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23.1.12

PORTUGALDOSPEQUENINOS.BLOGS.SAPO.PT




O Portugal dos Pequeninos está no SAPO:

http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/

22.1.12

NO SAPO


Amanhã, dia 23, e ao fim de mais de oito anos de "emissão" através do blogspot, este blogue migra para o portal SAPO. Com um novo design concebido pela competente equipa "Blogs do Sapo", o Portugal dos Pequeninos muda apenas de aspecto e aparecerá com novas "funcionalidades". A migração inclui naturalmente o arquivo que permanece indemne desde o primeiro post. Isto facilita a vida aos patrulheiros de diversas proveniências que o percorrem com a avidez típica das ténias. Em vez de um, passam a dispor de dois já que este endereço blogspot não desaparecerá. Os mais diligentes burgessos podem, assim, "conferir" permanentemente ambos não vá escapar-lhes qualquer coisinha. Todavia, e permitindo-me parafrasear Wittgenstein livremente, tudo o que ainda não escrevi é mil vezes mais interessante que tudo o que já escrevi. Podem crer.

10.1.12

EM BREVE


Aqui.

5.9.11

MEMORANDO DE ENTENDIMENTO


Este blogue assinará brevemente um "memorando de entendimento" com o portal Sapo.

14.6.11

AGRADECIMENTOS COM CONTA, PESO E MEDIDA

«A gente sabe que (...)/ já nada pode durar/ muito.»

João Miguel Fernandes Jorge


Ao Medeiros Ferreira, ao Fernando Martins, ao André Azevedo Neves, ao Samuel de Paiva Pires, ao Nuno Gouveia, ao Luís Novaes Tito, ao Tiago Moreira Ramalho, à Joana Carvalho Dias , ao Afonso Azevedo Neves, ao Fernando Moreira de Sá, ao «ser injusto faz parte do seu talento. Mas pronto. Confio que o Portugal dos Pequeninos, que agora faz 8 anos, redobre de espírito cáustico nestes novos tempos do poder.» Ou o Fernando Martins. «Frontal, corajoso, muito bem escrito e geralmente bem pensado, é às vezes obtuso. É bastas vezes reaccionário e salazarista (coisas diferentes para os mais distraídos), qualidades que eu muito aprecio quando servidas com conta, peso e medida.» Revejo-me muito neste "auto retrato" do Vasco Pulido Valente escrito por irónica ocasião dos seus cinquenta anos. Ele que também não me perdoe a citação como eu não perdoo nada. «Dantes andava-se e esquecia-se. Agora, a vida pára. Repete-se. Um mês é igual ao anterior e ao próximo e ao seguinte. Não acontece nenhuma coisa diferente, só acontecem coisas indiferentes. Por qualquer razão obscura, não se consegue descobrir o sítio onde as coisas acontecem; e elas já não acontecem onde aconteciam.(...) Eu penetrei na impropriamente chamada meia idade desta maneira: ou seja, aflito. O céu caiu-me em cima sem aviso. Nestas crises, segundo o costume, as pessoas agarram-se: à família, ao trabalho, às ambições. Reparei que os meus amigos se agarravam. Um a um, consoante a sua natureza, transformaram-se em secretários de Estado, políticos respeitáveis, académicos triunfantes, altos funcionários ou pais extremosos. Vários preferiram a virtude, ideológica ou sexual. Com meritórias excepções, quase todos se encaminharam.»

11.6.11

«BALANÇA»*


Quando regressava do Guincho, ocorreu-me que este blogue completa hoje oito anos de existência. Alguns leitores amigos recordaram-se disso aparentemente mais depressa do que eu. Pelo caminho, este blogue - o seu autor - deixou fundamentalmente duas coisas impensáveis (para ele) em Junho de 2003: dois livros e algumas amizades. Dos livros não há nada a dizer. Das amizades, há apenas que lamentar. Também houve o contrário. Sem o blogue provavelmente nunca teria conhecido novos amigos que, contudo, não substituem a falta dos desaparecidos. Como é próprio de um blogue e da vida, segue-se em frente. Este blogue esteve com coisas que ganharam e com coisas que perderam. Tem preferências que não esconde. Da mesma forma que não poupa o que detesta. Ser, como é, independente não quer dizer que seja neutro. Num país pequenino como este ninguém se pode dar ao luxo de ser neutro. Como todos os trabalhos solitários, este custa. Custa, precisamente, em solidão, em "solidariedades" de ocasião, em obtusas incompreensões e em pequenas invejas. Mas compensa, no essencial, por aqueles leitores (não da onça) que fizeram dele o modesto "sucesso" em que acabou por se tornar sem recurso a outras "armas". Sobretudo porque, salvo raríssimas excepções, não "cresceu" deste espaço para jornais ou televisões, permanecendo fiel a (talvez lhe possamos chamar assim) uma "tradição" blogosférica à qual outros, vindos dos media convencionais, acabaram por aderir. Não sei se isto durará mais oito dias, oito meses ou outros tantos oito anos. Quem sobreviver, verá.

