Mostrar mensagens com a etiqueta RTP. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta RTP. Mostrar todas as mensagens

3.12.11

JOSÉ MENSURADO, UM HOMEM DA TELEVISÃO PORTUGUESA


Aos 80 anos, desapareceu José Mensurado, antigo jornalista da RTP. Foi ele quem descreveu para os telespectadores portuguesas a chegada do homem (dois, se bem me lembro) à Lua. Fez muita coisa na e pela televisão pública que serviu com distinção e discrição. Hoje em dia é praticamente ao contrário. Servem-se dela e até fazem gáudio nisso.

1.12.11

ESCLARECIMENTO DE UM EQUÍVOCO

«A UNESCO tem duas classificações de património completamente distintas, a de "Património Mundial", ou "Património da Humanidade", que se aplica a bens materiais de significado universal, como o Mosteiro dos Jerónimos ou as gravuras do vale do Côa, o Taj Mahal da Índia ou a Grande Muralha da China. E a de "Património Cultural Imaterial", que se atribui a bens imateriais, dado a sua função na conservação da diversidade e o seu papel na vida das comunidades que lhe deram origem. O seu valor decorre pois, mais do que do seu significado universal, do seu enraizamento local e do seu significado comunitário. Foi nesta, e não na categoria de "Património Mundial" que - ao contrário do que reza a enganadora propaganda provinciana que a propósito tem sido difundida - o fado foi escolhido. Como o foram, e os exemplos ajudam talvez a compreender melhor a natureza do facto, as danças Sada Shin Noh (Japão), a música Mariachi do México, as artes marciais Taekkyeon da Coreia, o Mibu no Hana Taue, ritual de tratamento do arroz do Japão, a equitação francesa, o teatro de sombras chinês, o ritual poético Tsiattista de Chipre, a peregrinação ao Senhor de Qoyllurit'i do Peru, etc. Aqui fica o esclarecimento de um equívoco que, infelizmente, tem sido sobretudo alimentado por quem tinha por obrigação evitá-lo.»

Manuel Maria Carrilho

Adenda: Vou aproveitar o título do post para comentar um pedaço deste artigo de M. M. Carrilho incluído na sua primeira parte. Escreve o autor que «o serviço público de televisão não é, ao contrário do que tantas vezes se propaga, um problema de custos nem de financiamento, mas antes de visão e de estratégia. A prová-lo, está o seu custo total, que é hoje, por habitante, de 9 cêntimos por dia. É o mais baixo da União Europeia, com uma taxa – entretanto reposta, em 2006 – que é também a mais pequena.» Como o orçamento da RTP está evidenciado no Orçamento de Estado para 2012, ou seja, é público, deixo de cor duas ou três notas sobre os "9 cêntimos", título, aliás, do artigo. No ano corrente, 2011, a RTP recebeu a título de subvenção estatal, 110 milhões de euros. O OE de 2012 reduz esse valor para 90, mantém o valor da chamada cobrança para o audiovisual (2,25 € per capita/mês), assume o pagamento da dívida de médio e longo prazo da empresa (344,5 milhões de euros) e a amortização da reestruturação financeira de 2002-2003 que corresponde, ainda, a cerca de 225 milhões de euros. Quando o Governo quer reduzir os custos operacionais e financeiros da RTP para cerca de 150 a 180 milhões de euros a partir de 2013, quer com isso dizer que aqueles valores são efectivamente um "problema" no contexto geral do país e que 2012 será um ano de transição para atingir aquele objectivo. Só assim a RTP - na versão de "serviço público" cara ao autor e que é, com o devido respeito e amizade, a versão ideológica que conduziu anos a fio a RTP ao descalabro financeiro apenas atalhado depois de 2002 - se poderá manter com um módico de "visão" e de "estratégia". 9 cêntimos? Como diria o outro, é só fazer as contas.

