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1.12.11

ESCLARECIMENTO DE UM EQUÍVOCO

«A UNESCO tem duas classificações de património completamente distintas, a de "Património Mundial", ou "Património da Humanidade", que se aplica a bens materiais de significado universal, como o Mosteiro dos Jerónimos ou as gravuras do vale do Côa, o Taj Mahal da Índia ou a Grande Muralha da China. E a de "Património Cultural Imaterial", que se atribui a bens imateriais, dado a sua função na conservação da diversidade e o seu papel na vida das comunidades que lhe deram origem. O seu valor decorre pois, mais do que do seu significado universal, do seu enraizamento local e do seu significado comunitário. Foi nesta, e não na categoria de "Património Mundial" que - ao contrário do que reza a enganadora propaganda provinciana que a propósito tem sido difundida - o fado foi escolhido. Como o foram, e os exemplos ajudam talvez a compreender melhor a natureza do facto, as danças Sada Shin Noh (Japão), a música Mariachi do México, as artes marciais Taekkyeon da Coreia, o Mibu no Hana Taue, ritual de tratamento do arroz do Japão, a equitação francesa, o teatro de sombras chinês, o ritual poético Tsiattista de Chipre, a peregrinação ao Senhor de Qoyllurit'i do Peru, etc. Aqui fica o esclarecimento de um equívoco que, infelizmente, tem sido sobretudo alimentado por quem tinha por obrigação evitá-lo.»

Manuel Maria Carrilho

Adenda: Vou aproveitar o título do post para comentar um pedaço deste artigo de M. M. Carrilho incluído na sua primeira parte. Escreve o autor que «o serviço público de televisão não é, ao contrário do que tantas vezes se propaga, um problema de custos nem de financiamento, mas antes de visão e de estratégia. A prová-lo, está o seu custo total, que é hoje, por habitante, de 9 cêntimos por dia. É o mais baixo da União Europeia, com uma taxa – entretanto reposta, em 2006 – que é também a mais pequena.» Como o orçamento da RTP está evidenciado no Orçamento de Estado para 2012, ou seja, é público, deixo de cor duas ou três notas sobre os "9 cêntimos", título, aliás, do artigo. No ano corrente, 2011, a RTP recebeu a título de subvenção estatal, 110 milhões de euros. O OE de 2012 reduz esse valor para 90, mantém o valor da chamada cobrança para o audiovisual (2,25 € per capita/mês), assume o pagamento da dívida de médio e longo prazo da empresa (344,5 milhões de euros) e a amortização da reestruturação financeira de 2002-2003 que corresponde, ainda, a cerca de 225 milhões de euros. Quando o Governo quer reduzir os custos operacionais e financeiros da RTP para cerca de 150 a 180 milhões de euros a partir de 2013, quer com isso dizer que aqueles valores são efectivamente um "problema" no contexto geral do país e que 2012 será um ano de transição para atingir aquele objectivo. Só assim a RTP - na versão de "serviço público" cara ao autor e que é, com o devido respeito e amizade, a versão ideológica que conduziu anos a fio a RTP ao descalabro financeiro apenas atalhado depois de 2002 - se poderá manter com um módico de "visão" e de "estratégia". 9 cêntimos? Como diria o outro, é só fazer as contas.

27.11.11

O FADO NASCEU UM DIA


De Bali, na Indonésia, chegaram imagens de António Costa - num inglês miserável - a defender o fado. Costa apoderou-se habilmente desta campanha e apareceu como grande paladino do evento (o tal país de eventos, uma canga de que não nos conseguimos livrar), juntamente com o voluntarioso Vieira Nery. Mas estas coisas têm uma "história" e um princípio. E não foi Costa que o gizou. Seis anos depois, o Pedro Santana Lopes está de parabéns.

29.7.10

PATRIMÓNIO IMATERIAL



João Belchior Viegas deu-me, em vinil, o disco que trazia este fado. Era o 1º volume de uma colectânea de fados de Amália. Não havia telemóveis e, por ter de falar com Joaquim Manuel Magalhães ao telefone enquanto o disco girava, disse-me este para reparar no poema do fado. É a segunda vez que o ponho cá. Tanta fadista pernóstica e ka(th)ias vanessas amarisadas a cantar "poesia" palermóide ou bandas rock no metro a guinchar e a lambuzar o que outrora Amália tornou definitivo quando, afinal, está tudo aqui, nestas três singelas estrofes de Luís de Macedo.

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados no meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao Deus dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama
E lá de longe me chama
Misturado nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

(letra: Luís de Macedo; fado de Joaquim Campos)