*Poema de Eugénio de Andrade: «No prato da balança um verso basta/ para pesar no outro a minha vida.»

26.2.11

UM PRINCÍPIO PORTUGUÊS


«Não há liberdade, há de quando em quando liberdades. E, para que haja liberdades, são precisas instituições, que, garantindo a segurança, as promovam e defendam. Ora o que havia em França em 1789-1794 era uma total ausência de instituições capazes de promover e defender as liberdades. Como em 1917 no Império Czarista e em 1991 na URSS. Ou como no Portugal de 1974. E como hoje na África do Norte. O Egipto tem um exército forte e com alguma tradição política. A Tunísia tem um exército fraco e uma tradição de neutralidade. A religião muçulmana, que não está submetida a uma hierarquia como a católica, tem várias tendências, que se disputam, uma disciplina interna fraca e, em geral, uma lei irreconciliável com a democracia. Não me parece que com estes ingredientes se consiga pôr em pé a sombra de uma ordem democrática e secular.» Isto é de Vasco Pulido Valente, no Público, em "resposta" a Pedro Lomba. Mas o que me interessa é o príncipio do excerto. Se o deslocarmos do contexto para o nosso, actual, os sinais devolvem-nos um país pouco mais "evoluído" em matéria de liberdades do que aqueles cuja história VPV conta. Um presidente do STJ empenhado em perseguir todo o mundo e o outro por causa dos seus "poderes", um punhado de partidos, à esquerda e à direita, "albanizados" e asnáticos, uma sociedade dita civil que oscila entre a passiva ajoelhada perante ao Estado e a parvoíce de matilha da "geração facebook" que "ameaça" com a rua, um jornalismo falho de audácia (vá lá, Fernando Madrinha no Expresso ousou denunciar a "correcção" no episódio da prisão de Paços de Ferreira), as recentes "golpadas" no sufrágio universal, etc., etc., dão cor a uma miséria institucional e instintual que não pode manifestamente dar lições a ninguém. «Não há liberdade, há de quando em quando liberdades.» Um princípio português.

25.11.10

«VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA»


O dr. Santana Lopes, no hebdomadário Sol, "exige" que a senhora Merkel "clarifique as suas afirmações". Imagino que a senhora Merkel comece seriamente a ponderar um fabuloso pedido de desculpas ao dr. Santana Lopes com tradução simultânea. Depois disto (e de outras coisas neste registo de pura insanidade transversal doméstica), começo seriamente a pensar se vale a pena continuar a escrever aqui ou noutro lado qualquer. Vou-me embora pra Pasárgada.

17.11.10

UMA HISTÓRIA EXEMPLAR DE "NOVAS OPORTUNIDADES"