30.9.11

GALA, A OUTRA


«A RTP1 fez no domingo mais uma "gala". Chamou-se Amigos para Sempre. Foi mais ou menos assim: num ecrã gigante passavam bocadinhos, já vistos cinco mil vezes, de artistas e actores, dos anos 50 até ao passado recente; na sala, a plateia aplaudia os artistas nestes pedacinhos; um artista ou personalidade entrava em palco e recordava maravilhosos momentos e qualidades dos artistas ou actores mostrados no ecrã gigante; a plateia aplaudia a homenagem dos presentes aos passados; as intervenções eram entremeadas e interactivadas por duas grandes figuras da RTP actual, o apresentador de concursos e talk shows José Carlos Malato e a apresentadora de talk shows e concursos Sónia Araújo; cada um elogiava o outro; houve efusões de cloreto de sódio de uma ou outra lágrima furtiva. E assim começou e assim acabou a "gala". A "gala" intentava fazer a ponte das "novas gerações" para as antigas. Grupos de jovens na plateia, coitados, fizeram de cenário humano aplaudente. O programa exibiu a concepção de cultura vigente na RTP1. Só existe quem passou pela RTP, em programas ou em filmes canónicos dos anos dourados da comédia no tempo da ditadura. O mundo cultural, popular ou não, exterior a este paradigma cultural da RTP ficou oculto. A cultura RTP1 começa em João Villaret e acaba em Mariza. Tem os seus máximos expoentes nuns cinco segundos, de uma peça de teatro de hora e meia, em que Palmira Bastos diz que morre de pé, como as árvores, noutros tantos segundos de Villaret declamando/cantando "tocam os sinos na torre da igreja", Amália num fado, Ivone Silva num quadro de revista. Não vai mais longe do que onde chega a memória mais singela de qualquer pessoa que visse televisão nas últimas décadas. Sempre o mesmo modelo de cultura popular. Veio de Itália nos anos 60 para a RTP - e o modelo RAI vinga até hoje. Trouxe-o Luís Andrade, realizador que foi mais de uma vez director de Programas da RTP1, pai de Hugo Andrade, o actual director de Programas da RTP1, pai de Serenela Andrade, apresentadora da RTP, pai de Ricardo Andrade, responsável do canal RTP Memória, e irmão de Francisco Andrade, que foi também realizador da RTP. A "gala" convocou os jovens de hoje para uma evocação sem sentido, fora de contexto e sem qualquer substância, embrulhando-a num vazio absoluto, mais Malato do que Amélia Rey Colaço, mais Sónia Araújo do que Mário Viegas. Pelo palco do Tivoli passaram, como vultos, pessoas amáveis, uma ou outra comunicando em directo com o reino dos mortos congelados por trás de si no ecrã gigante. Eunice Muñoz, percebendo a natureza profunda da "gala", disse que em breve ela mesma juntar-se-á aos homenageados evocados a preto e branco. Ela sabe que haverá uma "gala". Um dos convocados a recordar os falecidos foi António Pedro Vasconcelos, cineasta e agora ex-comentador num desses programas de "serviço público" em que falam ou gritam adeptos de três dos clubes de futebol portugueses. Vasconcelos aproveitou o momento em que recordou Milu para defender a RTP contra "a privatização", a RTP que, disse, faz "galas" maravilhosas como aquela. Dias depois, o mesmo Vasconcelos anunciou que deixava o programa Trio de Ataque (RTPN), onde altos valores de "serviço público" ao seu clube o levaram a insultar o representante de outro clube, Rui Moreira, que abandonou de imediato e ao vivo o programa. Razões que adiantou para sair? Não quer que o acusem de defender o "tacho", agora que se prepara para uma cruzada nas ruas em defesa da RTP, EP, ameaçada de "privatização". Promete, se necessário, qual Martim Moniz, lançar as suas secas carnes e altura imensa para impedir que os mouros fechem o portão da RTP! Ora, antecipando-se ao Governo, que anunciou a privatização da concessão de um canal (e não da RTP), quem faz uns ameaços de fechar a RTP1 são as audiências. A "gala" em que Vasconcelos já anunciava o seu automartírio teve um share de 14,0%, num dia que foi para a RTP1 o segundo pior do ano. Em Setembro, a RTP1 está com a menor audiência do ano. O modelo Andrade & Andrade vai de "gala" em "gala" até ao dia em que terá mesmo um grande "galo".»

Eduardo Cintra Torres, Público

28.9.11

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS, NÃO PODEMOS IGNORAR

Leio na blogosfera - e não só - coisas deliciosas sobre a RTP. Régio: «há, nos olhos meus, ironias e cansaços.» E também as leio acertadas. Enquanto contribuinte, naturalmente.

