
O Portugal dos Pequeninos está no SAPO:
http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
(...) Vou lendo o Portugal dos Pequeninos e acompanhando as tuas hortaliças. Como não estar atento a um país tão catita como o nosso, que paga ao fémur da Medeiros as suas estiradas até Paris e ao papa-figos da PT para bater punhetas ao capadócio que nos governa, esse que assina casas que parecem enchovias (...), para não falar da canzoada da oposição, do louro Coelho (porra, mas quantos Coelhos há nesse país?), dos pistoleiros do PP... Também vou lendo o Massagista Pitta, o nosso glande clítico litelálio, para me informar e por graça, e o Peixe-Cão Viegas... É tudo malta que não pode ser levada a sério, é para levar na desportiva, cantarolando e rindo: «todos os patinhos sabem bem nadar, cabeça para baixo, rabinho para o ar». Porque enrabados por enrabados, pelo menos que seja achincalhando.»Adenda: Filipe, não seja piegas. O mal da nossa chamada literatura (e actividades comerciais adjacentes, prolongáveis em jornais, revistas, rádios e televisões) é este excesso de lamechice autocomplacente. Lá por sermos amigos deste ou daquela - mesmo até por isso - não devemos tratá-los como atrasados mentais ou criancinhas desprotegidas da sorte. A ironia e a polémica nunca fizeram mal a ninguém. Pelo contrário, à conta da "bondade", aceitamos sempre qualquer dedo enfiado onde menos se devia esperar acomodá-lo. É tempo de passarmos a ferro estes preconceitos respeitosos, atentos e veneradores e de evitar viajar em circuito fechado. Senão temos de ir buscar ao baú o poeminha da Natália Correia, destinado aos venerandos do tribunal plenário que lhe proibiram a Antologia, e relembrar que a poesia (leia-se, a blogosfera) é para comer.
Vasco Pulido Valente, Público
«A quantidade de opinião no cabo não tem paralelo com qualquer período anterior da TV ou da imprensa. Há programas de comentadores generalistas, sobre economia, política, desporto, sobre tudo e nada, comentadores de notícias, de notícias sobre notícias, de decisões judiciais, de notícias sobre decisões judiciais, comentadores de comentadores, uf! As talking heads transbordaram para os generalistas: os directores da SIC, por exemplo, já comentam nos seus próprios noticiários, juntando-se aos comentadores históricos e aos recorrentes. Haver tanta opinião é excelente, se for plural, mas o excesso poderá cansar os espectadores. Noto, também, que alguns programas com jornalistas tendem, infelizmente, ou a seguir a "onda" de opinião vigente ou a voz da central de S. Bento. Tentando fugir à opinião óbvia, Mário Crespo reúne agora semanalmente três especialistas, três vozes desafinadas com o "sistema" dos bem-comportados: Medina Carreira, João Duque e Nuno Crato (Plano Inclinado, SICN, 2ª). O "sistema" no poder logo disse mal do programa: muito repetitivo - como se diversos outros programas não fossem repetições de repetições de repetições das opiniões próprias, dos colegas, camaradas, patrões, banqueiros e do poder. A repetição é inevitável a quem se expõe com regularidade no espaço público. Mas as repetições de quem está fora do sistema da "opinião habitual" não são piores do que as outras, pelo contrário, são mais raras e mais originais. O Plano Inclinado tem essa originalidade. Nesta altura, há no cabo programas de debate que ajudam a compreender melhor a realidade nacional e internacional, como Quadratura do Círculo, Plano Inclinado, Sociedade das Nações, na SICN, e, na TVI24, A Torto e a Direito e Roda Livre. Neste, Vasco Pulido Valente foi infelizmente substituído por um comentador, Pedro Adão Silva, completamente preso a posições partidárias. (...)
«Desde que o PS voltou a ficar em primeiro nas legislativas, o director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, anda mais atrevidote. Participou inopinadamente num Prós e Contras destinado a tramar o director do Expresso e o então director do PÚBLICO. Deu entrevistas falando com um autoritarismo antes escondido, semelhante ao do Governo. Numa conferência pública, co-organizada pela RTP, desceu ao mais baixo nível do insulto e de negação do debate na esfera pública democrática, chamando ao autor de uma crítica "doente" mental. Na semana passada, Carvalho inventou umas regras para os jornalistas da RTP1 seguirem em actividades da sua esfera privada, em blogues e em redes sociais, como o FaceBook ou o Twitter. As "recomendações" de Carvalho ofendem os mais básicos princípios da liberdade de expressão e das liberdades individuais em geral. Diz que os jornalistas da RTP "nunca" devem escrever on-line o que não pudessem dizer numa notícia. Quer dizer, fora das horas de serviço e em actividades individuais não poderiam opinar sobre o mundo, a vida, as pessoas. Diz também que os jornalistas devem escorraçar amigos no Facebook se isso desequilibrar o que ele, Carvalho, julga ser a "imparcialidade" nas relações humanas: um jornalista da RTP não poderia, por exemplo, apresentar no Facebook "demasiados" amigos do BE, do CDS ou doutra organização das "áreas" que Carvalho condena. As nove metediças "recomendações", divulgadas no 24 Horas (26.11), parecem-me um festival de controleirismo militante à la ex-directora regional de Educação do Norte, bem típico da era socretista. Seriam apenas ridículas se não constituíssem um enxovalho, mais um, para os jornalistas da RTP, com as sugestões de autocensura e de vigilância politicamente - socretistamente - correcta.Os jornalistas da RTP1 ouvidos pelo 24 Horas tentaram esquivar-se, ou disseram o óbvio - que o comportamento das pessoas em rede deve reger-se pelo bom senso, o que tornaria as "recomendações" inúteis -, ou concordaram, revelando tristemente já funcionarem dentro do esquema que o actual Governo sempre desejou: que se portem bem. Se não, levam. Perdem regalias ou o emprego.»
Eduardo Cintra Torres, idem