Sem comentários, como vem no Público. A não ser de Céline, lembrado no Facebook pela Tânia Raposo - "La merde a de l'avenir. Vous verrez qu'un jour on en fera des discours." «Um jovem de 26 anos, sem currículo profissional nem formação de nível superior, foi contratado, em Dezembro, como assessor técnico e político do gabinete da vereadora Graça Fonseca na Câmara de Lisboa (CML). Remuneração mensal: 3950 euros ilíquidos a recibo verde. Desde então, o assessor - que estava desempregado, fora funcionário do PS e candidato derrotado à Junta de Freguesia de Belém - acumulou esse vencimento com cerca de 41.100 euros de subsídios relacionados com a criação do seu próprio posto de trabalho. Filho de um funcionário do PS que residiu até 2008 numa casa da CML com uma renda de 48 euros/mês, Pedro Silva Gomes frequentou o ensino secundário e entrou muito novo para os quadros do partido. Em 2006 foi colocado na Federação Distrital de Setúbal, onde se manteve até meados de 2008, ano em que foi reeleito coordenador do secretariado da secção de Santa Maria de Belém, em Lisboa. Entre os membros deste órgão conta-se a vereadora da Modernização Administrativa da CML, Graça Fonseca. Já em 2009, Gomes rescindiu por mútuo acordo o contrato com o PS - passando a receber o subsídio de desemprego - e em Outubro foi o candidato socialista à Junta de Belém. No mês seguinte, perdidas as eleições, criou a empresa de construção civil Construway, com sede na sua residência, no Montijo, e viu aprovado o pagamento antecipado dos meses de subsídios de desemprego a que ainda tinha direito, no valor total de 1875 euros, com vista à criação do seu próprio posto de trabalho.Logo em Dezembro, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) aprovou-lhe também um subsídio, não reembolsável, de 57.439 euros, para apoio ao investimento na Construway e para a criação de quatro postos de trabalho, incluindo o seu. Deste valor Pedro Gomes recebeu 26.724 euros ainda em Dezembro, sendo 4086 para investimento e 22.637 para os postos de trabalho. No dia 1 desse mesmo mês, porém, o jovem empresário celebrou dois contratos de prestação de serviços com a CML, para desempenhar funções de "assessoria técnica e política" no gabinete de Graça Fonseca. O primeiro tem o valor de 3950 euros e o prazo de 31 dias. O segundo tem o valor de 47.400 euros e o prazo de 365 dias. O segundo destes contratos refere que os serviços serão prestados no gabinete de Graça Fonseca e no Gabinete de Apoio ao Agrupamento Político dos Vereadores do PS. A autarca disse ontem ao PÚBLICO que foi ela quem convidou Gomes e garantiu que ele é "efectivamente" assessor do gabinete do PS, cuja coordenação, acrescentou, lhe foi "confiada". Este gabinete, porém, não tem existência real, sendo que Pedro Gomes é assessor de Graça Fonseca, tal como outro dos três assessores que teoricamente o compõem. O terceiro é assessor da vereadora Helena Roseta.Graça Fonseca disse que Gomes "foi contratado por estar à altura das funções às quais foi adstrito e por ser um lugar de confiança política". A autarca garantiu que desconhece o facto de o seu assessor ter recebido os subsídios do IEFP. Já a direcção deste instituto adiantou que Gomes já recebeu este ano mais 12.593 euros para apoio ao investimento, tendo ainda a receber cerca de 10.500 euros. Face às perguntas do PÚBLICO sobre a acumulação ilegal do lugar de assessor com os apoios recebidos e aos indícios de que a Construway não tem qualquer actividade, o IEFP ordenou uma averiguação interna e admite que a restituição dos valores recebidos pelo empresário venha a ser ordenada. O presidente da CML, António Costa, não respondeu às perguntas do PÚBLICO.»

10.9.10

NO PAÍS HUMPTY DUMPTY

O senhor conselheiro Pinto Monteiro ouviu o seu conselho superior. Pelos vistos, o seu conselho superior não tem apreciado ouvir o senhor conselheiro Pinto Monteiro. Mas ninguém se mexeu ou mexe. Seja ele, o seu número dois ou aqueles de cuja nomeação depende que estejam e fiquem. Por outro lado, um "probleminha" informático, muito apropriadamente no país das altíssimas tecnologias, impediu que fosse divulgada uma decisão judicial de "formatação" complexa. À consideração dos Humpty Dumpty.

25.8.10

É TRISTE


A bola. O Braga. A múmia Mesquita Machado. O tudólogo Marcelo que nem sequer deve ter dormido as míticas quatro horas. O povo. O aeroporto. Outra vez o povo e outra vez o aeroporto. O Paciência e a falta dela. A menina da rádio à porta dos quiosques sob as arcadas do que resta do Café Vianna. «Quantos jornais vendeu? Um Record e Bolas.» E a bola. Sempre a bola. O massacre da bola. Mais um processo contra o Queiroz - se fosse ele pregava um murro em cada uma das alimárias, com testemunhas, e "agora já me podem processar". Penhore a tinta do cabelo do Madail, os implantes dentários do Carvalho e o único neurónio do Laurentino. E sempre a razão do Rodrigo da Fonseca antes de bater a bota. Nascer, viver e morrer entre brutos é triste.

12.6.10

PEQUENINOS E A BOA DISTÂNCIA

Medeiros Ferreira em Joanesburgo com a bola. Depois da derradeira passagem pela SICN, MF tem direito a tudo, mesmo a fraquezas destas. Uma amiga diz-me que conhecidos meus passaram ontem pelo "Expresso da meia-noite" para falar da bola. Pelo menos um editor de livros e a sua proto-escritora de "romances". Vale tudo neste festim de mediocridade geral. Portugal, visto daqui, de Paris - a boa distância, como titula Manuel Maria Carrilho os seus artigos - ainda parece mais pequenino.