17.6.11

A MESA OU A RAZÃO DE PASSOS COELHO


«A mesa de telejornal que a RTP1 andou a passear por Portugal Continental antes das eleições custou, segundo informação que recolhi, 10.000 euros. Tal preciosidade não poderia andar em bolandas, pelo que o transporte da mobília pelo país ficou por 30.000 euros e o passeio do Telejornal terá custado por grosso aos contribuintes uns 200.000 euros. Esta mesa é, pois, uma jóia da Coroa. Deveria passar ao património nacional e expor-se num lugar condigno onde todos a pudéssemos admirar, talvez sobre o tapete defronte do trono no Palácio da Ajuda. Durante semanas, o Telejornal andou pelo país a fazer de lá o que poderia ter feito sem despesa a partir das instalações da RTP em Lisboa ou no Porto. Houve directos diários que pouco ou nada acrescentaram, pois raramente um directo acrescenta uma boa reportagem. Mas é assim a “televisão em movimento”: movimenta-se. Com o preço a que estão o gasóleo e as mesas de telejornal, esta movimentação foi um luxo a que os privados não poderiam recorrer. Graças aos recursos públicos, o operador de serviço público pode sempre concorrer com os privados. Havendo já uma rádio de fados no éter e na Internet, de nome Rádio Amália, não é que a RDP teve agora a ideia genial de fazer uma rádio de fados na Internet? Começou esta semana.»

Eduardo Cintra Torres, Público

13.6.11

POR MOTIVOS ALHEIOS À NOSSA VONTADE


Consta que, entre outras coisinhas (20 na contabilidade "recatada" do prof. Marcelo), o PSD e o CDS estão "separados" pela RTP em relação à qual Passos Coelho tem uma posição adequada. A RTP custa ao bolso dos portugueses milhões de euros/ano que servem para sustentar um emporio de propaganda e de mau "entretenimento". Há muito - se é que alguma vez foi - que a RTP deixou de ser "serviço público". Uma "política do audiovisual" devia ter isto em conta e, tendo-o, facilmente chegaria à conclusão que o "serviço público de televisão" não passa pela actual RTP. Esta, tal como está, é um sorvedouro inútil de dinheiros públicos. Para quê, pois, mantê-la a não ser por motivos famosamente alheios à nossa vontade e a uma ideia retórica de "serviço público"?

20.4.11

SOMBRAS

Há pessoas com quem dá gosto falar. Ricardo Pais é uma delas. Há pessoas com quem não dá gosto algum falar ou, sequer, assistir à fala delas com outras pessoas. A D. Fátima Campos Ferreira é uma delas. O General Ramalho Eanes, talvez por a ter tido como interlocutora, produziu uma entrevista na longa telenovela "união nacional" - que a senhora anda a promover todos os dias na RTP - que não ficará para a sua melhor história. O elogio a Sócrates, o "reformista", e a alguns dos seus inenarráveis ministros era dispensável. Como se o país precisasse de Sócrates para alguma coisa! Como se Sócrates não fosse o rosto do aperto em que estamos enfiados! A menos que alguém ainda conte com Sócrates para o elenco da referida telenovela da "união" onde tem assento, por exemplo, a família Moreira (o pai, Adriano, no "compromisso caldeirão" do Expresso, e a filha Isabel na lista de Lisboa do senhor "reformista" engenheiro). Tudo e o seu contrário é realmente possível por aqui. Temos pena. Afinal, evanescemos. Somos os novos mortos do Hades. Sombras.

4.4.11

A "NOVA" RTP


Começa a "nova" fase da RTP, o vetusto e caro serviço dito público de televisão. A "antiga" RTP, a dos drs. Alberto de Carvalho e Judite de Sousa, passou para Queluz. Ora a RTP, agora "nova", estreia-se com uma coisa nunca vista, uma entrevista em São Bento ao 1º ministro demissionário. Tal significa que a "nova" RTP leu Lampedusa. Por isso, passassem antes O Leopardo em vez do Houdini português seguido de "debate" (também "novo") com a D. Fátima e os seus convidados amestrados. É assim que se "educa" um povo. A "5ª divisão" do defunto MFA tinha a sua "dinamização cultural" espalhada por campos, vales e cidades e chegava montada numa chaimite. Sócrates revelou-se, com a complacência geral, o melhor e mais eficaz epígono dessa "tradição" revolucionária, adaptando-a à sua "esquerda moderna" neo-fascista. Só temos o que merecemos.

