerdite" radical que o tem assacado nos últimos anos e decide alinhar com as esquerdas noutros folclores. É o caso do "25 de Abril" em que Soares subscreve a iniciativa do tradicional desfile "unitário" subordinado ao tema "a crise não pode servir para absolver as incompetências do poder." Ora, salvo erro, o dito poder "incompetente" pertence, por inteiro, ao absolutismo do admirável líder que Soares incensa várias vezes ao dia e do qual pouco ou nada se tem afastado nestes quatro anos. Parece que mais socialistas, como, por exemplo, o extraordinário pseudo - líder parlamentar, Alberto Martins ou o inevitável Alegre, também apoiam esta magnífica iniciativa de "conjugação de esforços" como diria o PC. É que ainda há umas semanas estavam todos juntinhos, atentos, venerandos e obrigados atrás de Sócrates no inesquecível conclave albanês de Espinho. Vá lá a gente entender estes socialistas.

2.5.07

PIREM-SE ENQUANTO PODEM

"Os jovens portugueses inconformados sabem o que fazer: vão-se embora. Felizmente, há mais mundos."

Rui Ramos, in Público

26.4.07

ENTRE RABOS E CRAVOS


Ainda Pina Moura não aterrou na TVI e já se sente a melíflua influência dos "novos tempos". A novela adolescente "Morangos com Açúcar" lembrou-se de fazer "pedagogia democrática". Depois de ter posto ao léu três rabiosques masculinos lá mais para trás, colocou os meninos/alunos a representar uma "peça" sobre o "25 de Abril". Os autores do guião resumiram a coisa com uns quantos berros, umas roupas "à anos setenta" e até arranjaram um "Otelo", um "Salgueiro Maia" e uma (sim, uma rapariga) "Marcello Caetano". É claro que os adolescentes/actores não fizeram a mínima ideia do que é que estiveram a balbuciar. Entre rabos e cravos, venha o diabo e escolha.

25.4.07

NÃO VALEM NADA


"Desprezo as coisas aparatosas e vazias; detesto por temperamento as fórmulas, que é como quem diz os rótulos, não só em política mas na vida diária. Sei de antemão que não valem nada."

Oliveira Salazar, in Imparcial de 15 de Fevereiro de 1914

25 DE ABRIL DE 2007

Apreciei o discurso anti-retórica "abrilista" do Chefe de Estado. Não gostei da referência à "juventude". Cavaco conhece "nichos" de sucesso e não pode confundir isso com qualquer vontade de coisa nenhuma de uma juventude chocha, indiferente e, no essencial, medíocre, tão bem representada pelos videirinhos das juventudes partidárias, dos jornais e das televisões.

25 DE ABRIL DE 2007


"A Câmara de Santa Comba Dão (PSD-PP) vai permitir a manifestação no sábado em defesa do museu do Estado Novo, organizada pelo Movimento Nacionalista Terra, Identidade e Resistência. Apesar dos argumentos antifascistas para que fosse proibida, a autarquia considerou que não seria razoável "limitar o exercício de um direito basilar com base na mera presunção de ocorrência de um crime". Sublinhando que a câmara "se demarca completamente" da iniciativa, o vice-presidente António José Correia lembra, porém, que "para o seu exercício é exigida apenas uma comunicação prévia às autoridades, não sendo necessária qualquer autorização". Acrescenta que "será dado conhecimento às autoridades policiais", para que se tomem "medidas adequadas" para manter "a ordem e tranquilidade públicas e o livre exercício dos direitos dos cidadãos". A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) repudiou este "lavar de mãos" e acusou o executivo de, "por omissão, estar a infringir a lei", já que a Constituição proíbe qualquer manifestação fascista. Segundo a URAP, até ontem, já tinham dado entrada nos seus serviços centrais dez mil assinaturas contra a criação do museu de Salazar, em Vimieiro. Entre eles, um conjunto de personalidades como presidentes de câmara, Jerónimo de Sousa, Manuel Carvalho da Silva, Maria Barroso, Isabel do Carmo, Urbano Tavares Rodrigues, Vasco Lourenço e Dulce Pontes. Enquanto se esgrimem argumentos sobre o projecto, existe já um museu virtual de Salazar, do Núcleo de Estudos de Oliveira Salazar, para homenagear o "maior estadista do século XX". Além de uma autobiografia, a página da Web tem dezenas de fotos do ditador, como o quarto onde nasceu, a igreja onde foi baptizado e o túmulo."

in Público, 25.4.07 (edit meu)

25 DE ABRIL DE 2007

Um Picasso, da "fase negra".

1.2.07

1 DE FEVEREIRO DE 1908


Quem sabe se aqueles fatídicos dois minutos, na esquina do Terreiro do Paço com a Rua do Arsenal, não tivessem ocorrido, se não teríamos sido poupados a quase cem anos de inanidades de diversas proveniências. Os nossos gloriosos "cem anos de solidão".