11.6.10

A PAIXÃO POSSÍVEL



Reparo - porque alguém reparou - que este blogue começou há sete anos. Movimentou-se em direcções inesperadas. Valeu um livro, novos amigos, um "inimigo" famoso, alguns conhecidos e fartos desaparecimentos, na maior parte, lamentáveis. A um crescente isolamento pessoal correspondeu um alargamento "virtual" do meu chegar a pessoas que não sei quem são e elas, muitas delas, não sabem quem eu sou (nem queiram saber!). Na epígrafe que escolhi, Gore Vidal afirma ter conhecido muita gente mas possuir a sensação de não ter conhecido ninguém. Isso também se acentuou sobretudo com os chamados "íntimos" que, afinal, da intimidade só experimentam o prazer de a trair. Todavia, isto aqui funciona mais ou menos como uma paixão para consumo pessoal. Não há outra, aliás.

3.6.10

UM ESTADO DE COISAS SEM PONTA POR ONDE SE LHE PEGUE


Faz hoje um ano que foi "lançado" o livro da foto. Foi apresentado por José Pacheco Pereira. Uns dias depois houve eleições europeias e, poucos meses a seguir, umas legislativas. A epígrafe era - é - "Portugal, um Estado de coisas sem ponta por onde se lhe pegue". Nada do que lá consta se alterou. Portugal e o estado das coisas continuam famosamente a não ter ponta por onde se pegue nelas. Só Pacheco - quem o diria a um ano atrás! - vota agora (imagino que circunstancialmente) ao lado de parte daquilo que o livro ilustra e critica. Talvez devesse estar satisfeito com a "actualidade" dele. Mas precisamente o ele estar tão actual é que me desgosta.

Adenda: O próximo juntará alguns "apontamentos" acerca de um equívoco chamado literatura portuguesa contemporânea. Mais acentuadamente, "actual". E outros (poucos) sobre a que aprecio fora daqui.

15.5.10

O ESFORÇO

Algum idiota que tenha a triste ideia de me vir falar directamente em "esforço patriótico", leva um bom par de estalos. É o único esforço que estou disposto a fazer.

5.5.10

OS PAPÁS, O PAPA E OS OUTROS


De manhã, na rádio, um qualquer de uma "liga" de associações de pais estava preocupado com o que fazer com as criancinhas no dia 13. Calha a uma quinta-feira e como a tolerância de ponto gerou várias intolerâncias circunstanciais, o papá - que esclareceu que os papás programam as férias em função dos monstros sem pescoço que são normalmente as suas crias e em tal cirúrgica programação não "vinha" o Papa - queria saber o que fazer com os meninos. Se fosse feriado, o papá faria o que normalmente faz: "ponte". Como não é, o papá tem "um problema" e exige serviços mínimos. É este país de pulhas oportunistas que Bento XVI vem abençoar. Para quê?

Adenda: Também anda por aí uma petição "laica" a pedir qualquer coisa com aquele tom de indignação que os gorilas fazem quando lhes negam comida, paródia e sexo. Por que é que não aproveitam o dia e vão todos ao jardim zoológico visitar parte substancial da família?

27.4.10

ERASED (act.)

Houve aqui um problema qualquer que me obrigou a "confirmar" ao Google que eu sou eu e não um outro. Espero que o blogue esteja de volta e, por isso, agradeço que, desta vez, comentem. Aos amigos (não de Peniche) agradeço a chamada de atenção.

Adenda: A semana passada também "desapareceu" o "sitemeter" (esteve um dia inteiro a zeros) que me vi obrigado a repor. Mistérios da informática porventura dos EUA.

Adenda2 (de dia 28): Hoje "calhou" a vez ao Mar Salgado.

26.4.10

A "MANIF" DO "25 DE ABRIL SEMPRE"


Vista por um leitor.