28.3.11

O ETERNO "AGORA"


Logo à noite, há mais um "programa especial" da D. Fátima (Prós&Prós) dedicado ao interessantíssimo tema "E agora, Portugal?". Deve ser para aí o centésimo programa com esta epígrafe. É apresentado como destinando-se a "reflectir sobre a situação do país, a partir dos contributos de intelectuais, cientistas e universitários. Nesse sentido, não haverá a habitual divisão em duas mesas, mas um painel único de dez personalidades, maioritariamente professores e cientistas." É de esperar o pior. Passa-se no âmbito do Centenário da Universidade de Lisboa e a "comunidade académica" é convidada a fazer figura de corpo presente e a encher a sala (Aula Magna). Só teria graça se a referida "comunidade", em vez da pastosa conivência com o poder representado pela empertigada Fátima, dissesse algo de diferente, em alto e bom som, em vez de ir para lá bater palminhas tolas e escutar as eminências regimentais. Mas isso equivale a pensar outra sociedade, outras elites e outra coisa distinta da reverência instintual e do temor reverencial que sempre acompanham estas manifestações simbólicas de mando de que a D. Fátima é um dos expoentes comunicacionais privilegiados. E é por isso que o "agora" da pergunta é meramente retórico. "Agora" agarrem-se ao corrimão.

15.2.11

E NÃO SE PODE EXPORTAR?


Ontem furtei-me à D. Fatinha Campos Ferreira. Preferi ler porque percebi que se preparava grossa propaganda, isto é, da mais palonça que costumeiramente brota daquela sublime cabecinha. Todavia, um leitor acompanhou o féretro até ao fim e, olhando aos antecedentes, não há motivos para duvidar da sua palavra. «A dona fatinha dos prós, está feliz e isso é que importa.É vê-la com o residente Basilio export-import, falar de sapatos e de toalhas turcas e igrejas classificadas que até os chineses compram. Quem disse que Portugal não é um País exportador? Dona Fatinha deve integrar o almanaque-futuro-próximo deste regime ao nível das senhoras do movimento nacional feminino que acreditavam no salazar. Ela é toda situação e a madame de uma casa portuguesa, com certeza. Noites de fado e paródia, as segundas-feiras da madama na televisão dos 300 milhões por ano.» Uma querida, portanto. A exportar.

11.1.11

MUSIQUINHAS

Entretanto vai havendo dinheiro para pagar coisas destas. Por falar em rtp, o que é que fizeram à Fatinha Campos Ferreira? Não tem direito ao seu "momento Judite de Sousa" nestas presidenciais? Ou ao enésimo debate sobre o "estado da nação"?

29.11.10

OLIVEIRINHAS

No programa Fatinha Campos Ferreira, Daniel Oliveira representa o regime e a sua língua de pau. Podia ser ele ou outro tagarela qualquer da "direita" (não é o caso do Miguel Morgado mesmo quando absurdamente concorda um bocadinho com o Oliveira) que o efeito era exactamente o mesmo. O medinho do FMI e o elogio às qualidades pátrias para nos safarem - até agora essas "qualidades" não nos safaram de coisa alguma - são deveras comoventes e Oliveira já merece uma "medalha Sócrates" que, aliás. poderá recolher junto da candidatura presidencial que apoia juntamente com aquele. Medina Carreira até agora não deixou de ter razão. É um catastrofista? Não me parece. Melhor catástrofe do que a em vigor não se conhece.

22.10.10

ACABAR COM UM IMENSO EQUÍVOCO SORVEDOURO


«O presidente da RTP disse no Parlamento que a RTP "dá lucros". A RTP é a empresa que custa por ano centenas de milhões de euros aos portugueses. A forma como o presidente da RTP falou e fala deste assunto é de uma total insensibilidade social e política, e até financeira, para não dizer que revela enorme falta de pudor e insulta quem paga com dificuldades os seus impostos e a factura mensal da EDP. Na hora do "orçamento mais importante dos últimos 25 anos", aqui colaboro com o Parlamento, propondo dez medidas que permitirão aumentar muito os "lucros" da RTP e melhorar o serviço público. Estas medidas também passam pelo gabinete, pelo automóvel (um Mercedes novo, dourado) e pelo vencimento do presidente da RTP, mas são muito mais amplas e de grande alcance para melhorar o serviço público e diminuir o défice orçamental.

1. Encerrar imediatamente a RTPN. O canal não faz parte do mandato de serviço público. Não é de acesso universal. Quando foi criado, já existia uma alternativa suficiente e eficaz, a SICN. Neste momento, há outra, a TVI24, bem como o canal de economia do Diário Económico. A RTPN faz-lhes concorrência desleal. E, principalmente, é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

2. Fundir a RTP Internacional e a RTP África num único canal. Como representação do Estado e exportação de Portugal, é suficiente. Haver dois canais é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

3. Fundir a RDP Internacional e a RDP África numa única estação, fechando uma delas. Como representação do Estado e exportação de Portugal, é suficiente. Haver duas estações é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

4. Encerrar imediatamente a RTP Memória. O canal não é de acesso universal e não tem utilidade informativa, pedagógica ou estética. A RTP não tem material suficiente de interesse e qualidade para um canal destes. E o que tem é mal contextualizado. A RTPM é inútil. Os conteúdos históricos podem alojar-se no site da RTP. A RTPM é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

5. Encerrar imediatamente a Antena 3. A estação faz concorrência desleal com estações privadas que existiam anteriormente. A Antena 3 é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

6. Encerrar imediatamente a RTP Açores e a RTP Madeira. As razões importantes que levaram à sua criação já não se justificam actualmente. Os madeirenses e os açorianos têm acesso aos mesmos canais que os continentais. A TV alternativa está muito mais disseminada nas ilhas do que no continente. As notícias das regiões autónomas cabem perfeitamente num programa de informação regional de âmbito nacional. A RTP Açores e a RTP Madeira são uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

7. Encerrar imediatamente a RDP Madeira e a RDP Açores. Pelas mesmas razões. A RDP Madeira e a RDP Açores são uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

8. Diminuir imediatamente o número de administradores da RTP de cinco para três. Diminuir imediatamente o número de directores de informação da RTP de seis para três e da RDP de seis para três. Fechar imediatamente "gabinetes" e "centros" da RTP, reduzindo-os de 13 para três ou quatro. Fechar pelo menos dez das cerca de 20 "direcções" da RTP e RDP. Só servem para tachos e prateleiras douradas. São uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

9. Reduzir drástica e imediatamente os gigantescos subsídios de vencimentos da administração, das direcções e de muitas "estrelas" e boys and girls nas prateleiras. Os subsídios são escandalosos e desajustados do mercado. Renegociar os contratos com as "estrelas", com os emprateleirados dourados, com a multidão de directores-gerais e subdirectores-gerais que não servem para nada ou são chefes de dois ou três "índios". Criar um tecto salarial para qualquer eventual nova contratação. Terminar imediatamente com os contratos que permitem cerca de oitenta Audi a chefes e subchefes sem que haja qualquer razão lógica ou razoável para terem carro de serviço. Proibir em absoluto o uso dos automóveis em fins-de-semana e viagens de férias, incluindo ao estrangeiro. Acabar com os "cartões frota", cartões de crédito e pagamento de telefones de casa. Não assinar mais duvidosos acordos de assessoria externos. Tudo isto é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

10. Começar de imediato a trabalhar para a criação de um bom canal de serviço público, que deverá chamar-se RTP, acabando com a RTP1 e a RTP2. A maioria da programação da RTP1 e da RTP2 é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.»


Eduardo Cintra Torres, Público

6.9.10

O REGRESSO DA D. FÁTIMA


A D. Fátima regressa esta noite, à sua querida RTP e ao seu oficioso "prós&prós", com o processo Casa Pia. Estou "proibido" por alguns leitores de escrever sobre o assunto como se houvesse uma "norma" acerca do que se pode ou não pode falar sobre ele. Vamos a ver o que é consigo dizer nas entrelinhas. Às vezes as minhas entrelinhas são bem mais violentas que as linhas.