«Já nem nos idosos, e pessoas adultas à altura do 25, conseguimos perceber lógica, conhecimento e lucidez quando mostrados na Télvizão a falar sobre o dito - ou então a Télvizão faz sempre uma laboriosa e exigente selecção, de modo a mostrar apenas os mentecaptos babosos. O folclore mostrado em telejornais é confrangedor: partículas de povo que se saracuteiam como macacos; carros alegóricos e chaimites cor-de-rosa (como os elefantes); velhas desdentadas envergando bonés mal-enfiados pela matéria córnia abaixo; criancinhas irrequietas e delinquentes, ou criancinhas inertes e expressão alvar; jovens porcos e chulos do pai-e-da-mãe; imbecis ociosos; pseudolíderes políticos em desfiles encenados, e que só aguardam combinada sincronização com as Télvizões para arrancar - como as espontâneas manifestações anti-crise. As festas do regime são fracas, feias, fedorentas e falsas. A liberdade um mito e o progresso uma anedota. De resto o povo continua, como dizia Eça, a "querer beber o sangue ao patronato, mas deixará logo essa ideia de lado se o patronato, em vez de abrir a veia, mandar abrir Cartaxo".»

23.4.10

«CABEÇA PARA BAIXO, RABINHO PARA O AR»


Dantes era por carta. Agora o mail electrónico torma tudo mais fácil o que nem sempre quer dizer melhor. Um amigo que, para felicidade dele, está bem longe e que vai lendo o que por aqui fica - e deste que, para vitalício azar dele, ficou -, remeteu-me prosa que, descontada a parte pessoal, merece ser post. E o "pessoal" da parte serve para nós e para quem lá vem mencionado já que não rasuro nomes a não ser que o "pessoal" da coisa seja mesmo pessoal e não um "pessoal" que decorre do notoriamente público. Quem ler, por exemplo, a correspondência editada de Jorge de Sena com os seus contemporâneos, perceberá o que quero dizer.

(...) Vou lendo o Portugal dos Pequeninos e acompanhando as tuas hortaliças. Como não estar atento a um país tão catita como o nosso, que paga ao fémur da Medeiros as suas estiradas até Paris e ao papa-figos da PT para bater punhetas ao capadócio que nos governa, esse que assina casas que parecem enchovias (...), para não falar da canzoada da oposição, do louro Coelho (porra, mas quantos Coelhos há nesse país?), dos pistoleiros do PP... Também vou lendo o Massagista Pitta, o nosso glande clítico litelálio, para me informar e por graça, e o Peixe-Cão Viegas... É tudo malta que não pode ser levada a sério, é para levar na desportiva, cantarolando e rindo: «todos os patinhos sabem bem nadar, cabeça para baixo, rabinho para o ar». Porque enrabados por enrabados, pelo menos que seja achincalhando.»
Adenda: Filipe, não seja piegas. O mal da nossa chamada literatura (e actividades comerciais adjacentes, prolongáveis em jornais, revistas, rádios e televisões) é este excesso de lamechice autocomplacente. Lá por sermos amigos deste ou daquela - mesmo até por isso - não devemos tratá-los como atrasados mentais ou criancinhas desprotegidas da sorte. A ironia e a polémica nunca fizeram mal a ninguém. Pelo contrário, à conta da "bondade", aceitamos sempre qualquer dedo enfiado onde menos se devia esperar acomodá-lo. É tempo de passarmos a ferro estes preconceitos respeitosos, atentos e veneradores e de evitar viajar em circuito fechado. Senão temos de ir buscar ao baú o poeminha da Natália Correia, destinado aos venerandos do tribunal plenário que lhe proibiram a Antologia, e relembrar que a poesia (leia-se, a blogosfera) é para comer.

28.11.09

UM PORTUGAL DE PEQUENINOS

«Os deputados são eleitos pelo povo e, em boa teoria, só o povo os pode punir e de uma única maneira - não votando neles na eleição seguinte. A liberdade é essencial ao cumprimento do seu mandato e à dignidade da sua posição soberana. Sucede que nunca ninguém respeitou os deputados portugueses. Suponho que em parte pela sua origem. Escolhidos pelo chefe ou pelo "aparelho" não devem nada, ou quase nada, a si próprios. Podem, por isso, ser tratados sem cerimónia como pessoal menor. Por outras palavras, com arrogância e com desprezo. (...) No tempo em que os frequentei, estes "pais da Pátria" tinham um grande interesse: explorar até ao fim os pequenos privilégios, que o Parlamento lhes dava: viagens (com, ou sem, o chamado "desdobramento"), faltas justificadas por uma alegação inverificável e ambígua, duplo emprego e misérias do género. Havia faltas, claro - como já não havia, por exemplo, na universidade. Mas só formalmente. Com a consumada desvergonha indígena, bastava assinar um livro, guardado por uma secretária ou um contínuo, para estabelecer a presença, em princípio obrigatória, a qualquer sessão. A seguir, cada um ia à sua vida ou, se ficava em S. Bento, ficava a fazer horas pelas bancadas, lendo ou conversando. Tudo aquilo funcionava como funcionaria uma escola secundária indisciplinada e barata. (...) Votar como lhe mandam não ofende a deputação do país. Prescindir da hipocrisia, da trapalhada e da borla não admite. A história é triste. É Portugal por uma pena.»