30.7.10

QUATRO A ZERO


O artigo que se se segue é de Eduardo Cintra Torres e está hoje publicado no jornal Público. É, em certo sentido, edificante. Comprova-se que o poder - na altura absoluto, da "esquerda moderna", protagonizado em "Deus Nosso Senhor" ou o "Está em Toda a Parte" Sócrates - fez o que pôde para silenciar quem o chateava com essa coisa horrorosa que é a verdade. Depois, evidencia-se que a ERC é uma aberração que deve, à semelhança de tantas outras, ser pura e simplesmente removida (como um tumor maligno) da constituição porque, pelos vistos, nem sequer se preocupa excessivamente em a cumprir. Finalmente, lamenta-se que colegas de profissão do "réu" (recordo que Cintra Torres quase que foi obrigado, um dia, a mostrar a sua carteira profissional na tv a instâncias de um dos citados no texto, salvo erro) se tivessem prestado a actos da mais reles vassalagem e do mais cobarde temor reverencial contra jornalistas. Só prova que não têm nem respeito por eles mesmos nem tão pouco pela profissão que escolheram. E que se comportam, para se manterem à tona da "respeitabilidade", como ténias e não como homens livres que deviam ser.

«No dia 20 de Julho, o Tribunal Criminal de Lisboa absolveu-me num dos processos que a RTP e a sua Direcção de Informação me moveram por causa do artigo "Como se Faz Censura em Portugal" (PÚBLICO, 20/8/06). A sentença, que abaixo cito, é uma excelente peça a favor da liberdade e do dever de informar e criticar e um aviso aos que pretendem usar a justiça para calar a opinião livre e a investigação independente dos factos. Entre 2006 e 2007, o aparelho de Estado processou-me quatro vezes: a RTP três e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) uma. Hoje, como então, considero que se tratou de uma acção do interesse do Governo, destinada a intimidar-me e a calar-me. O Governo estava num prolongado "estado de graça" proporcionado pela opinião pública e pela opinião publicada. A imprensa incensava o primeiro-ministro como um génio de extraordinárias qualidades nacionais e internacionais. Por isso, quando analisei naquele artigo a cobertura dos incêndios no Telejornal da RTP1 de 12 de Agosto de 2006, o Governo temeu a abertura de uma pequena brecha no consenso de que beneficiava. O artigo afirmava: "As informações de que disponho indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instruções directas à RTP para se fazer censura à cobertura dos incêndios: são ordens directas do gabinete de Sócrates." Era preciso calar-me, e depressa. O presidente da ERC, José Alberto Lopes, no dia seguinte ao artigo, antes de reunir a ERC, condenou-o e condenou-me. No mesmo dia, a RTP fez um comunicado sobre o meu artigo, o que é raríssimo, se não único, anunciando um processo judicial. A imprensa dedicou páginas ao "caso Cintra Torres". Deveria ter-se dedicado à acção ilegítima do Governo nos media, mas só o veio a fazer três anos depois. E o Parlamento quatro anos depois. O processo da ERC originou a sua primeira deliberação (1-I/2006) e a Recomendação 7/2006, documentos que ficarão como página negra na história da liberdade de imprensa. Além do absurdo de dedicarem mais de 200 páginas à demolição de um artigo de opinião (prática a que nunca mais recorreram), os reguladores tomaram uma decisão que os envergonhará para sempre: declararam que o director do PÚBLICO deveria ter censurado o meu artigo. O processo da ERC visava constranger-me e ao PÚBLICO e absolver a RTP e o Governo de qualquer interferência nos canais do Estado. Quatro anos depois, aqui fica o resumo do estado em que estão os quatro processos movidos pelo Estado contra mim. Processo ERC: O Tribunal Fiscal e Administrativo, única instância que pode apreciar juridicamente as decisões da ERC, anulou em Maio a Deliberação e a Recomendação, por ausência de audição prévia dos visados (PÚBLICO e eu). A ERC recorreu da sentença. Processo incêndios n.º 1: a administração da RTP, de Almerindo Marques e Luís Marques, e a Direcção de Informação - Luís Marinho, J. Alberto Carvalho, Carlos Daniel, J. Manuel Portugal e Miguel Barroso - apresentaram queixa-crime contra mim, o PÚBLICO e o seu director por causa do referido artigo. A 1.ª instância arquivou em 2007. A RTP recorreu. A Relação achou que o caso deveria ser julgado, mas apenas contra mim. O julgamento terminou com a minha absolvição. Assiste à RTP o direito de recorrer. O juiz escreveu: "A crítica à RTP não pode ser considerada ilícita por se referir à permeabilidade à pressão governamental a que se mostra recorrente" na sua história; no artigo, exprimi "uma opinião absolutamente legítima", tanto mais que é "notório" ser "sistematicamente" referida a "governamentalização da informação da RTP"; as afirmações que escrevi não foram ofensivas e foram "justificadas", pois procurei "criticar uma cobertura jornalística e uma interferência sempre recorrente do poder governamental no serviço público" de TV; cumpri o dever de informar, e actuei "no âmbito do interesse legítimo de informar, de criticar e de ter fundamento para, em boa-fé, reputar verdadeiras as informações veiculadas". O tribunal considerou ainda "totalmente improcedente" o pedido de indemnização que a RTP e os cinco directores de Informação me exigiam, de 180 mil euros. Processo incêndios n.º 2: a RTP e os mesmos indivíduos apresentaram queixa-crime contra mim por ter reiterado o teor do artigo num programa da RTP, a convite da RTP e para debater na RTP o artigo com um membro da ERC e outro convidado. O juiz arquivou. A RTP recorreu. A Relação confirmou o arquivamento. Processo governamentalização na RTP-Porto: a RTP e J.M. Portugal apresentaram queixa-crime por ter escrito que a ida de J.M. Portugal para a RTP-Porto visava "partir a espinha" à independência de que gozava o Jornal da Tarde, feito a partir dali. O processo foi arquivado. A RTP, como sempre, usando dinheiro público e uma sociedade de advogados privada, recorreu. A Relação confirmou o arquivamento. Em resumo: todas as decisões dos tribunais foram favoráveis às liberdades de expressão, de informação e de opinião. Quatro a zero a favor da liberdade e da nossa maturidade democrática.»

9.7.10

A GOLDEN SHARE DA POLÍTICA DO ESPÍRITO


«A actual programação da RTP1 é um fluxo indistinto de nacionalismo pimba entre as 10h00 e o fim da tarde. Horas sem fim. Tenha o programa o nome que tiver, tudo é Portugal no Coração, com um discurso doentio de que nós, portugueses, somos bons, somos óptimos, somos os melhores, a nossa cozinha é a melhor, tudo nosso é o melhor do mundo, as nossas crianças, as nossas avós, os nossos desportistas, as nossas empresas, os nossos pimbas, os nossos emigrantes, as nossas aldeias, as nossas paisagens, as nossas praias, a nossa alegria, os nossos beijinhos, os nossos Jorges Gabriéis, Joões Baiões e Tânias Ribas de Oliveiras. Nestes programas, "Portugal não é um país pequeno", como no slogan salazarista. O clímax absurdo desta programação serôdia chama-se Força Portugal!, um programa de apoio "à nossa selecção" que continua no ar mais de uma semana após a eliminação da equipa portuguesa no Mundial. Como sempre, o nacionalismo serve para asfixiar os sinais de dissensão na sociedade, próprios do pluralismo e da democracia. "Tudo pela nação, nada contra a nação", epigrafou Salazar. No caso deste fluxo interminável, cujo tom se prolonga pelos noticiários, o nacionalismo visa criar uma anestesia geral na população que permita ao Governo governar como lhe apetece.»

Eduardo Cintra Torres, Público

28.6.10

OS INFREQUENTÁVEIS DO COSTUME

Lacão, personagem de categoria política média-baixa, tomou o lugar cativo de Santos Silva no programa da D. Fátima. Todavia, a D. Fátima tem o mérito de afeiçoar o seu programa ao curso dos tempos. Como os tempos são de, primeiro de proximidade entre o governo e o PSD e, a seguir, do PSD, a D. Fátima "retira" o CDS do palco e consente o PC e o Bloco. Não sendo propriamente adepto do dr. Portas, estou à vontade. Suspeito que, apesar das aparências, quem sai beneficiado é o CDS. Há gente que não se frequenta.

SCUTEIROS DO REGIME


Depois desta "breve intervenção" - que é o que estava a fazer mais falta para a resolução do candente problema das scut - o país certamente poderá começar a entreter-se com outra coisa. Com, por exemplo, episódios de House no canal Fox.

22.6.10

O SAPADOR E AS CONCORDÂNCIAS


Ângelo Correia é o Jorge Coelho (na versão betoneiro-política deste) da nova liderança do PSD , simultaneamente sapador e fiel depositário do poder por vir. Por isso, nesta matéria, deve concordar-se com Pedro Santana Lopes. «Fátima Campos Ferreira transformou aquele programa [Prós e Contras] na sala de visitas do regime. Cada vez estamos mais parecidos com a antiga RDA... Vários falam mas dizem todos a mesma coisa. Concordam, sorriem, trocam cumprimentos.»