Vasco Pulido Valente, Público


«A quantidade de opinião no cabo não tem paralelo com qualquer período anterior da TV ou da imprensa. Há programas de comentadores generalistas, sobre economia, política, desporto, sobre tudo e nada, comentadores de notícias, de notícias sobre notícias, de decisões judiciais, de notícias sobre decisões judiciais, comentadores de comentadores, uf! As talking heads transbordaram para os generalistas: os directores da SIC, por exemplo, já comentam nos seus próprios noticiários, juntando-se aos comentadores históricos e aos recorrentes. Haver tanta opinião é excelente, se for plural, mas o excesso poderá cansar os espectadores. Noto, também, que alguns programas com jornalistas tendem, infelizmente, ou a seguir a "onda" de opinião vigente ou a voz da central de S. Bento. Tentando fugir à opinião óbvia, Mário Crespo reúne agora semanalmente três especialistas, três vozes desafinadas com o "sistema" dos bem-comportados: Medina Carreira, João Duque e Nuno Crato (Plano Inclinado, SICN, 2ª). O "sistema" no poder logo disse mal do programa: muito repetitivo - como se diversos outros programas não fossem repetições de repetições de repetições das opiniões próprias, dos colegas, camaradas, patrões, banqueiros e do poder. A repetição é inevitável a quem se expõe com regularidade no espaço público. Mas as repetições de quem está fora do sistema da "opinião habitual" não são piores do que as outras, pelo contrário, são mais raras e mais originais. O Plano Inclinado tem essa originalidade. Nesta altura, há no cabo programas de debate que ajudam a compreender melhor a realidade nacional e internacional, como Quadratura do Círculo, Plano Inclinado, Sociedade das Nações, na SICN, e, na TVI24, A Torto e a Direito e Roda Livre. Neste, Vasco Pulido Valente foi infelizmente substituído por um comentador, Pedro Adão Silva, completamente preso a posições partidárias. (...)

«Desde que o PS voltou a ficar em primeiro nas legislativas, o director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, anda mais atrevidote. Participou inopinadamente num Prós e Contras destinado a tramar o director do Expresso e o então director do PÚBLICO. Deu entrevistas falando com um autoritarismo antes escondido, semelhante ao do Governo. Numa conferência pública, co-organizada pela RTP, desceu ao mais baixo nível do insulto e de negação do debate na esfera pública democrática, chamando ao autor de uma crítica "doente" mental. Na semana passada, Carvalho inventou umas regras para os jornalistas da RTP1 seguirem em actividades da sua esfera privada, em blogues e em redes sociais, como o FaceBook ou o Twitter. As "recomendações" de Carvalho ofendem os mais básicos princípios da liberdade de expressão e das liberdades individuais em geral. Diz que os jornalistas da RTP "nunca" devem escrever on-line o que não pudessem dizer numa notícia. Quer dizer, fora das horas de serviço e em actividades individuais não poderiam opinar sobre o mundo, a vida, as pessoas. Diz também que os jornalistas devem escorraçar amigos no Facebook se isso desequilibrar o que ele, Carvalho, julga ser a "imparcialidade" nas relações humanas: um jornalista da RTP não poderia, por exemplo, apresentar no Facebook "demasiados" amigos do BE, do CDS ou doutra organização das "áreas" que Carvalho condena. As nove metediças "recomendações", divulgadas no 24 Horas (26.11), parecem-me um festival de controleirismo militante à la ex-directora regional de Educação do Norte, bem típico da era socretista. Seriam apenas ridículas se não constituíssem um enxovalho, mais um, para os jornalistas da RTP, com as sugestões de autocensura e de vigilância politicamente - socretistamente - correcta.Os jornalistas da RTP1 ouvidos pelo 24 Horas tentaram esquivar-se, ou disseram o óbvio - que o comportamento das pessoas em rede deve reger-se pelo bom senso, o que tornaria as "recomendações" inúteis -, ou concordaram, revelando tristemente já funcionarem dentro do esquema que o actual Governo sempre desejou: que se portem bem. Se não, levam. Perdem regalias ou o emprego.»

Eduardo Cintra Torres, idem